“A experiência da vida em família é a experiência de Deus”, afirma o arcebispo de Porto Alegre
“Ser humano nasce de uma família e é família”, diz Dom Dadeus |
Porto Alegre (Segunda-Feira, 03-01-2011, Gaudium Press) Nesse inicio de novo ano, onde o ser humano se propõe a viver melhor consigo mesmo e com as pessoas a sua volta, o arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Dom Dadeus Grings, escreve o artigo “A convivência familiar”, destacando que o mandamento do amor envolve dois pólos: Deus e o próximo. Na formulação, o amor a Deus tem precedência, vem caracterizado por um caráter absoluto: de todo o coração e com todas as forças.
O arcebispo lembra de São João ao afirmar que ele dá primazia ao amor fraterno, e chama até de mentiroso quem diz amar a Deus, mas odeia seu irmão. “Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus a quem não vê” (1 Jo 4, 20). Para o prelado, o amor ao próximo não é aleatório, na verdade, o amor humano é orgânico, e nosso primeiro amor, ou seja, o amor fundamental está na família. “O ser humano não é indivíduo, que eventualmente se possa relacionar, mas nasce em uma família e é família. Portanto, seu amor é familiar. Começa com o amor paterno e materno”, diz.
Dom Dadeus ainda completa. afirmando que esse amor paterno e materno decorre do sacramento do matrimônio, que infundiu no casal o amor conjugal e lhe dá condições de gerar filhos com amor. Em seguida, segundo o arcebispo, vem o amor filial e, por fim, o amor fraterno, que se vai estendendo aos parentes. “A Boa Nova da família é anunciada pela Igreja que a resume no amor entre seus membros. Por isso as pessoas são convidadas a passar os melhores momentos da vida no próprio lar”, ressalta. Ele ainda destaca que amar a própria família é colocá-la acima de qualquer outra solicitude.
“Esse amor conjugal, parental, filial, fraterno, obtém não só um incentivo da fé, mas uma dimensão nova, pelo sacramento. O amor de Deus é infundido nos seus corações e se difunde entre os seus membros. Aí se faz a primeira experiência do amor: de amar e de ser amado, e consequentemente, aí se encontra Deus: quem ama, conhece Deus. A experiência da vida em família é, na verdade, uma experiência de Deus”, explica o arcebispo.
De acordo com o prelado, a Igreja quer firmar o lar sobre uma rocha firme, que é a fé em Jesus Cristo, que transforma a água das relações humanas no vinho do amor de Deus. Dom Dadeus também destaca a questão da indissolubilidade matrimonial, afirmando que é o próprio Deus que, pelo sacramento do matrimônio, une homem e mulher em um vínculo de amor indefectível. “Derrama neles seu próprio amor, que frutifica em boas obras de paz, solidariedade, de carinho, de dedicação recíproca e, sobretudo, em nova vida de filhos”.
Por fim, o arcebispo salienta que Cristo quis tornar o matrimônio um sinal do amor de Deus no mundo, mostrando que ainda existe amor entre os homens, que são capazes de deixar tudo para se unirem em matrimônio, tornando-se dois em uma só carne. E para ressaltar esta característica, Dom Dadeus afirma que, ao longo dos tempos, Deus começou a chamar pessoas que deixassem tudo para segui-lo, na pobreza, na castidade e na obediência. Atitude que para uma mentalidade mundana é impossível de se viver, afirma o arcebispo.
“Esta atitude está totalmente fora dos critérios e perspectivas humanas, mas não está fora da visão da fé, nem se trata de algo puramente teórico. Nestes dois mil anos de Igreja, milhões de pessoas seguiram esse caminho, mostrando que é possível e compensador. E eu posso dizer que vale a pena, pois demonstra o poder de persuasão de Cristo, que atrai, chama, acolhe e ama a todos os seus filhos”, conclui.
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