“No nascimento de Jesus já transparece em toda a sua clareza a lógica de Deus”, afirma arcebispo de Curitiba
Curitiba (Terça-Feira, 20-12-2011, Gaudium Press) Na semana do Natal, o arcebispo metropolitano de Curitiba, no Paraná, Dom Moacyr José Vitti, aborda em seu artigo o tema do nascimento de Jesus Cristo, fato que mudou a história da humanidade.
Dom Moacyr falou a respeito do nascimento de Jesus a partir de uma perspectiva histórico-geográfica |
O prelado inicia seu texto, fazendo uma ambientação histórica e geográfica do Evangelho do santo Natal. “Era o tempo no qual estava em Roma César Augusto, o grande Imperador, que tinha ampliado o seu domínio sobre o mundo inteiro, acabando com todas as guerras e estabelecendo a paz em todo o seu reino”, diz. No entanto, segundo o arcebispo, o lugar onde Jesus nasceu foi Belém, uma cidade perdida nas montanhas da Judeia.
“Com essas informações, Lucas quer dizer que esse nascimento não é um mito a ser relegado ao mundo das fábulas, mas um acontecimento inteiramente real e concreto”. O nascimento do Filho de Deus foi absolutamente igual ao de qualquer outro homem”, completa Dom Moacyr.
Para o prelado, a referência à Belém é muito importante de uma forma especial, porque os profetas tinham afirmado que o Messias, descendente de Davi, iria nascer na mesma cidade na qual tivera origem o grande rei. “Lucas então nos apresenta Jesus como o Messias esperado, anunciado pelos profetas, e por Isaías, de modo particular”, explica o arcebispo.
“Entretanto”, continua o prelado, “esse rei tem atitudes desconcertantes para alguém que supostamente seria da realeza: não nasce num palácio, mas numa gruta; não dispõe de nenhum daqueles instrumentos que os homens julgam indispensáveis para promover a transformação do mundo (o dinheiro, as armas, o domínio, as alianças com os poderosos, entre outros)”.
Outro fato surpreendente, conforme Dom Moacyr, é o sinal dado aos pastores para identificá-lo. “Não lhes é anunciado, por exemplo, encontrareis um menino envolto numa auréola de luz, com semblante de anjo, com uma coroa na cabeça, cercado por legiões celestes. Nada de tudo isso: o sinal é um menino perfeitamente normal, com uma única característica: é pobre e está no meio dos pobres. Nesse nascimento, já transparece em toda a sua clareza a lógica de Deus”, destaca.
De acordo com o arcebispo, por toda a história da humanidade e pelos dias vividos atualmente, “pode-se perceber que os homens têm certeza de que o poder do mal somente pode ser vencido usando as suas mesmas armas: o dinheiro, a mentira, a corrupção; julgam que a violência possa ser vencida somente com uma violência mais forte, que se possa dar fim a uma guerra com outra guerra, que um derramamento de sangue só possa ser evitado com outro derramamento de sangue”.
Em contrapartida a tudo isso, segundo Dom Mocayr, o evangelho da noite de Natal, revelando um Deus que escolhe a pobreza e a fraqueza, nos ensina a não acreditar na lógica da força, lógica na qual também nós somos tentados a acreditar. “A quem é anunciado esse nascimento? Quem conhece esse rei sem poder, sem trono, sem coroa, sem exército, o Messias, o esperado Filho de Davi? É justamente para os pastores e para aqueles que com eles se identificam que o Filho de Deus veio ao mundo. São eles, não os ‘justos’, mas os que esperam de Deus uma palavra de amor, de libertação e de esperança”, enfatiza o prelado.
Por fim, Dom Moacyr recorda que após crescer, Jesus continuou vivendo ao lado dessas pessoas: falou a sua mesma linguagem simples, usou as comparações, as parábolas, as figuras tomadas do seu ambiente, participou das suas alegrias, dos seus sofrimentos, esteve sempre ao lado delas contra quem quer que pretendeu marginalizá-las.
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