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Papa em San Marino: “Apesar do pecado, do mal e do egoísmo, Deus demonstra amar o mundo"

Serravalle (Segunda-feira, 20-06-2011, Gaudium Press) O Papa Bento XVI realizou neste domingo sua tão aguardada visita à diocese de San Marino-Montefeltro – uma diocese particular, porque em suas circunstâncias eclesiais compreende dois países, a República de San Marino e o território italiano. Esta é a segunda visita de um pontífice ao país, após a de João Paulo II, pela qual os fiéis locais se prepararam com uma peregrinação de uma imagem de Nossa Senhora.

O Papa chegou a San Marino às 9h30 locais, no heliporto de Torraccia. Logo em seguida, após uma breve cerimônia de boas-vindas no local, dirigiu-se ao estádio de Serravalle onde foi recebido pelo repicar de sinos e pelo aplauso de mais de 22 mil fiéis, no estádio e em torno dele, que assistiram à missa ao vivo pelos telões.

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Na homilia do Papa, não faltaram as alusões à difícil situação econômica e aos desafios atuais da República de San Marino

As ruas do percurso do carro do Papa foram decoradas com bandeiras do Vaticano e de San Marino, e grandes posteres da visita foram dispostos pela cidade. O afeto ao Papa foi demonstrado também pelas paróquias de San Marino, que penduraram grandes cartazes com mensagens de fé – como no da paróquia de Borgo Maggiore, “O nosso coração exulta”, ou da comunidade cristã da “Mãe da Consolação”, “Bento XVI confirma nossa fé”. Também não faltaram mensagens de felicitações pelo aniversário de sacerdócio do Papa: “Ao Santo Padre Bento XVI, parabéns pelos 60 anos de oração”, dizia um cartaz no percurso da rua principal.

No estádio de Serravalle, o Papa foi recebido por um bonito sol, céu azul e uma leve brisa, diferentemente deste sábado, quando ventou muito, o que causou a queda de algumas barreiras preparadas no centro histórico e colocou em risco o desenrolar da visita pontifícia.

Mas San Marino se preparou com o coração para o evento. Para os peregrinos foram dados bonés e xales com a logomarca da visita, livretos para a missa e uma garrafa de água da visita.

Em seu discurso aos fiéis no estádio local, Bento XVI falou sobre a misericórdia e a transcendência do amor divino. “No mundo há o mal, há o egoísmo, há maldade, e Deus poderia vir para julgar, para destruir o mal, para castigar aqueles que operam nas trevas. Ao invés disso, Ele demonstra amar o mundo, amar o homem, apesar de seu pecado”, afirmou Bento XVI, encorajando os cidadãos da menor república do mundo a desenvolver “sua preciosa herança”.

“Também aqui não faltam dificuldades, problemas e preocupações”, continuou o Santo Padre em sua homilia, acrescentando palavras de esperança e de encorajamento para que os cristãos “perseverem no testemunho dos valores humanos e cristãos, tão profundamente radicados na fé e na história deste território e de sua população”. Uma esperança que os próprios cidadãos nutriam com esta visita do Papa, vendo nela um estímulo para a própria vida cotidiana.

Na homilia do Papa, não faltaram as alusões à difícil situação econômica e aos desafios atuais da República e da região, mas Bento XVI quis recordar principalmente a importância da custódia da longa história do país, desde o início profundamente cristão. “Caros samarineses, foi e é a fé. Esta fé criou uma civilização verdadeiramente única”, afirmou.

Os personagens que fundaram a primeira comunidade cristã no território da atual diocese de San Marino – Montefeltro foram dois santos do século III, Marino e Leão. E agora a Igreja Católica deve “confrontar-se com profundas e rápidas transformações culturais, sociais, econômicas e políticas que determinaram novas orientações e modificaram mentalidades, costumes e sensibilidades” e que trazem também dificuldades e obstáculos, principalmente com os “modelos hedonísticos que obscurecem a mente e correm o risco de anular qualquer moralidade”.

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A missa em Serravalle terminou com a recitação mariana do Ângelus

“Insinuou-se – continuou o Santo Padre – a tentação de achar que a riqueza do homem não seja a fé, mas seu poder pessoal e social, a sua inteligência, a sua cultura e a sua capacidade de manipulação científica, tecnológica e social da realidade. Assim, também nestas terras, iniciou-se a substituir a fé e os valores cristãos por supostas riquezas, que se revelam, por fim, inconsistentes e incapazes de manter a grande promessa do verdadeiro, do bem, do belo e do justo que por séculos os seus antepassados identificaram com a experiência da fé.”

A missa em Serravalle terminou com a recitação mariana do Ângelus. Na ocasião, o Papa aludiu a alguns eventos, como a beatificação de irmã Marguerite Rutan, uma filha de caridade de Dax, na França, “condenada a morte pela sua fé católica e pela sua fidelidade à Igreja”. Bento XVI lembrou também que hoje é comemorada a Jornada Mundial do Refugiado. Sobre este assunto, por ocasião do 60° aniversário de adoção da Convenção Internacional, o pontífice pediu às autoridades civis que “garantam o acolhimento e dignas condições de vida aos refugiados, na espera que possam retornar à pátria livremente e em segurança”.

República de San Marino

A Sereníssima República de San Marino é o nome oficial de um dos menores países do mundo e um dos poucos países enclave (está situado dentro do território italiano). Fundada por San Marino no século III, graças ao tratado de 1862 é reconhecida oficialmente como Estado Soberano. Hoje habitada por uma população de 32 mil pessoas, é dividida em nove Castelos. Em 7 de julho de 2008, o Monte Titano e o centro histórico de San Marino foram inseridos na lista da Unesco de Patrimônio da Humanidade.

O Chefe de Estado samarinês na verdade são dois. Os dois Capitães Regentes eleitos por voto secreto pela maioria dos Conselheiros votantes. O Governo é composto pelo Conselho Grande e Geral, chamado também Conselho dos Sessenta devido ao número de seus componentes, e pelo Congresso de Estado. O Conselho Grande e Geral é o órgão legislativo eleito a cada 5 anos, enquanto o Congresso tem função executiva. A República de San Marino goza, como a Suíça, de neutralidade, é membro do Conselho da Europa, da ONU, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Com a União Europeia, tem relações oficiais.

Anna Artymiak

 

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