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Artigo: O que é a Revelação? – Parte 2

 

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Menino Deus, Palácio Episcopal, Cuzco/ Foto: Gustavo Kralj

Os três Reis Magos, do Oriente distante, jamais teriam encontrado o Menino Jesus se Deus não lhes tivesse revelado, através de uma estrela, o caminho a seguir. Da mesma maneira, a humanidade, que depois do pecado original, vivia longe da pátria celeste, nunca teria chegado a um conhecimento de Deus se Ele não tivesse se revelado. Os olhos do corpo precisam da luz para ver as coisas da terra, e a razão, olho da alma, precisa da luz da revelação divina para ver as coisas de Deus.

Esta revelação não é senão um corolário do imenso amor de Deus pelos homens, pois seu amor não se limita a dar existência a cada ser, mas pelo contrário, manifesta-se continuamente no transcurso dos séculos. “A história da salvação é a Revelação mais eloquente e concreta do amor do Senhor; mais ainda, constitui o diálogo mais fascinante do amor entre Deus e o homem”.

Quando se manifestou Deus? “Com a intenção de abrir o caminho de uma salvação superior se manifestou a si mesmo desde os primórdios até nosso primeiros pais”.

O pináculo desta revelação está proclamado no Evangelho de São João, na frase que menciona o maior acontecimento de toda a história, que é a pedra angular sobre a qual todo o edifício da Revelação encontra seu sustento e apoio: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebeu de seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jn 1, 14). Durante o tempo em que esta Terra se dignou a receber ao próprio Criador feito homem, ela viu revelada Sua face, Sua mentalidade, Sua majestade, Sua santidade, Sua Divindade. Pronto! Nada mais é preciso, tudo está revelado.

Pois, como declarou São João da Cruz: “em darmos, como nos deu, seu Filho, que é sua Palavra única, – e outra não há – tudo nos falou de uma só vez nessa única Palavra, e nada mais tem a dizer, (…) pois o que antes falava por parte aos profetas, agora nos revelou inteiramente, dando-nos o Todo que é o seu Filho”. Foi essa a razão que levou a São Bernardo a dizer que a fé católica não é uma religião de livro e sim da Palavra de Deus, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo Encarnado e vivo. Entretanto, ainda que a Revelação esteja terminada, Ela não está explicitada por completo. É dever da fé católica captar e desenvolver gradualmente sua doutrina ao longo dos séculos.

Onde encontramos as verdades reveladas? Na Escritura, que é a Palavra de Deus escrita; e na Tradição, que é a palavra de Deus não escrita, transmitida oralmente. A Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição constituem os dois modos distintos de comunicar esta Revelação. Mas, para que se mantivessem protegidos, conservados e unidos os dados da Revelação, contidos na Bíblia e na Tradição, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Sagrado Magistério, entregando à Igreja o múnus [ministério] de ensinar (cf. Mt 28, 19.20).

Tudo isto veio da parte de Deus. E da nossa? O que retribuiremos a Ele? Devemos render-Lhe nossa eterna gratidão e amor por havermos colocado a disposição este magnífico “telescópio” para assim poder conhecer, admirar e contemplar os diversos aspectos deste Universo Infinito que Ele é, e também por termos oferecido a oportunidade de começar, já nesta terra, a participar de sua glória, até chegar a eternidade onde O contemplaremos cara a cara. Pois, hoje O vemos como por um espelho e confusamente, mas um dia O veremos tal qual Ele é! (cf. 1 Cor 13, 12; 1 Jn 3, 2).

Lucas Alves Gramiscelli

 

 

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