Livro-entrevista com Papa Bento XVI é lançado no Vaticano

Cidade do Vaticano (Terça-feira, 23-11-2010, Gaudium Press) “Um ato de coragem comunicativa e vontade de dialogar com o mundo, com uma linguagem simples e acessível a todos”. Assim foi classificada a longa entrevista concedida pelo Santo Padre ao jornalista Peter Seewald, publicada como o livro “Luz do mundo. O Papa, a Igreja, e os sinais dos tempos” e apresentada hoje em uma coletiva de imprensa no Vaticano.

Papa Bento XVI recebe livro das maõs do jornalista Peter Seewald

À frente da apresentação na Sala de Imprensa estavam Padre Federico Lombardi, porta-voz vaticano; Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização; e Luigi Accattoli, vaticanista italiano, além do próprio autor, Peter Seewald. O Santo Padre foi representado pelo seu secretário pessoal, Mons. Georg Gaenswein.

A partir de hoje o livro “Luz do mundo. O Papa, a Igreja, e os sinais dos tempos” está disponível na edição principal em alemão e nas traduções italiana, inglesa e espanhola. Nestes dias serão disponibilizadas também traduções em português, francês, sueco e polonês. Também está prevista a tradução em outras 12 línguas. A edição italiana foi produzida com uma tiragem de 50 mil cópias.
É a primeira vez que um Papa responde de forma direta a perguntas. João Paulo II, para o livro com a entrevista concedida ao jornalista Vittorio Messori, “Cruzando o limiar da esperança”, respondeu por escrito.

“Podemos ser gratos ao Papa por um ato de verdadeira coragem comunicativa, tentar falar com uma linguagem que as pessoas entendem, com uma linguagem acessível a todos”, comentou Padre Lombardi. Bento XVI abordou “questões também com o risco de suscitar discussões e de nem sempre ser entendido perfeitamente”. Peter Seewald já por duas vezes havia entrevistado o então Cardeal Ratzinger, ocasiões que resultaram em dois livros, com os títulos: “Joseph Ratzinger: “O Sal da terra: cristianismo e Igreja Católica no século XXI” e “Deus e o mundo: o ser cristão no novo milênio”.

As perguntas propostas por Seewald não foram autorizadas antes do colóquio, nem mesmo durante ele. Nada do texto escrito foi mudado, somente o Papa fez alguns esclarecimentos. Peter Seewald encontrou o Santo Padre seis vezes, por uma hora de conversa. “Quando começamos a conversa fiquei fascinado em ver a pessoa, o homem Joseph Ratzinger e também o Papa. Não mudou nada na sua essência, permaneceu com sua humildade, com sua amabilidade”, relata o jornalista alemão.

Ele relata que ficou novamente impressionado pela simplicidade, pelo acolhimento, pela enorme força intelectual e espiritual, pela natureza dialogante, pela abertura, mesmo aos temas difíceis. “Não tem problemas em enfrentar questões críticas; aliás, este Papa não é uma pessoa que tem medo das perguntas”. O autor espera que este livro “seja de grande ajuda a muitas pessoas, e permita entender melhor o pontificado” de Bento XVI, que nas 253 páginas deixa uma mensagem para a humanidade.

Com este livro, como diz o porta-voz vaticano, o Papa “fez um esforço para vir ao encontro de todo o mundo da comunicação com uma linguagem simples, concreta, acessível, sem retroceder e se esconder”. Como com a sua obra “Jesus de Nazaré”, também nesta forma jornalística não teológica ele se coloca em debate aberto com a opinião pública, acredita Padre Lombardi.

O título “Luz do mundo” se refere a uma visão da Igreja como “sinal de unidade de todo o gênero humano”, observou Dom Rino Fisichella. Segundo o presidente do mais novo dicastério romana, Bento XVI neste libro se mostra um Papa “otimista sobre a vida da Igreja”, que não se subtrai a nenhuma pergunta e também se mostra uma pessoa muito humilde.

De acordo com o prelado, o livro nos ajuda a entender a vida do atual Papa e o seu pontificado. A entrevista é “uma provocação a realizar um sério exame de consciência”, arremata Dom Fisichella.