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“Moçambique é terra de esperança”, afirma sacerdote gaúcho que visitou o país africano

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Conforme Padre Adilson, povo moçambicano é muito acolhedor

Porto Alegre (Sexta-Feira, 27-08-2010, Gaudium Press) Entre os dias 27 de julho e 13 de agosto, Dom Jaime Pedro Kohl, bispo diocesano de Osório (RS) e referencial do Setor de Animação Missionária do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com o padre Adilson Zílio, da diocese gaúcha de Caxias do Sul e Silvane Agnolin, secretária do Setor de Animação Missionária, estiveram em Moçambique para visitar os missionários que integram o Projeto Igrejas Solidárias do Rio Grande do Sul. Em um breve depoimento, Padre Adilson conta o que viram e ouviram nas terras africanas.

De acordo com o sacerdote, os missionários que lá se encontram trabalham nas Paróquias São Miguel Arcanjo de Micane e São Paulo de Larde, que possuem uma população estimada em 80 mil habitantes. Padre Adilson destaca que os missionários atendem a 140 comunidades, divididas em 19 zonas e 4 regiões. “A grande maioria das comunidades recebe a visita dos missionários uma vez por ano. Outras, uma a cada três anos”, diz.

O início das atividades em uma comunidade, lembra o sacerdote, começa com a “sala de catequese”, como eles costumam falar. “Neste momento as pessoas são catequizadas, um projeto com duração de três anos”, explica o padre, ressaltando ainda que após o término da atividade formativa a comunidade começa a se encontrar em “grupos de oração”. Os coordenadores das comunidades são chamados de anciãos, e os representantes das zonas formam o conselho paroquial.

“A presença dos missionários junto ao povo moçambicano é de muito orgulho e esperança para todos nós, pelo serviço prestado. Os padres ajudam na evangelização, formação e sacramentos e os leigos contribuem na organização, nas aulas de informática, no atendimento à saúde, com visitas aos doentes e hospital, no acompanhamento do projeto “Lar Vocacional”, onde oito meninos da oitava série ao ensino médio recebem aulas de reforço, e também colaboram na organização de pequenas associações de geração de renda em 10 paróquias”, relata o sacerdote.

Segundo Padre Adilson, o povo é muito acolhedor, e em cada celebração os religiosos eram recebidos com grande festa. Ele comenta ainda o efeito da guerra civil no país, que assolou a região especialmente até o ano de 1992. “As igrejas foram transformadas em escolas, e apenas nestes últimos anos eles conseguiram um pouco de ‘democracia’, pois sempre estiveram longe do desenvolvimento, com poucos recursos públicos”.

Em relação à fé, o sacerdote afirma que o povo moçambicano é sedento dela, e que não mede esforços em participar pela sua própria igreja. “Muitas pessoas fizeram mais de 10 km, a pé, para acolher o bispo e sua “comitiva”. Alguns nunca tinham visto um bispo. Não demonstravam cansaço, mas sim realização e felicidade. Não é por acaso que é o continente em que a religião católica mais cresce”, enfatiza.

Padre Adilson relata ainda que ficou impressionado com a quantidade de crianças na capital, que segundo ele, “nem sempre são bem tratadas e valorizadas”. “Há ainda muita precariedade na saúde. O que mais mata é a desnutrição e a AIDS. São 40% dos moçambicanos afetados. Faltam remédios, pessoas capacitadas. Com uma qualidade de vida tão baixa qualquer doença, como a malária, por exemplo, pode levar a morte, porém com orientação sadia, higiene e acompanhamento dá para salvar muitas vidas”, observou o visitante.

Por fim, o sacerdote registra que, ainda que haja grande número de muçulmanos no país, o labor católico é premente. “Nossa religião sempre buscou o evangelho na vida. Consegue fazer a diferença. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Este povo precisa de mais missionários; de leigos e consagrados”, sublinha.

“Com poucas coisas dá para transformar essa realidade de morte em sinal de vida plena”, conclui Padre Adilson, que sentencia: “Por estes e por tantos outros sinais: Moçambique é Terra de Esperança”.

 

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