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Secretário de Bento XVI recebe título "Honoris Causa" da Universidade para Estrangeiros de Perúgia

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 16-02-2011, Gaudium Press) Ontem, na Universidade para Estrangeiros de Perúgia, na Itália, foi entregue ao secretário particular do Papa Bento XVI, Mons. Georg Gänswein, a láurea “Honoris Causa” em sistemas de comunicação nas relações internacionais. Após receber a comenda, Mons. Gänswein, que estudou e graduou-se na instituição, deu uma aula magna e dedicou a sua “lectio magistralis” à temática “As relações entre Estado e Igreja na Itália. A ‘Libertas Ecclesiale’ na Concordata de 1929 e no acordo de 1984”.

A longa “lectio magistralis” de Mons. Gänswein teve como objetivo apresentar o tema da “Libertas Ecclesiatica” (“Liberdade da Igreja”) no contexto das relações entre a Santa Sé e a Itália. Mons. Gänswein discorreu sobre os termos das concordatas e disse que, no caso italiano, trata-se da promoção “no contexto de um sistema de liberdade, a colaboração entre autoridade estatal e a autoridade eclesiástica para favorecer a tutela da pessoa humana e a promoção do bem comum”.

Segundo o religioso, o exemplo da Concordata de 1929 mostra que “as concordatas têm uma função específica: assegurar à Igreja espaços de liberdade os mais amplos possíveis, necessários à sua missão espiritual, no âmbito de uma organização estatal que pela própria natureza é negadora das liberdades e que seja a nível individual que a nível coletivo”. Por sua vez, os Estados democráticos têm outra função, que é a “a de definir concretamente o regulamento das modalidades de exercício das liberdades e dos direitos universalmente reconhecidos”.

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O Papa Bento XVI e seu secretário particular, Mons. Georg Ganswein

“A escolha é atual, interessante e importante”, disse um jurista alemão na conferência para a imprensa realizada depois da solene cerimônia.

Mons. Gänswein abordou a problemática da liberdade religiosa nas relações entre a Igreja e os Estados. “Liberdade da Igreja e liberdade dos católicos são finalidades primárias”, observou o laureado.

Nas relações com os Estados, a “liberdade da Igreja deve ser reivindicada sempre e em qualquer lugar, de poder exercer sem obstáculos a própria missão, em pleno respeito de sua natureza e das próprias funções” permanecendo “na própria ordem independentes e soberanos”. A “Libertas Ecclesiale” assegurada pela Concordata italiana, explicou, “se atém à sua estrutura e portanto à sua capacidade de organizar-se juridicamente sem nenhum limite imposto pelas leis do Estado: seja em relação à sua própria função, seja levando-se em conta a distinção canonística do trio “munus” na qual a função da Igreja se articula: “dicendi, santificandi, regendi”

De acordo com mons. Gänswein , o “munus dicendi” se refere “à declaração, à difusão e à defesa do dogma católico; à formação do “christifideles”; e em particular à específica formação do clero; o “munus sanctificandi”, por sua vez, refere-se à série de específicas previsões normativas, como em matéria de edifícios de culto, de reconhecimento dos efeitos civis do matrimônio canônico e também de exoneração dos eclesiásticos do serviço militar; já o “munus regendi” refere-se ao poder legislativo e administrativo da Igreja.

Ao final da “Lectio”, Mons. Gänswein afimrou ter sido “uma experiência belíssima”. “Proferi a “lectio” e agora estou muito contente, ainda emocionado. Estou feliz por estar aqui”. Sobre a sua trajetória acadêmica, disse: “A vida universitária para mim foi uma belíssima experiência como estudante, mas também como professor. Sinto-me em casa”.

Voltando aos estudos em Perúgia, disse que a Universidade “me abriu os olhos e o coração para a Itália, não somente através da língua, mas também pela cultura, pela música, pela história. Tentei descobrir as raízes do povo italiano, as chamadas italianidades. Graças a estes cursos, fizemos tantas viagens, passeios, peregrinações, excursões, idas a restaurantes, etc”.

A Universidade para Estrangeiros de Perúgia oferece, entre outras coisas, cursos de proficiência em língua italiana. Nos anos oitenta e noventa, Mons. Georg Gänswein frequentou ali cursos de italiano e cultura italiana. Antes de se tornar secretário particular do pontífice, Mons. Gänswein foi professor da Cátedra de Direito Canônico na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma e depois oficial da Congregação para o Culto Divino e dos Sacramentos e da Congregação para a Doutrina da Fé, onde o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, era prefeito.

A cerimônia de comenda ocorreu na Sala Magna do antigo Palácio Gallenga, sede da Universidade, sob um mosaico que representa o Coliseu e a Cúpula de São Pedro e com todo o ritual característico para as cerimônias solenes de entrega das láureas.

A “lectio magistralis” de Mons. Gänswein foi aprovada por todos os doutores presentes. O laureado recebeu o título em pergaminho, a toga e o barrete. Depois da cerimônia foi realizada uma coletiva para a imprensa.

 

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