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Beatificação na Bósnia: exemplos da renúncia e devoção de cinco irmãs católicas

Sarajevo (Sexta-feira, 14-10-2011, Gaudium Press) No último 24 de setembro, cinco religiosas da Divina Caridade foram beatificadas em Vrhbosna, uma província de Sarajevo, a capital da Bósnia Herzegóvina. A cerimônia foi presidida pelo cardeal Angelo Amato, SDB, que representou o Papa Bento XVI. Conhecidas como as “mártires do Drina”, rio da região dos Bálcãs, foram assassinadas pelas milícias nacionalistas da Sérvia durante a Segunda Guerra Mundial.

Jula Ivanisevic, croata, era freira de uma comunidade situada em Pale (Bósnia); Krizina Bojanc e Antonija Fabjan nasceram na Eslovênia; a mais velha do grupo era a austríaca Berchmana Leidenix, de 76 anos; e, por fim, Bernadeta Banja, húngara, de 29 anos, a mais jovem.

“Nossas mártires do Drina mostraram com suas vidas como amar a Deus e aos outros é permanecer fiéis a Ele por meio do sacrifício das nossas próprias vidas, especialmente na vivência de nossos votos tal como prometemos”, afirmou, ao ter ciência da notícia da beatificação das religiosas, a superiora geral da Congregação das Filhas da Divina Caridade (FDC), Lucyna Mroczek, em dezembro do ano passado.

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Dom Angelo Amato, que representou Bento XVI nesta cerimônia de beatificação

Vida e morte
As cinco irmãs residiam em Pale, localidade a sudoeste de Sarajevo. Em 1911, abriram um convento chamado “Casa de Maria”, no qual se dedicavam aos cuidados dos doentes e na alimentação das crianças órfãs da “Casa da Criança”, um orfanato pertencente ao Estado. Também alguns pobres e mendigos eram auxiliados pelas irmãs, que forneciam remédios especialmente àqueles que vinham da montanha de Romanija, região da capital bósnia.

Já em 1941, depois da rendição da Iugoslávia aos nazistas, o exército da milícia chetnik queria expulsar todos os grupos minoritários do território, inclusive os religiosos. A ideia deles era a de criar um grande estado sérvio. Apesar de muitos aconselharem as freiras a fugirem para um lugar seguro, elas preferiram rejeitar a proposta. Alegavam não terem feito nada de ruim aos soldados, ao contrário, apenas lhes fizeram o bem, sem levar em consideração o credo ou a nacionalidade deles. As irmãs definitivamente insistiram em ficar na cidade, inclusive para apoiar a população local nesse momento difícil, no auge da Segunda Guerra Mundial.

Em uma manhã de nevasca, mais precisamente em 11 de dezembro de 1941, os chetniks cercaram a Casa de Maria. Dentro do convento, estavam apenas quatro das cinco irmãs que lá viviam e também o sacerdote católico Franc Ksaver Meško. A irmã Jula fazia compras no momento da invasão.

Antonija, a primeira vítima, leva um tiro. Jula, ao voltar, percebe o que estava acontecendo e apesar do perigo, decide entrar e se juntar às outras irmãs. Sob ameaça da mira de revólveres dos oficiais, as irmãs foram obrigadas a deixar a casa e a cidade, exceto a irmã Berchmana, que, por sua idade (76 anos), foi separada do grupo. Debaixo de um frio intenso, as irmãs tiveram que caminhar durante quatro dias e quatro noites até Gorazde, passando pelas montanhas de Romanija.

Em 15 de dezembro de 1941, chegaram ao destino. Acompanhadas dos soldados, foram instigadas a renunciar seus votos religiosos feitos a Deus. Isso ela negaram fazer. Foi então que os milicianos decidem deixá-las sozinhas afim de que repensassem a decisão que tiveram.

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As cinco irmãs mártires que foram beatificadas

Pouco depois, bêbados, retornam com a intenção de estuprá-las, rasgam suas roupas agredindo-as violentamente. Clamando “Jesus, salva-nos!”, as irmãs conseguiram soltar-se dos braços dos agressores e jogarem-se pelas janelas.

Os chetniks correram até a frente do quartel e perceberam que elas ainda estavam vivas, mas muito machucadas. A partir daí, começaram a esfaqueá-las, uma a uma, até que morressem. Os corpos das vítimas foram lançados no rio Drina.

A irmã sobrevivente Berchmana, entretanto, permaneceu em Sjetlina cerca de dez dias até lhe concederem a liberdade. Sem saber do que havia acontecido, segue de carro com alguns aldeões até Gorazde. Ao ser vista pelos chetniks com o terço no pescoço, foi assassinada. Era o dia 23 de dezembro de 1941.

“Neste ano, a alegria do nascimento de Cristo se mistura com a ansiedade pelas notícias sobre nossas irmãs desaparecidas”, escrevia a superiora geral das irmãs da Divina Caridade, Lujza Reif, antes mesmo de saber do assassinato das religiosas.

Em 13 de fevereiro de 1942, chega um informe militar do posto de comando de Vojna Krajina. O teor do texto dá conta oficialmente da morte delas.

“As irmãs deram exemplo de perseverança e fidelidade. Por sua morte, a Igreja Católica se enriquece com cinco virgens mártires, e a Congregação das Filhas da Divina Caridade se enriquece com cinco intercessoras no céu.” (DG).

Com informações da agência internacional Zenit.

 

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