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Artigo: Galgando as alturas

 

Quando nos encontramos em um edifício de muitos andares, torna-se necessário a utilização da escada ou elevador, a fim de alcançar o andar superior ou mesmo para descer deste. Desconsiderando os meios mecânicos só nos restariam as escadas.

Alguém que somente utilizasse as escadas para este tipo de deslocamento perceberia que devido à ação exercida pela gravidade, quanto mais degraus fossem transpostos, maior seria o cansaço sentido. Perceberia também que, dependendo das condições físicas ou da quantidade de degraus a serem alçados, as forças poderiam faltar e ocasionalmente sria preciso deter-se alguns instantes para dar ao corpo o descanso necessário a fim de continuar a fatigante ascensão.

As escadas rolantes e a vida espiritual

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Scala Sancta/Foto: Dan Zelazo

No entanto, hoje em dia, o ser humano, por meio da tecnologia, além de inventar o elevador, que rapidamente transpõe os andares de um edifício, também desenvolveu a escada rolante, que lentamente conduz as pessoas de um patamar a outro, proporcionando um pequeno descanso para quem está caminhando.

Este meio de locomoção moderno pode representar uma atitude de vida espiritual que merece atenção. Os santos consideram a vida espiritual como uma ascensão ininterrupta para a perfeição e – segundo eles – quem não progride continuamente, decai. Portanto, não há uma situação estática na espiritualidade. Por esta razão, o progresso deve ser contínuo e as escadas rolantes bem podem servir para exemplificar isto.

O cristão que se deixa levar pela ação da graça, docilmente sobe a escada que conduz ao céu, mas é necessário a oração e os sacramentos, que lhe garantirão um progresso contínuo. Mas nem todos se encaixam nesta situação; muitos se acomodam no meio da escada.

Para as pessoas acomodadas na vida espiritual, Deus criou uma escada rolante “inteligente”, que é capaz de sentir as disposições de quem nela se encontra. A vida sobrenatural pode ser exemplificada por uma pessoa que sobre uma escada rolante cujo movimento é para baixo. Se o homem não subir mais rápido do que a velocidade com que desce a escada será arrastado para baixo. Portanto, tem que se fazer um esforço constante, o qual deve ir aumentando, se de fato se quer chegar ao topo. Ou se toma a resolução de subir, ou se começa a descer.

Analisando as escadas não podemos deixar de considerar uma muito especial, sobretudo, não podemos deixar de considerar a pessoa que a subiu.

Scala Santa

Podemos pensar em alguma escadaria de algum suntuoso palácio utilizada por algum magnata, mas não é isso. Esta escada se encontra em Roma: é a Scala Sancta (Escada Santa). Transportada de Jerusalém por Santa Helena esta escada fora erguida no antigo pretório de Pilatos e serviu de palco para a apresentação de Jesus Cristo em sua paixão. Foi do alto dela que o Divino Salvador, chagado e coroado de espinhos, fora anunciado como “Ecce Homo” – Eis o homem – (Jo 19,5), e conduzido para sua condenação.

Nela encontramos estimados vestígios do sofrimento do homem-Deus, diversos de seus degraus foram tingidos por gotas do preciosíssimo sangue de Jesus. Para sua preservação, ela recebeu um revestimento de madeira para evitar o desgaste em seu mármore, entretanto, sobre cada marca de sangue foi instalado um óculo transparente a fim de possibilitar aos peregrinos sua veneração.

Tal é o valor destes degraus que para transpô-los o visitante a sobe genuflexo, pois diante da paixão que remiu a Humanidade não há atitude mais digna.

Marcelo Rezende Costa

 

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