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“Os cristãos no Oriente Médio não apoiam os regimes ditatoriais", afirma arcebispo latino de Bagdá

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Dom Sleiman apontou a dramática cifra de 100 mil coptas cristãos em fuga do Egito

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 13-10-2011, Gaudium Press) “Os cristãos no Oriente Médio não apoiam os regimes ditatoriais, pelo contrário. Exprimem somente o medo e a preocupação que de regimes ideológicos como aqueles atuais se possa passar àqueles religiosos e fundamentalistas”, afirmou à agência de notícias da Conferência Episcopal Italiana, “Sir”, o arcebispo latino de Bagdá, Dom Jean Sleiman, durante a Conferência dos Bispos Latinos das regiões árabes (Celra) que se concluiu hoje no Vaticano.

“Fala-se de primavera árabe, enquanto essas revoltas não são necessariamente primaveras. Nós pedimos, queremos o respeito dos direitos, da dignidade, temos o mesmo desejo dos outros de viver em países livres, mas também o medo de outras ditaduras perigosas, como as religiosas”. Em sua palestra, Dom Sleiman também recusou as acusações feitas aos cristãos de estarem próximos aos regimes ao poder. “Não é verdade”, disse. “Um dos principais opositores de Assad na Síria é um cristão, e os cristãos reivindicam pacificamente um Estado leigo”, declarou em seguida o prelado.

Além da violência, uma outra preocupação indicada pelo arcebispo foi a a “dramática cifra” de 100 mil coptas cristãos em fuga do Egito. “Sabemos deste êxodo, mesmo que o número não seja confirmado. Infelizmente muitos percebem a dramaticidade do problema somente quando ficam vítimas no chão. Os cristãos sentem a gravidade desses tempos e preferem ir embora. Somos uma minoria, quem pode ouvir nossos apelos? Todavia, não devemos perder a esperança e continuar a nossa vida nas nossas terras”, acrescentou.

Para Dom Sleiman, a situação só melhorará no Oriente Médio quando for encontrada uma solução justa e duradoura para o conflito entre israelenses e palestinos, que não significa que o “pedido à ONU por parte da Palestina por um Estado não prejudique a possibilidade de paz que deve ser buscada, de qualquer maneira, por negociação”, explicou.

Em razão da cerimônia de encerramento da Celra o Santo Padre recebeu hoje pela manhã, em audiência privada, o patriarca de Jerusalém dos Latinos, Fouad Twal. “Sou muito grato que o Santo Padre dê sempre importância à Terra Santa e queira a paz em todo o Oriente Médio. (…) O encontro de hoje foi muito paterno: o Santo Padre tem este grande dom de escutar. Escuta nossos gritos: gritos para que haja mais justiça, mais paz, uma vida normal”, disse o patriarca em uma entrevista concedida à Radio Vaticana.

Fouad Twal também expressou as próprias preocupações pela direção na qual se desenvolve “a primavera árabe”: “Estes eventos, esta “primavera árabe”, para mim é como um semáforo, que antes estava sempre vermelho – ninguém podia atravessar e ninguém podia abrir a boca – e agora está sempre verde: todos se manifestam, mas não sabemos onde isso nos levará. Há depois elementos externos que entram no jogo, talvez para arruinar estas nossas esperanças. Eu continuo a ser otimista e a não ter medo, porque nós cristãos somos parte integrante do povo, no bem e no mal”, concluiu.

A reunião da Celra foi aberta no Vaticano na última terça-feira, 11 de outubro. (AA).

 

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