“Cardeal Newman pode ser uma figura de unidade ou de desagregação, depende de ambas as Igrejas”, diz embaixador britânico

Campbell destaca que o pontífice está indo a um país de minoria católica

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 15-09-2010, Gaudium Press) “O pilar central da visita é a beatificação do Cardeal John Henry Newman, que irá acontecer em Birmingham, Inglaterra, no dia 19 de setembro. Birmingham que foi seu lar, onde ele encontrou sua oratória, onde ele viveu e onde o que restou dele está guardado em uma igreja”, comentou em uma entrevista a Gaudium Press, a respeito da viagem do Papa ao Reino Unido, que tem início amanhã o embaixador britânico para Santa Sé desde 2005, Francis Campbell.

Na entrevista, o diplomata discorreu também sobre como a beatificação do cardeal pode influenciar os futuros contatos entre católicos e anglicanos. “Depende de como ambas as Igrejas irão reagir. Cardeal Newman pode ser uma figura de unidade ou, em alguns casos, pode ser usado para criar desunião” disse o embaixador, que espera, contudo, que a beatificação seja um momento de harmonia e felicidade compartilhada.

Felicidade compartilhada porque no primeiro dia de visita do Papa à Inglaterra haverá dois momentos de rica experiência ecumênica. O papa irá até o Lambeth Palace, onde se encontrará com o arcebispo de Canterbury, Rowan Douglas Williams, e com alguns bispos católicos e anglicanos e, depois, mais à tarde, ainda com o arcebispo anglicano, participará de uma missa em Westminster Abbey. “Nenhum Papa já esteve no Lambert Palace antes, nenhum Papa já foi até Westiminster Abbey. Ele fará estas duas coisas antes de visitar à Catedral Católica (…)”

Sobre a importância da visita do Papa à Grã-Bretanha, o embaixador enfatizou que “esta é uma grande questão” para a Igreja Católica e a sociedade britânica. “Há pessoas com pontos de vista positivos e algumas que veem isto de forma negativa. O papado é uma questão. O papado tem desempenhado um papel na história da Escócia e da Inglaterra. E como este papel é percebido depende de quem o percebe”, declarou.

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Para Campbell, não se deve perder o foco de que o Papa está indo ao Reino Unido como líder de uma religião cujos praticantes representam a grande minoria no país. ” Somente 10% da população britânica é católica, é a religião com menor porcentagem no país. O que eu acabei de dizer pode ser controverso porque alguns católicos na Inglaterra diriam que não definem a si mesmo como minoria. Isso depende de sua perspectiva: há uma para os católicos; há outra para a sociedade em geral”, afirmou.

Comentando sobre a animosidade existente entre alguns anglicanos e católicos e de como este ruído poderia tornar mais difícil a passagem do Papa pelo Reino Unido, Campbell afirmou: “Eu penso que o que mudaria a perspectiva, de fato, seriam algumas pessoas entenderem basicamente um pouquinho melhor o papel que a Igreja Católica desempenha na sociedade local, nacional ou internacionalmente. E o fato de que há uma relação histórica de longa data que não é tão antagonista como muitas pessoas gostariam de sugerir que foi no passado”.

Anna Artymiak