“Brasileiros oram pela vida e vivem suas orações”, afirma novo superior geral dos Oblatos, ex-missionário no Brasil
Roma (Sexta-feira, 01-10-2010, Gaudium Press) Padre Louis Lougen, OMI, foi eleito 13º Superior Geral dos Missionarios Oblatos de Maria Imaculada pelo 35º Capítulo Geral, que acontece em Roma na Casa La Salle. Eleito na primeira votação, o religioso irá liderar mais de 4 mil oblatos trabalhando em 66 países no mundo inteiro. Ele tem uma profunda experiênica como missionário no Brasil e nos EUA. “Eu aprendi a ser um padre oblato no Brasil”, afirmou à Gaudum Press Pe. Lougen. Ele conversou com a agência, em Roma, sobre sua vocação, experiências no Brasil e a atual situação dos Oblatos no mundo.
Eleição
“Foi certamente uma surpresa e um choque”, disse sobre sua eleição o atual Superior Provincial da Província dos Estados Unidos. Ele sucede Padre Wilhelm Steckling, OMI, que serviu como superior geral pelos últimos 12 anos e tinha terminado o seu segundo mandato de seis anos. Pe. Lougen deverá ser nomeado ainda conselheiro geral para a região dos Oblatos do Canadá e EUA. Ser Superior Geral é “dar sua vida ao Senhor para segui-Lo e tentar fazer o melhor para servir à nossa missão e aos meus irmãos Oblatos”, declarou.
Oblatos
“Vivemos um momento difícil em nossa vida, nossa congregação, a Igreja e o mundo”, diz. Entre os diferentes desafios que os oblatos estão enfrentando cita como comunicar o Evangelho no mundo de hoje, a conversão e o trabalho com as vocações. Os desafios variam em cada continente. “Quando nós olhamos para a Europa Ocidental secularizada e os Estados Unidos e o Canadá, as pessoas geralmente pensam que não há fome pela palavra de Deus. Há muitos preconceitos sobre quem a Igreja é e as pessoas nos criticam mesmo não nos conhecendo”, desabafa. “Na África a Igreja é tão viva e crescente…Nossa própria missão na Zâmbia envolve provavelmente mais vocações do que consegimos lidar. É difícil apoiar todos eles. Mas nós somos abençoados com homens realmente bons”.
O sacerdote oblato relata encontrar difiduldades em países asiáticos onde são minoria. “Quando vamos à Ásia nós somos minoria em meio às grandes relgiões antigas, que nem sequer se preocupam em dialogar conosco porque nós somos ‘insignificantes’. Assim, cada área tem o seu desafio. Mas o que está por trás é como nos vivemos o Evangelho, uma atração de vida para as pessoas.”
Um segundo desafio destacado por Pe. Louen é a conversão e a questão do viver a comunidade no mundo moderno, especialmente na parte secularizada ocidental. “Nós sentimos o polo do ativismo, nós estamos tão ocupados hoje, há tanto a fazer… Há chamados de todas as partes”.
Outro desafio para o trabalho dos oblatos apontado pelo religioso é a questão das vocações, como atrair os jovens e prepará-los para serem missionários. “Há algumas províncias como o Canadá e os EUA onde no passado havia 3000 oblatos. Mas “não se trata sempre de números”, e “o desafio que estamos enfrentando é convidarmo-nos a nos renovar e sermos comprometidos com a vida mesmo se somos poucos”.
Vida no Brasil
Nascido em Buffalo, Nova York, em 1952, o Padre Louis Lougen conheceu os Oblatos quando era um estudante da Bishop Neumann High School, e ingressou no Juvenato em Newburgh, Nova York, em 1970. Ele fez sua primeira profissão no noviciado em Godfrey, Illinois, em 1973, e continuou a sua primeira formação na Universidade dos Oblatos em Washington DC, obtendo um Bacharelado em Filosofia e um Mestrado em Teologia. Professou seus votos perpétuos em Newburgh, em 1976.
Após sua ordenação ao diaconato em 1978, ministrou durante 6 meses no Brasil antes de voltar aos EUA. Depois de sua ordenação sacerdotal em Washington, em 1979, retornou ao Brasil, onde, na então Província de São Paulo, trabalhou na pastoral paroquial e de formação, servindo, sucessivamente, como pastor de várias paróquias, diretor do pré-noviciado e mestre de noviços. Foi eleito para o Conselho Provincial da Província de São Paulo por três mandatos, servindo de 1985-1994.
É do Brasil que ele tem as memórias mais calorosas. Perguntado sobre suas experiências no país, sorri e diz “soudadgi” (“saudade”). “Eu realmente sinto falta do Brasil. Eu adorei lá, as pessoas, é claro, o país, a Igreja no Brasil, uma maravilhosa comunidade de fé… “
Pe. Lougen confessa que aprendeu a ser um sacerdote oblato no Brasil e que aprendeu outras coisas dos brasileiros também. “A fé do povo, a sua alegria e sofrimento, a sua capacidade de compartilhar, sua capacidade de perdoar, a resistência, a perseverança. Trabalhando entre os mais pobres ficamos impressionados com a fé dos brasileiros para com a Igreja, o trabalho e à família, pelo seu amor a Cristo, à Eucaristia, à Mãe Santíssima”.
Isso foi o que enriqueceu e aprofundou a sua fé, garante. “Essa foi uma fé muito viva. Vi na Igreja no Brasil um verdadeiro desejo de unir a fé e a vida e pela fé transformar a vida. Eu acho que a Igreja no Brasil tem esse grande compromisso de transformar a vida da sociedade com justiça e misericórdia no amor de Deus”.
Perguntado sobre o que será útil de sua experiência no Brasil em seu novo posto de Superior Geral, Pe. Lougen responde que a habilidade de dar o mesmo valor para a vida e à fé. “Pode-se dizer que eles oram pela vida e que vivem suas orações. Eu aprendi do Brasil a unificar nossa fé e ter isso como a luz sobre nossas vidas. Isso é algo do Brasil que eu posso usar em meu próprio ministério como superior geral e com os oblatos em diferentes lugares, trazendo o sentido de esperança, o sentimento de alegria, alguns desses valores que aprendi no meio do povo brasileiro”, afirma.
Descoberta da vocação
Após retornar aos Estados Unidos em 1996, Padre Lougen atuou como diretor assistente do pré-noviciado e pastor da Paróquia Holy Angels, em Buffalo. Tornou-se mestre de noviços em Godfrey, Illinois, em 2002 e foi nomeado provincial em 2005. Ele afirma ter descoberto sua vocação como um jovem garoto. Estudar em escolas dos Oblatos conhecer os missionários brasileiros fez com que entendesse que queria se tornar um missionário para servir aos pobres.
“Jesus lava os pés, partilha o pão e abre os braços na cruz. Como sacerdote oblato penso que faço isso em íntima união com Jesus. Nossa Constituição diz que temos de nos identificar com Jesus. E é isso que o sacerdócio é para mim”.
A eleição do Padre Louis Lougen como o 13º Superior Geral dos Oblatos foi aprovada pela Santa Sé. Ele irá encontrar-se com o Santo Padre no dia 6 de outubro, mesmo dia em que se encerra o 35º Capítulo Geral dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada.
Anna Artymiak
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