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Artigo: Tartãs

 

À Escócia primitiva e seus tartáns também chegou um dia a mão civilizadora do cristianismo para dar-lhes maior expressividade a um colorido pano que associamos comumente com a distinção e o bom gosto, seja da tinta que for: McDonalds, Campbell, McAlister, McArthur etc., pois é o único tecido cujas cores e desenhos se denominavam pelo sobrenome de um clã antes que lhe chegasse a venal comercialização dos dias de hoje. Os coloridos traços geométricos deste pano falavam claramente da origem de uma casta familiar, de uma região, de suas tradições e quase sempre de suas façanhas guerreiras.

Tempos privilegiados teve o tartã, nos quais era proibido portá-lo aquele não estivesse vinculado de alguma maneira ao clã ou a instituição que o reclamava como próprio. Exibir um McGregor, por exemplo, sem pertencer a essa antiga linhagem podia ser, senão um delito, ao menos uma baixeza imperdoável. Foram os séculos XVIII e XIX em que até algumas empresas, patronatos e outras fundações desenhavam seus exclusivos panos escoceses ao mesmo tempo alegres e temperantes.

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Tartãs de origem celta? Talvez sim, mas bastou que estes panos da Escócia entrassem definitivamente em contato com a filha primogênita da Igreja no século XVII para que se polissem e inclusive adquirissem este nome que é de origem francesa. Entretanto, a Escócia é cristã desde o século V devido ao apostolado do jovem aristocrata irlandês São Colombo que viveu 34 anos entre os selvagens da fria e úmida região envolta em neblina, construindo mosteiros, convertendo chefes de clãs e polindo-lhes os modos com reconhecido êxito naquela antiga Caledônia dos romanos. E a vinculação da nobreza escocesa com a francesa data de um tempo um pouco mais anterior do que aquele em que viveu Maria Estuardo, filha de uma mãe católica da estirpe dos Guisa.

O tartã levado à cintura e cruzado sobre o peito já era um símbolo de resistência aos ingleses desde os tempos de Wallace e Bruce. Nas guerras dos Estuardo contra os Hannover, os tartãs quase que eram as bandeiras.

A cristianização dos clãs foi precisamente o toque civilizador, que de rústicos e sanguinários passaram a respeitar-se socialmente, entre outras razões, pela identificação com um tipo de tecido que hoje conhecemos como tecido ou pano escocês. Com cada pano vem um lema ou grito de guerra, um tipo de fivela ou prendedor para ajustar bem o pano ao ombro. A passagem do tempo foi dando um refinamento que adicionou à indumentária um lanoso gorro característico com sua respectiva borla colorida, meias grossas com as coloridas cintas dos clãs; tudo para melhorar o aspecto do rústico camponês com seu tradicional kilt das altas terras que hoje em dia é complementada pela famosa gaita nos regimentos highlanders do exército de sua majestade: duros escoceses que exibem – por direito próprio – o alto gorro negro de pele de urso arrebatado em conflito franco em Waterloo junto às tropas de Bonaparte.

Texto original: Antonio Borda

 

 

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