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“Para nós isto se torna imperativo da fé: cristão, reconhece tua dignidade!”, afirma arcebispo de Porto Alegre

Porto Alegre (Segunda-Feira, 10-01-2011, Gaudium Press) Com o título “Nossa condição corporal”, o arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Dom Dadeus Grings, fala em seu mais recente artigo sobre a existência das duas dimensões do ser humano, que lhe dão consistência: a matéria e o espírito, isto é, o corpo e a alma. O problema, segundo o bispo, é que nem sempre sabemos exatamente como acolher esta dupla condição humana, chegando facilmente ao dualismo, como se houvesse, em nós, duas realidades opostas.

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Para Dom Dadeus, nossa vida nos é dada como dom, e, como tarefa ou desafio, precisamos aprimorar-nos

O prelado cita o livro do Gênesis para nos lembrar sobre a criação do homem. O livro conta que Deus fez um boneco de barro, caprichando na arte, mas a matéria era frágil e se desmancharia facilmente, por isso, Deus soprou no boneco dando-lhe vida, criando o ser humano. “Na verdade, somos uma unidade físico-vegetativa-sensitiva-intelectiva”, completa o arcebispo e ressalta que ao falarmos de corpo e alma queremos destacar duas dimensões essenciais da vida. “Todos sabemos quanto devemos investir em ambas: cuidar do corpo, alimentá-lo, protegê-lo, cobri-lo; e aprimorar a alma, pelo estudo, pelas virtudes, pela oração”, afirma.

Para Dom Dadeus, a nossa vida nos é dada como dom, e como tarefa ou desafio, precisamos aprimorar-nos. E para isso, de acordo com o arcebispo, a primeira tarefa que nos incumbe é a acolhida de nossa condição. “Parece óbvio, mas hoje é preciso insistir na autoestima: amar-se a si mesmo. Para nós cristãos isto se torna imperativo da fé: cristão, reconhece tua dignidade!”, diz.

Enfatizando a questão do corpo, o arcebispo explica que ele é nossa apresentação externa, aquilo que nos proporciona o contato e a relação com o mundo. Para o arcebispo, é através do corpo que nos identificamos, nos situamos no espaço e no tempo, nos aperfeiçoamos e realizamos, crescemos – tornando-nos adultos – e envelhecemos. “Chega o momento em que nos tornamos, por assim dizer, prisioneiros do próprio corpo. É quando ele não obedece mais aos nossos comandos. É o tempo em que nos estamos despedindo dele. Aproxima-se a morte”, conta.

O prelado então nos recorda que Cristo, morto, mas ressuscitado, veio nos garantir que nosso corpo continuará transfigurado pela ressurreição e, portanto, merece cuidado e respeito. Para ele, o problema mais crucial da vida é a saúde, que hoje é distinguida por saúde física, psíquica e espiritual. “Saúde é o perfeito funcionamento de todos os órgãos vitais, é a harmonia da ordem”, diz e complementa, afirmando que a saúde se opõe a dois extremos: um por defeito e outro por excesso. “Os extremos chamam-se vícios e o equilíbrio é a virtude”.

Conforme Dom Dadeus, temos problemas maiores onde a natureza nos dotou de prazeres mais cobiçados. Eles podem ser resumidos em dois: um para a autoconservação pessoal e outro para a conservação da espécie, ou seja, um para o sustento e outro para a transmissão da vida. “Na alimentação, o prazer nos leva ao excesso de comida e de bebida, com evidente prejuízo do organismo e de sua saúde. Na geração de nova vida, o prazer sexual é tão forte que se torna quase irresistível. Facilmente extrapola o senso da responsabilidade”, afirma o arcebispo, que aponta a autoestima como a controladora destes impulsos, para garantir a saúde física, psíquica e espiritual.

Para finalizar, o arcebispo diz que a fé cristã só se torna prática pelo amor, ou seja, quem ama pratica a fé. Por isso, o amor é a norma para toda a ação livre e responsável. “Manifesta-se particularmente em relação ao corpo, acolhendo todas as suas dimensões, com carinho, e desenvolvendo-as de acordo com a fé”.

 

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