Bispo de Petrópolis pede que tragédia das chuvas não seja esquecida
Segundo o prelado, faz-se urgente um grande movimento popular que tenha os pobres e desabrigados como sujeitos |
Petrópolis (Segunda-feira, 14-03-2011, Gaudium Press) Após dois meses da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, em que quase mil pessoas perderam a vida, as cidades atingidas pelas forte chuvas começam a se reerguer. Contudo, longe dos grandes espaços na mídia impressa e televisiva, se torna mais difícil a coleta de recursos e ajuda de pessoas. Com esse intuito é que o bispo de Petrópolis, Dom Filippo Santoro, emitiu carta aberta na qual faz um apelo à Sociedade Civil.
Na mensagem, o prelado disse que as cidades afetadas pelas chuvas estão em fase de reconstrução, que acontece lentamente, mas lamenta a diminuição dos voluntários e a ainda presença de pessoas morando em abrigos. Dom Filippo afirmou também que, como previsto, os holofotes deixaram a região serrana e “as feridas da chuva” foram encobertas sem serem “curadas”. “O pior mal que pode acontecer às nossas cidades de Petrópolis e Teresópolis é a perda de memória”, alertou.
A causa da tragédia também fez parte do texto escrito pelo prelado. Conforme Dom Filippo, durante o ocorrido em janeiro, muitas pessoas apontaram a irresponsabilidade de se construir casas em áreas de risco. Entretanto, questiona o bispo de Petrópolis, quem favoreceu a ocupação destas áreas? “E por acaso os pobres gostam de viver em zonas de risco? Era esta a única possibilidade de uma moradia acessível, mesmo que precária”. Para o prelado, agora é necessário um grande movimento popular que tenha os pobres e desabrigados como sujeitos, para impedir que desastres como estes aconteçam novamente.
De acordo com Dom Filippo, as autoridades públicas estão fazendo à sua parte, embora, segundo ele, fosse necessária uma maior celeridade e clareza nos objetivos estabelecidos. Conforme o bispo, o problema real é a urgência de uma urbanística diferente, “que providencie de forma ágil a desocupação das áreas de risco e a construção igualmente ágil de novas moradias em terrenos seguros e possivelmente não distantes das casas abandonadas”.
O prelado destacou ainda a atuação da Igreja nos momentos mais agudos desta tragédia e comentou a respeito da Campanha da Fraternidade deste ano, que através do tema “Fraternidade e vida no Planeta” alerta para a “necessidade de se respeitar a natureza contra uma certa cultura de consumismo desenfreado e da exploração predatória dos recursos naturais”.
Por fim, Dom Filippo voltou a pedir para se mantenha viva a memória e convocou as várias entidades civis de Petrópolis para “incrementar um movimento do nosso povo para uma reconstrução ágil, firme e de ampla visão para o futuro. “A situação é grave, o dever que temos é urgente”, conclamou.
Com informações da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
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