Ação Social Arquidiocesana de Florianópolis atua na reconstrução dos lares atingidos pelas enchentes de 2008
Doações fizeram parte do segundo momento da Campanha para ajudar os desabrigados |
Florianópolis (Sexta-Feira, 03-12-2010, Gaudium Press) Em novembro de 2008, o estado de Santa Catarina foi fortemente atingido por enchentes que fizeram morros desbarrancarem, casas caírem, ruas desaparecerem e, pior, muitas pessoas morrerem. Na época, a imprensa nacional fez uma maciça cobertura sobre o ocorrido mostrando o sofrimento do povo catarinense e à destruição das regiões mais castigadas. Neste panorama, a Igreja local, representada pela Ação Social Arquidiocesana (ASA) da arquidiocese de Florianópolis, lançou um SOS para o país: “Fui atingido pelas enchentes e me socorreste!”, que veio a se tornar uma das maiores manifestações de solidariedade recente do Brasil.
A referida campanha foi estrategicamente organizada em três grandes momentos: o primeiro momento, denominado de “mobilização”, foi voltado para o período de lançamento em âmbito nacional até a articulação com as Ações Sociais Paroquiais e pessoas para a organização das doações; já o segundo momento estava voltado para as “necessidades emergenciais” que surgiram com a enchente; nesse caso, eram as necessidades materiais; e o terceiro momento, entendido como o mais desafiador, voltou-se para a “reconstrução da vida”.
Segundo informações da coordenadora da ASA, Carla de Oliveira Guimarães, quando há um desastre natural como o ocorrido, a chance de mudanças e de melhoria de vida é quase que impossível, caracterizando a enchente não só como uma tragédia natural mas, sobretudo, social, pois o evento possibilita que a situação de pobreza e de exclusão social se torne ainda mais grave. Diante disso, a ASA procurou dar oportunidade à compra de eletrodomésticos, materiais de construção (recuperação de casas) e equipamentos de trabalho (carrinho de pipoca, carrinho de coleta de recicláveis, máquinas de costuras, entre outros).
Hortas comunitárias: um dos projetos de desenvolvimento solidário e sustentável da arquidiocese |
Passado esse período da aquisição de compras materiais, a ASA buscou juntamente com às Ações Sociais a realização de programas e projetos que dessem oportunidades às famílias vítimas das chuvas, a recuperação da auto-estima, da dignidade e das condições básicas de sobrevivência. “Nessa etapa do projeto, que continua sendo realizada até hoje, o desafio era ultrapassar as questões imediatas, não que estas não sejam importantes, mas procuramos desenvolver nas comunidades um “movimento organizado” para as pessoas buscarem iniciativas de alteração da realidade onde vivem”, explicou a coordenadora.
Concretamente a ASA criou algumas ações voltadas para o cuidado com a vida e entre as pessoas, com a convivência familiar e comunitária, com o enfrentamento coletivo e organizado das comunidades, com a possibilidade de acesso à formação e informação, com o cuidado e defesa do meio ambiente e com alternativas efetivas de geração de trabalho e renda. Algumas das iniciativas colocadas em práticas através do Plano Arquidiocesano de Desenvolvimento Comunitário são: projetos de desenvolvimento solidário e sustentável, como as hortas comunitárias; grupos com perspectiva de geração de renda, como o grupo de mulheres “tecendo relações” e “arte, costura e retalhos, um meio de vida”; organização comunitária, com formação política e social para lideranças e famílias; entre outros.
A Ação Social resolveu, também, desenvolver ações práticas e formativas em relação ao cuidado com o meio ambiente. Algumas ações e palestras foram iniciadas junto às escolas dos municípios catarinenses, tendo como foco a coleta e o aproveitamento do óleo de cozinha, por exemplo. De acordo com os dados da ASA, este processo é lento, e há necessidade de maior investimento nas ações educativas o que possibilitará o surgimento de ações mais amplas relacionadas à proteção e cuidado com o meio ambiente.
Grupo de mulheres “tecendo relações” e “arte, costura e retalho, um meio de vida” |
“Durante todos esses anos de trabalho conseguimos perceber a necessidade de “ações preventivas”, procurando transformar as condições de risco, evitando ou diminuindo os efeitos dos fenômenos naturais. Por isso, as ações de reconstrução buscam melhores condições de vida das pessoas atingidas; tendo como objetivo a participação destas pessoas na construção de um desenvolvimento sociopolítico favorável a todas as pessoas”, destacou Carla.
Nas palavras do arcebispo de Florianópolis e presidente da ASA, Dom Murilo Krieger, fica expressada a gratidão por todos aqueles que colaboraram e ainda colaboram com as famílias atingidas. “Não é possível reproduzir todas as dimensões dessa solidariedade, mas desde o primeiro momento tivemos consciência clara de que deveríamos ser meros repassadores das doações recebidas. Fomos a ponte entre benfeitores e beneficiados, entre os colaboradores e as muitas “Marias” e “Josés” que se beneficiaram com o que receberam”, disse o prelado.
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