“Relacionar-se é ambos ou muitos olharem na mesma direção”, afirma arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre (Quarta-Feira, 16-11-2011, Gaudium Press) Em seu mais recente artigo, intitulado “O relacionamento humano”, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Dom Dadeus Grings, afirma que o ser humano se caracteriza por seu relacionamento em quatro direções: consigo mesmo, denotando sua identidade: é o que é, e se atinge pela consciência; com os outros, comunicando-se com eles de acordo com suas capacidades pela intersubjetividade; com o mundo, ao integrar a harmonia do universo e se relacionar com ele pelas ciências e pela técnica; e com Deus, como origem e fim, ou seja, como razão de seu ser, através da fé.
De acordo com o prelado, o ser humano tem conhecimento deste quádruplo relacionamento, pois pela consciência se identifica consigo e se distingue das demais criaturas; pela intersubjetividade convive com seus iguais; pelo conhecimento objetivo, proporcionado pelas ciências, atinge o mundo; e pela fé se dirige a Deus e o acolhe em seu íntimo.
Já, entre nós, explica o arcebispo, nos relacionamos de diversos modos, com os pais na qualidade de filhos; com os esposos por laços conjugais; com os filhos pela paternidade e maternidade; com os irmãos pela fraternidade; com os demais homens pela humanidade. Também o homem e a mulher se relacionam de diversos modos: não só como cônjuges, mas também como pais e mães, como filhos e filhas, como irmãos e irmãs, como amigos e amigas.
Dom Dadeus destaca ainda um terceiro campo de relacionamento a ser cultivado entre os seres humanos. “É o que os aproxima pela mesma fé. Relacionar-se não é olhar um para o outro, mas ambos ou muitos olharem na mesma direção, tendo a mesma meta. O primeiro relacionamento que emerge dali é a identidade da fé compartilhada na mesma Igreja ou Religião”.
Conforme o arcebispo, o fato de professar-se católica tira a pessoa da solidão e a relaciona intimamente com todos os que professam esta mesma fé, “não só hoje, como também no passado e no futuro”. O prelado ainda afirma que dessa pessoa (católica) “flui a consciência de pertencer ao Corpo Místico de Cristo, no qual circula a seiva da graça, penhor da vida eterna”.
“Não nos fechamos em nosso círculo de fé católica. Reconhecemos muitos irmãos que creem em Cristo. Criamos, em torno dele, uma admirável comunidade de fé. Solidarizamo-nos com todos os cristãos. Olhamos, com eles, na mesma direção, olhos fixos na meta, que é Cristo. Alegramo-nos com esta visão comum e com o testemunho de vida que compartilhamos na esperança, baseados na mesma Sagrada Escritura”, completa.
Com relação à Sagrada Escritura, Dom Dadeus ressalta que o nosso relacionamento se alarga ainda mais quando aprofundamos a palavras de Deus contidas na Bíblia, na sua primeira parte, “pois se encontra ali o povo que lhe deu origem e continua a firmar-se em seus ensinamentos, que denominamos Antigo Testamento”. Segundo o prelado, através da bíblia, podemos notar que a humanidade é mais ampla que a tradição judaico-cristã e reconhecemos “que nada de humano nos é alheio”.
“Sem perder nossa identidade, abrimo-nos aos demais povos que buscam Deus e o adoram do fundo de seu coração. Com eles fazemos uma profunda experiência da divindade, abrindo nossos olhos para ver o Invisível que para nós mostrou seu rosto em Jesus Cristo. Estamos aqui no rico diálogo interreligioso que nos leva à descoberta da transcendência”, diz.
Por fim, o arcebispo afirma que também os ateus nos ajudam na descoberta do autêntico sentido de Deus, ao questionaram nosso modo de crer. “Reconhecemos, com eles, que Deus é totalmente diferente de tudo o que possamos pensar ou imaginar. Ele é Amor, é Verdade e Vida que, em Jesus Cristo nos mostrou seu rosto”, conclui.
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