“A Grã-Bretanha desempenha um crucial papel político e econômico no mundo moderno”, afirma Bento XVI

Edimburgo (Quinta-feira, 16-09-2010, Gaudium Press) Ao término da cerimônia de boas-vindas e de sua visita de cortesia à Rainha Elizabeth no Palácio Real de Holyroodhouse, marcada por uma reunião a portas fechadas entre ambos, pontífice e monarca discursaram, no parque do castelo, a autoridades políticas, representantes da sociedade civil e das Igrejas Anglicana e Católica, além de membros do parlamento escocês.

A rainha, em seu discurso, expressou seu desejo de que a visita do Papa seja uma oportunidade para “aprofundar a relação” entre a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra. “Religião tem sido sempre – acrescentou – um elemento crucial na nossa identidade nacional e no nosso subconsciente histórico”.

Falando a respeito do Cardeal John Henry Newman, a rainha o classificou de “homem que lutou contra a incerteza” e cuja “contribuição de extraordinário cristianismo influenciou muitos”. Elizabeth II declarou ainda apreciar a contribuição especial do Vaticano nas negociações envolvendo o conflito na Irlanda do Norte e o papel que a Igreja Católica desempenha no mundo moderno ajudando os mais pobres e os mais vulneráveis.

Em resposta às palavras da rainha, o Papa disse que “a mensagem cristã tem sido uma parte integral da língua, pensamento e cultura das pessoas que residem nestas ilhas por mais de mil anos”. Durante seu discurso, o Santo Padre focou em dois assuntos principais: a herança cristã e os momentos chave da história moderna do país: a ocupação nazista e o conflito na Irlanda do Norte.

“O Reino Unido permanece uma figura chave política e economicamente no cenário internacional, o que requer uma tarefa particular para agir sabiamente pelo bem comum”, disse o Papa Bento XVI referindo-se à história política e cristã do país.

“Entre estas tarefas estão o respeito pelo valores tradicionais e pela expressão cultural que as mais agressivas formas de secularismo já não valorizam ou toleram”, assim como o patrimônio da fundação cristã. Nascido alemão, o Papa condenou a “tirania nazista” que ocorreu durante a Segunda Guerra e o conflito religioso na Irlanda do Norte.

Em seu discurso, Papa pediu para que mídia britânica difunda os “autênticos direitos humanos”

O Papa declarou vir como “uma mão amiga” e expressou gratidão à rainha e a ambos os governos, o atual e o passado, “por tornarem esta ocasião possível”. Bento XVI elogiou também o Grupo Parlamentar no âmbito da Santa Sé, que fortaleceu “as relações de amizade existentes entre a Santa Sé e o Reino Unido”.

“O respeito de seus ancestrais pela verdade e justiça, pelo perdão e caridade, vieram a você através de uma fé que permanece uma poderosa para o bem no seu reino, para o grande benefício dos cristãos e dos não cristãos também”. Nesta ocasião, o Santo Padre recordou de Edward, o Confessor e Margaret da Escócia como “extraordinários santos”, e de William Wilbeforce, David Livingstone e Florence Nightingale.

O Papa falou também, é claro, sobre o Cardeal Newman, mas não se referiu ao religioso como cardeal. Bento XVI afirmou que o futuro beato da Igreja Católica “foi um dos muitos cristãos britânicos de sua idade cujas bondade, eloquência e ação foram um orgulho para os homens e mulheres de seus países” e que “foi inspirado por uma fé profunda nascida e criada nessas ilhas”.

Abordando “a tirania nazista que desejou erradicar Deus da sociedade e negar nossa humanidade comum”, o regime que executou “pastores cristãos e religiosos que falaram a verdade no amor”, o Santo Padre, cuja origem é germânica, enfatizou:

“Enquanto nós refletimos sobre as sérias lições do ateísmo extremista do século XX, nunca nos deixemos esquecer como a exclusão de Deus, da religião e da virtude da vida pública conduz, fatalmente, a uma visão truncada do homem e da sociedade e, assim, a uma visão reduzida da pessoas e de seu destino”.

Santo Padre deixa Holyroodhouse para participar da parada St. Ninian, vestindo tradicional xale escocês.

Abordando a Inglaterra, Bento XVI ressaltou seu “essencial papel na forjamento do consenso internacional pós-guerra, que favoreceu o estabelecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e conduziu a um momento então desconhecido de paz e prosperidade na Europa”, e também no Acordo Good Friday, que graças aos governos britânico e irlandeses, junto a líderes políticos, religiosos e civis, ajudou no nascimento de uma resolução pacífica do conflito que ali existia.

Bento XVI chamou, enfim, os meios de comunicação britânicos para com ” grande responsabilidade e oportunidade promoverem a paz entre as nações, o desenvolvimento integral dos povos e difundir os autênticos direitos humanos”, e também a sociedade britânica como um todo para continuar a viver baseada nos valores de honestidade, respeito e justiça que fez com que ganhasse a estima e admiração de muitos.

A visita do Papa a Edimburgo terminou com uma participação no parada anual St. Ninian, tradicional evento que comemora o o primeiro santo da Escócia. Para a ocasião, o Papa vestiu sobre seus braços um tradicional xale escocês.