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Artigo: O vendedor de conselhos

 

A memória é a capacidade que tem o ser humano de evocar recordações vividas. Isso me ocorreu quando, numa conversa com um amigo de longa data, fugi um pouco do contexto de nosso assunto e comecei a relembrar algo sobre o tema que tratávamos.

Lembrei-me da entrada da pequena cidade de Genazzano, que leva esse nome por causa de um milagre ocorrido no século XV. Um afresco destacou-se da parede de uma igreja na Albânia, atravessou o mar Adriático, acompanhado por dois soldados que andavam sobre as águas, como fez São Pedro, até Roma. E lá está a linda imagem da Virgem com seu Divino Menino, invocada como a Mãe do Bom Conselho.

Aconselhar é um dom do Espírito Santo: o dom do conselho. É a luz Divina que ilumina nossa consciência e aperfeiçoa a virtude da prudência, e assim, nos leva a evitar o erro e a amar o bem.

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Ícone de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano

Nós também podemos fazer bem a terceiros, quando temos a palavra certa, na hora certa…

Voltei a pegar o fio da conversa. Aliás, a divagação da memória tinha relação com esse fato.

Meu amigo continuava narrando-me um episódio ocorrido com ele naquele dia.

Ele havia deixado uma clínica onde fora fazer um exame de sangue. E como é natural, depois de um longo jejum exigido pelas regras médicas, dirigiu-se a uma lanchonete para comer alguma coisa. Estava saboreando seu sanduíche, quando dois jovens abordaram-no pedindo ajuda.

Agora, não! Respondeu. Os rapazes afastaram-se e na esperança de conseguir algo. Esperaram um pouco e na saída, novamente insistiram:

– O senhor pode dar-nos algo, algum dinheiro?

– Não! Não dou nada, só vendo! Respondeu meu amigo.

– Vende? Mas vende o quê? Perguntou um deles.

– Vendo conselhos!

– E quanto custa? Indagou o mais esperto e intuitivo.

– Vinte centavos!

O jovem, então, procurou em seu bolso uma moeda e entregou a meu conhecido. Dizendo:

Eu quero um conselho!

Foi aí que meu amigo disse:

– Eu não possuo nada! Tudo que tenho vem de Deus. Quando necessitarem de algo, peçam sempre a Ele!

Boquiabertos com a resposta olhavam ao meu amigo que lhes disse:

– Vamos lá! Entrando novamente na confeitaria comprou-lhes dois saborosos lanches.

Pensei com os meus botões: isso sim que é opção preferencial pelo social, mas passando antes pelo espiritual.

Tenho certeza que eles ganharam muito mais com a lição do “meu vendedor de conselhos”, do que se tivessem apenas saboreado os lanches…

Lucas Miguel Lihue

 

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