“Quanto mais marginalizada a pessoa do sacerdote, mais importante ele se torna”, afirma o Cardeal Piacenza
Cidade do Vaticano (Terça-feira 04-10-2011, Gaudium Press) “Num mundo caracterizado pela instabilidade na família, no ambiente do trabalho, nos vários grupos sociais e profissionais, nas escolas e instituições, os sacerdotes são chamados a dar testemunho de estabilidade e maturidade”, afirmou o prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Mauro Piacenza, em um encontro que teve ontem com os sacerdotes da Arquidiocese de Los Angeles, Estados Unidos.
Na ocasião, o purpurado falou sobre o tema “O sacerdote, no século XXI”, abordando com mais ênfase o assunto relacionado à identidade do sacerdote, que hoje pode enfrentar questionamentos de pessoas que o consideram como um “marciano”, um “estraterrestre” ou um “fóssil”.
Para o purpurado, na cultura contemporânea, o que mais afeta é o pesado silêncio sobre Deus |
O cardeal observou que “a secularização, o gnosticismo, o ateísmo nas suas várias formas, estão reduzindo cada vez mais o espaço do sagrado e sugando o sangue do conteúdo da mensagem cristã. Os homens das técnicas e do bem-estar, as pessoas que se caracterizam pela febre do aparecer, sentem uma extrema pobreza espiritual. Eles são vítimas de uma angústia existencial grave e se revelam incapazes de resolver os problemas básicos da vida espiritual, da vida familiar e social. “
Conforme o purpurado, na cultura contemporânea, aquilo que mais afeta é um pesado silêncio sobre Deus. “Deus é afastado completamente do homem, que se converte em criador do bem e do mal e, em consequencia disso, nossa realidade cai em confusão, desordem e anarquia”, afirmou.
“Neste contexto, a vida e o ministério do sacerdote se torna de fundamental importância e de urgente atualidade. Quanto mais ele é marginalizado, mais ele é importante; quanto mais ele é considerado ultrapassado, mais ele é atual”, porque “o verdadeiro campo de batalha da Igreja é o panorama secreto do espírito humano”, explicou
Segundo Dom Piacenza, o sacerdote deve proclamar ao mundo a mensagem eterna de Cristo “em sua pureza e radicalidade”, e “não deve ceder ao conformismo e aos compromissos da sociedade”. O cardeal recordou que na história a Igreja enfrentou vários ataques. Assim, “diante de um mundo anêmico de oração, o sacerdote é, em primeiro lugar, o homem da oração, da adoração, da celebração dos santos mistérios. Diante de um mundo inundado com mensagens consumistas, pansexualistas, atacado pelo erro, apresentado nos aspéctos mais sedutores, o sacerdote deve falar de Deus e das realidades eternas e para poder fazer-se acreditado deve ser um crente apaixonado, e deve assim estar ‘limpo'”, asseverou.
O prefeito da Congregação para o Clero encerrou seu discurso com uma definição do sacerdote para nossos dias: “O sacerdote contemporâneo deve ser pequeno e grande, nobre de espírito como um rei, simples e natural como um agricultor. Um heroi na conquista de si mesmo, o soberano de seus desejos, um servo para os pequenos e débeis: que não abaixa diante dos poderosos, porém, que se curva diante dos pobres e pequenos, um discípulo de seu Senhor e cabeça de seu rebanho. Não há presente mais precioso que possa ser dado a uma comunidade que um sacerdote segundo o Coração de Cristo. A esperança do mundo é a de poder contar, também para o futuro, com o amor de um coração sacerdotal límpido, forte e compassivo, livre e amável, generoso e fiel”. (AA).
Deixe seu comentário