Bento XVI na Croácia: “A Europa precisa de consciência cristã”, afirma o pontífice
Papa discursa no aeroporto de Zagreb ao lado presidente da Croácia, Ivo Josipovic |
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 06-06-2011, Gaudium Press) Com a sua viagem à Croácia neste fim de semana – a primeira viagem internacional de 2011 -, o Papa Bento XVI, por ocasião da primeira Jornada Nacional das Famílias Católicas Croatas, quis, manifestamente, recordar todo continente sobre os seus valores fundamentais, construídos sobre as raízes cristãs. Segundo o pontífice, em entrevista aos jornalistas que o acompanhavam no voo de Roma a Zagreb, a Europa precisa dessa “consciência cristã” para construir uma sociedade cada vez mais justa, e esta é a contribuição que a Igreja quer dar no âmbito da política e da economia.
Já no telegrama enviado a bordo do avião ao presidente italiano Giorgio Napolitano, o pontífice disse esperar que a Europa continue a reconhecer “o instituto familiar como célula fundamental da sociedade, sustentando-o com adequadas intervenções”. Na breve conversa com os jornalistas, o Santo Padre afirmou que toda o continente é chamado a encontrar a unidade de sua riqueza e diversidade das próprias culturas “contra um certo racionalismo” e o muito forte “burocratismo centralista”.
A capital Zagreb se organizou com a máxima segurança para a ocasião visita, com 4 mil policiais e 300 soldados para garantir a segurança do Papa e do staff pontifício. E o tema das raízes cristãs e do papel da religião voltou ao discurso do pontífice na cerimônia de boas vindas no aeroporto internacional de Zagreb, ao chegar no sábado pela manhã, e no encontro com expoentes da sociedade civil, do mundo político, acadêmico, cultural e empresarial, com o Corpo Diplomático e com os líderes religiosos.
No aeroporto, Bento XVI destacou que hoje os desafios são “diferenciação social”, “pouca estabilidade” e “um individualismo que favorece uma visão da vida sem obrigações e a busca contínua de “espaços do privado””. O Papa exortou a Croácia a ajudar o Velho Continente a “conservar e a reavivar o inestimável patrimônio comum de valores humanos e cristãos” para a sua independência.
À noite, o encontro foi com expoentes da sociedade civil, do mundo político, acadêmico, cultural e empresarial, com o Corpo Diplomático e com os líderes religiosos. No Teatro Nacional croata de Zagreb, o Santo Padre falou sobre o papel da religião na sociedade ressaltando a necessidade da consciência na convivência social.
A religião “não é uma realidade aparte à sociedade: pelo contrário, é uma componente conatural sua”. A vida social precisa da consciência para construir “uma sociedade livre e justa, seja em nível nacional ou supranacional”, discursou Bento XVI. Nas sociedades de hoje, continuou o pontífice, “as grandes conquistas da idade moderna, ou seja, o reconhecimento e a garantia da liberdade de consciência, dos direitos humanos, da liberdade da ciência e, consequentemente, de uma sociedade livre, têm que ser confirmadas e desenvolvidas” com uma consciência baseada no “fundamento transcendente”.
A consciência é o ponto “crítico” da qualidade da vida social e civil, assim como da democracia. Por isto, advertiu o Santo Padre, se a consciência “é reduzida ao âmbito da subjetividade, para o qual se relegam a religião e a moral, a crise do Ocidente não tem remédio e a Europa está destinada à involução”. Por sua vez, onde a consciência é respeitada como a verdade e o bem, “há esperança para o futuro”.
Multidão de fiéis croatas sauda Bento XVI durante percurso no papamóvel pelas avenidas de Zagreb |
Segundo Bento XVI, a Europa precisa da unidade que é “típica da cultura católica”, como confirmam as grandes figuras da Igreja Católica que contribuíram à cultura e à ciência, como o grande cientista croata e jesuíta, Padre Ruder Josip Boskovic. Na Croácia, o ano de 2011 é celebrado como o ano Boskovic por ocasião do 300º aniversário de seu nascimento. Ele foi físico, astrônomo, matemático, filósofo e diplomata. Inventou o telescópio acromático e foi precursor do atomismo moderno, além de ter concluído a Cúpula da Basílica de São Pedro no Vaticano e a torre central da Catedral de Milão.
Bento XVI já conhecia a Croácia, onde esteve diversas vezes quando era Cardeal. A primeira vez foi, como disse aos jornalistas durante o voo, para o funeral do Cardeal Seper, seu predecessor na Congregação para a Doutrina da Fé. É o segundo pontífice depois de João Paulo II que visita o país.
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