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Bento XVI na Croácia: “A Igreja deve ser a consciência moral da sociedade”, diz o Papa na Catedral de Zagreb

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 06-06-2011, Gaudium Press) A figura do beato Alojzije Stepinac, “intrépido pastor” croata e “exemplo de zelo apostólico e de firmeza cristã” nos tempos dos regimes nazista e comunista, esteve no centro da homilia de Bento XVI na cerimônia das Vésperas na Catedral de Zagreb, celebrada neste domingo com bispos, sacerdotes, consagrados, seminaristas, noviços e noviças, e que encerrou sua viagem à Croácia.

O Santo Padre convidou a Igreja Católica do país “a estar unida para enfrentar os desafios do contexto social em mudança, individuando com audácia missionária novos caminhos de evangelização especialmente ao serviço das jovens gerações”.

O beato Alojzije Stepinac, um mártir do período comunista, mesmo que não tenha morrido diretamente pelas forças opressoras, mas em consequência de doenças, foi proclamado mártir. Seus méritos e a sua força, ressaltou o Papa “brotam essencialmente da sua fé”, no olhar fixo em Jesus Cristo.

“Graças precisamente à sua firme consciência cristã – continuou o Santo Padre – soube resistir a todo o totalitarismo, tornando-se defensor dos judeus, dos ortodoxos e de todos os perseguidos no tempo da ditadura nazista e fascista e depois, no período do comunismo, um “advogado” dos seus fiéis, especialmente dos numerosos sacerdotes perseguidos e assassinados. Graças a seu exemplo, e a tantos outros sacerdotes, religiosos e religiosas que nunca traíram a própria fé, a esperança e a caridade, disse o Papa, os católicos crotas permaneceram unidos e fiéis à Igreja.

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As Vésperas na Catedral de Zagreb foram concluídas pelo Papa com uma
oração pessoal diante do túmulo do beato Alojzije Stepinac.

Hoje, “(a Igreja) deve responder às diversas mediocridades nas questões de fé com um claro ensinamento moral, para tornar-se a consciência moral da sociedade”, afirmou o Santo Padre, referindo-se às palavras do beato mártir: “Ou somos católicos ou não o somos. Se o somos, é preciso que isto se manifeste em cada âmbito da nossa vida”.

“A doutrina moral da Igreja – continuou o pontífice – atualmente frequentemente incompreendida, não se pode desvincular do Evangelho”. Os pastores são chamados a ajudar os fiéis a avaliar as suas responsabilidades pessoais, a harmonia entre as suas decisões e as exigências da fé na construção de “uma reviravolta cultural necessária para promover uma cultura da vida e uma sociedade à medida do homem”. As palavras do Papa foram recebidas com um longo aplauso pelos presentes.

As Vésperas na Catedral de Zagreb foram concluídas pelo Papa com uma oração pessoal diante do túmulo do beato Alojzije Stepinac. O encontro com o clero e com os religiosos foi a última etapa da viagem de Bento XVI à Croácia. A cerimônia de despedida prevista para as 19h15 no aeroporto internacional “Pleso” de Zagreb foi anulada por causa do mau tempo. O Santo Padre trocou cumprimentos com o presidente dentro do aeroporto, entregando-lhe o texto do discurso que deveria proferir.

Biografia do beato Alojzije Stepinac

Alojzije Stepina nasceu em Brezaric, na paróquia de Krasic (diocese de Zagreb) no dia 8 de maio de 1898. Descobriu sua vocação sacerdotal com 26 anos e começou os estudos no Colégio Germânico-Húngaro e na Universidade Gregoriana, formando-se em Filosofia em 1927 e Teologia em 1931.

Ordenado sacerdote em 26 de outubro de 1930, celebrou a sua primeira missa na Basílica de Santa Maria Maior. Em 1931, voltou à Croácia e assumiu cargos na Cúria. Em 29 de maio de 1934 o Papa Pio XI o nomeou, com 36 anos apenas, bispo coadjutor com direito de sucessão do arcebispo de Zagreb. Como outros bispos e padres, se opôs ao regime comunista, e por isso acabou sendo preso em 1945.

Libertado depois de um mês, foi preso novamente pela sua proposta de acordo entre a Igreja e o Estado. Em 11 de outubro, o arcebispo foi condenado a 16 anos de trabalhos forçados e à perda dos direitos civis. De 1946 a 1951 permanece preso em completo isolamento na prisão de Lepoglava, onde lhe é permitido somente celebrar a missa e a ler livros religiosos.

Em 12 de janeiro de 1953, o Papa Pio XII o faz cardeal, deplorando publicamente o regime que o impedia de ir à Roma para a cerimônia. O governo então reage com o rompimento das relações com a Santa Sé. A partir de 1953, em consequência do tempo passado na prisão de Lepoglava, o cardeal Stepina começa a ter sérios problemas de saúde.

O puupurado faleceu em 10 de fevereiro de 1960 rezando pelos seus perseguidores. Com uma permissão especial do governo, em 13 de fevereiro de 1960 é solenemente celebrado seu funeral, na Catedral de Zagreb, com todo o episcopado iugoslavo e o clero presentes e, desde então, iniciou-se uma peregrinação ininterrupta a seu túmulo na catedral, com numerosas graças sendo atribuídas à sua intercessão.

O processo para sua beatificação foi iniciado em Roma no dia 9 de outubro de 1981, e concluiu-se com a beatificação celebrada por João Paulo II em 3 de outubro de 1998, no Santuário de Marija Bistrica de Zagreb.

 

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