Capelão Maior do Congresso colombiano rebate afirmações de padre consideradas favoráveis ao aborto
Bogotá (Terça-feira, 29-11-2011, Gaudium Press) O secretário adjunto da Conferência Episcopal da Colômbia e Capelão Maior do Congresso colombiano, Padre Pedro Mercado Cepeda, emitiu recentemente um comunicado que diz respeito às recentes declarações de Padre Carlos Novoa, publicadas por diversos meios de comunicação do país. As afirmações do sacerdote jesuíta Novoa foram entendidas por diversos setores da opinião católica colombiana como justificativas para a prática aborto em alguns casos.
Confira abaixo o comunicado:
“Os vazios do Padre Novoa
Recentes declarações do Padre Carlos Novoa, sacerdote jesuíta, reproduzidas em diversos meios de comunicação, pareceriam justificar em alguns casos a despenalização do aborto, desfigurando a clara e inamovível posição da Igreja Católica sobre esta delicada matéria.
Muitos fiéis e bispos, surpresos e desconcertados, me pediram que intente precisar as “opiniões teológicas” e as “afirmações científicas” de meu apreciado colega. Com pesar, a todos tive que responder com uma negativa. Pretender “perfilar” ou “precisar” as afirmações do Padre Novoa é impossível porque nelas existem insuperáveis vazios científicos e teológicos. Em privado, com humildade, o mesmo sacerdote reconheceu estas falhas.
Padre Novoa, em primeiro lugar, descontextualiza as palavras do Beato João Paulo II no número 17 do Evangelium vitae, confundindo dois níveis de juízo muito distintos: o moral e o jurídico. No referido texto, o Papa faz referência ao drama humano que sofrem tantas mulheres – a imensa maioria – ao tomar a decisão de abortar.
A pobreza, a solidão, o abandono e a angústia são para o Papa circunstâncias terríveis que poderiam atenuar a responsabilidade moral das mesmas. Nada diz o Beato, sem dúvida, que possa ser interpretado como justificativa da despenalização parcial do aborto. Este vem condenado radicalmente, em toda circunstância, em amplos apartes do documento pontifício.
Por outra parte, o Padre Novoa parece confundir uma “intervenção cirúrgica” em caso de gravidez extrauterina” com o chamado “aborto terapêutico. No primeiro caso, se dá uma ação que a teologia moral define como de “efeito duplo”. Ou seja, uma ação em que se apresentam inseparavelmente dois efeitos: um bom e voluntariamente buscado (salvar a vida da mãe) e outro mau, não quisto, mas inevitável (a perda da vida do ser em gestação). Diferentemente do “aborto terapêutico” essa intervenção cirúrgica não tem como finalidade a supressão do ser não nascido. A morte deste se produz como um inelutável e lamentável efeito colateral.
É, pois, evidente que não é possível equiparar a valoração ética de duas ações com finalidades tão diversas. Citar o caso da gravidez extrauterina para justificar eticamente o “aborto terapêutico ” é um erro imperdoável em um “homem de ciência”. O jesuíta, espero, terá ocasião de aclarar sua opinião, corrigindo as falhas de sua argumentação. Tal ato seria para a comunidade eclesial um exemplo de humildade e de comunhão com o autêntico sentir da Igreja.
Devo confessar, com respeito, que me pareceu francamente inapropriado que o Padre Novo afirmara que como sacerdote não aceita o aborto, mas como cidadão o consideraria uma opção respeitável.
Como ele mesmo reconhece, os argumentos para rechaçar o aborto, em qualquer circunstância, não são exclusivamente de ordem religiosa: existem razões jurídicas e científicas em favor da defesa da vida humana, desde sua concepção até sua morte natural. Argumentos que, em virtude do são pluralismo, devem ser acolhidos com respeito e ser valorizados sem apaixonamentos ou preconceito de qualquer tipo.
Quero, por último, deslegitimar as infamantes críticas que o Padre Novoa lançou contra algumas figuras da vida política nacional comprometidas, desde distintos partidos e sensibilidades, com a defesa da vida. A essas pessoas, como a quem votou contra o projeto apresentado no Congresso, reitero meu pessoal apreço pelo interessante debate e pela riqueza de seus argumentos contrastantes.
Padre Pedro F. Mercado Cepeda
Secretário Adjunto da Conferência Episcopal da Colômbia. Capelão Maior do Congresso da República“
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