“O ser humano se realiza quando se abre aos outros e os conquista pelo amor”, afirma arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre (Quarta-Feira, 24-11-2010, Gaudium Press) Com o título “As quatro relações humanas”, Dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, discorre em seu mais recente artigo sobre o fato do ser humano se realizar por meio de quatro relações: consigo, com os outros, com o mundo e com Deus. Ele afirma que ser pessoa é ser relação, pois “nascemos ontologicamente pessoas, mas devemos tornar-nos psicologicamente pessoas”, o que exige tomar consciência e elaborar mental e afetivamente estas relações que nos são dadas.
Segundo Dom Dadeus, a primeira relação que desenvolvemos, psicologicamente falando, é com os outros |
De acordo com o prelado, a primeira relação que desenvolvemos, psicologicamente falando, é com os outros. Ele explica que todo o nosso ser é feito para destacar esta dimensão da vida, pois ninguém é indivíduo e, portanto, não pode fechar-se sobre si mesmo, necessariamente deve conviver. O bispo vai além dizendo que bem antes de se conhecer e de reconhecer seu próprio rosto e sua voz, o indivíduo conhece os outros. “A criança, por exemplo, entende os gestos dos outros antes de compreender seus próprios. Falamos por isso de intersubjetividade, que é a primeira dimensão da vida humana, nasce na família e se descobre no aconchego de um lar”.
Dom Dadeus ainda ressalta que nossa tarefa, ao crescer, é intensificar, alargar e interiorizar estas relações com os outros. “O ser humano se realiza na medida em que se abre aos outros e os conquista pelo amor. Sua riqueza são as relações humanas, que desenvolve em torno de si. Sua vida são seus familiares e amigos”, completa.
Em relação à intersubjetividade, o bispo destaca que essa dimensão leva à subjetividade, porque aos poucos, em contato com os outros, cada pessoa vai descobrindo sua própria profundidade e identidade. “Não estão, em primeira linha da curiosidade, os órgãos físicos, mas suas funções”, diz o arcebispo, que destaca também três dimensões a serem desenvolvidas: inteligência, vontade e sentimentos. Ele recorda que se realizar é, pelo que a própria palavra diz, tornar-se real, e isto envolve auto-estima. Para o arcebispo, não bastam ideias, nem projetos, é preciso investir na vida, para que se torne plena.
Essa terceira relação, continua o bispo, nos leva ao mundo e as ciências e a técnica têm proporcionado a humanidade grandes subsídios. Ele enfatiza que a cada cinco anos se duplica o acervo de conhecimentos e de capacidades de agir sobre o mundo, mas o problema é se isto nos leva também a um melhor relacionamento com ele. “O conhecemos, sem dúvida, melhor. Mas também o valorizamos, na mesma medida? Não basta o conhecimento da história e da constituição do mundo para ser feliz. É preciso relacionar-se com sabedoria e respeito com ele”, reforça.
Por fim, Dom Dadeus afirma que a quarta relação nos leva a Deus, pois como cristãos temos uma revelação divina que nos reporta ao Pai. E para desenvolver esta relação, o bispo diz que nos foi dado como que um “terceiro olho”, que nos faz ver o invisível. “Pelo batismo fomos dotados de um novo organismo sobrenatural, que se manifesta por três impulsos vitais: a fé para ver o Invisível, a esperança para ir a seu encontro e a caridade para, já agora, começar a vivenciar esta relação com o Pai, na qualidade de filhos, em Jesus Cristo, pelo Espírito Santo”, conclui o prelado.
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