Artigo: Para que tudo mude
“Sonho com um tempo próximo no qual não exista diocese na qual não haja uma Igreja ou pelo menos uma capela onde dia e noite se adore o Amor sacramentado. O Amor deve ser amado! Em cada diocese, e melhor se também em cada cidade e povoado, devem ter mãos levantadas ao céu para implorar uma chuva de misericórdia sobre todos, próximos e distantes, e então tudo mudará”. (Los Angeles, 11 de outubro de 1011 (ACI/EWTN Notícias).
Assim se expressou recentemente nos Estados Unidos o prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Mauro Piacenza.
Que lindo anseio ao qual se une todo fiel amante da Eucaristia! Que em cada diocese, que, inclusive até em cada vilarejo, se adore dia e noite ao Senhor Sacramentado.
Monsenhor Ibarguren escreveu este artigo em San Salvador, capital de El Savador, país em que ora reside |
Indubitavelmente a Igreja não só tem vida mas como sua vida cresce sem cessas, progredindo no conhecimento, no amor e no serviço de Deus. Nos primeiríssimos tempos do cristianismo, a Eucaristia se celebrava assiduamente como se lê nos Atos dos Apóstolos (2, 42): “Eram fiéis aos ensinamentos dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e à oração”.
Durante os séculos posteriores, mais ou menos até a Idade Média, a reserva do Santíssimo tinha como objetivo principal servir de viático para enfermos e moribundos; não era comum a vigília junto ao tabernáculo. No Concílio de Trento, ao sopro da Contrarreforma, muito se explicitou e se regulamentou sobre o Santo Sacrifício da Missa e sobre o Mistério Eucarístico em geral. Este ano se cumpre 500 anos da fundação na Espanha das primeiras Irmandades Sacramentais que surgiram do zelo de Tereza Enríquez, “a Louca do sacramento”.
Muitas outras almas eucarísticas surgiram desde então. No século XIX surge a figura ímpar de São Pedro Julián Eymard, fundador de obras eucarísticas e grande propulsor da Adoração Perpétua. Hermann Kohen e Luis de Trelles fulguram na mesma onde. Mais tarde São Pio X, o Beato Manuel González e tantos outros redescobrem, adentram-se e propagam o culto a Jesus-Hostia.
Que nos diz este progressivo aprofundamento no fervor eucarístico? Trata-se do reconhecimento agradecido do maior benefício de nossa santa religião: “Deus está aí!”, como diz a canção. Como não ser sensível a esse acontecimento permanente?
Graças a Deus, nos dias que correm, a adoração eucarística espalha-se cada mais em nosso mundo. Em muitas cidades europeias como Roma, Paris ou Zaragoza, cidades de grande tradição católica, há lugares de adoração perpétua; mas isso não chega a chamar muito a atenção. Impacta, no entanto, saber que, por exemplo, somente na cidade de Chicago, Estados Unidos, mais especificamente, no centro e arredores, há nada menos que 17 igrejas onde se adora as 24 horas do dia ao Senhor exposto na custódia; sem falar das dezenas de outras paróquia ou capelas do mesmo lugar onde há adoração apenas diurna ou noturna.
Há muitas pessoas descontentes com o rumo das coisas na sociedade. Está se tornando costume que algumas pessoas, em certas cidades do mundos, saiam às ruas a manifestar sua inconformidade e a protestar; chamam-lhes “os indignados”. Costumas ser manifestações onde há violência, feridos e ate mortos. Se, em vez de fazer estas desordens que todos lamentamos, alguns “indignados” comparecessem ante o Senhor Sacramentado e lhe dissessem respeitosamente sua “indignação”, pedindo-lhe sua intervenção … outro seria o rumo da história. Se os católicos que fazem parte deste movimento dos indignados compreendessem o poder da adoração eucarística, certamente em vez de ir à rua iriam ante o Santíssimo.
Fazemos votos, junto com o Cardeal Piacenza, para que cada vez mais o Amor seja amado e assim cumprir ao pé da letra a sentença proferia por Jesus ao rechaçar a tentação do diabo. “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele dará culto (Mt. 4, 10). Realmente, como diz o purpurado, “então tudo mudaria”.
Mons. Rafael Ibarguren EP
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