“Momento atual está clamando por pessoas com uma considerável envergadura humanística”, diz arcebispo de Belo Horizonte
Para Dom Walmor, deve haver um tratamento da interioradade da pessoa humana |
Belo Horizonte (Sexta-feira, 13-08-2010, Gaudium Press) Em artigo publicado nesta sexta-feira, o arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, nos traz uma reflexão sobre as questões existenciais que afligem o homem da sociedade contemporânea e que não podem ser medidas exclusivamente através do desenvolvimento econômico e tecnológica. Conforme o prelado, há uma demanda muito pertinente que remete à questão da vida. “Torna-se indispensável conhecer o significado da própria vida, das suas atividades e da própria morte”, diz.
Dom Walmor argumenta que, na busca pelo sentido da vida, as pessoas se tornam insatisfeitas, corroendo muitas vezes o altruísmo e alegria de viver. O prelado complementa, dizendo que junto com a insatisfação, porém, cresce a consciência acerca dos direitos das pessoas e, assim, a busca por relações mais justas e humanas. O que se concretizaria, segundo o arcebispo, no exercício das responsabilidades cidadãs, profissionais e governamentais.
Para o arcebispo, no entanto, o exercício pleno da cidadania não passa somente por mecanismos externos ao homem e por imposição de regras. Conforme o prelado, é preciso mudar o próprio homem. “O contexto atual está refém de um déficit humanístico, fator que causa uma incompetência generalizada para a adequada condução de processos e efetivação de projetos e a fecundidade de ações”, afirma o prelado.
O prelado completa afirmando que a solução para esse déficit humanístico não se encontra na formação acadêmica nem nos esforços individuais em âmbito profissional. A solução, para o arcebispo, está na formação integral, “que traz em sua essência os aspectos humanísticos, cujas raízes têm nascedouro também na opção religiosa e no que é próprio de uma prática confessional – o amálgama que rejunta e tempera o que se aprende em qualquer campo do saber e da ciência”, declara.
Dom Walmor lamenta, porém, que esta formação esteja deixada de lado. ” É inquestionável a situação deficitária desse substrato humanístico advindo de referências, com força de princípio e de fonte como o cristianismo”. Conforme o arcebispo, é fator de lamento e prejuízo enorme para a sociedade e toda instituição civil ou religiosa “a distância de um substrato humanístico indispensável e sua substituição pela pretensão ingênua e néscia de ocupar lugares, garantir benesses e dignificar-se pela ocupação de uma cadeira na instituição religiosa, governamental, civil”.
Conforme o arcebispo, a formação humanística é necessária para que pessoas designadas a determinados cargos sejam dignas e consigam fazer de suas atribuições “alavanca importante nos avanços desse tempo”. Para Dom Walmor, liderança não é domínio autoritário de súditos, com artimanha e conchavos, mas respeito aos direitos e a justiça. E só o substrato humanístico, segundo ele, pode alavancar “exercícios profissionais e a condução de processos, nas responsabilidades governamentais e institucionais, com fecundidade”.
O prelado alerta também para o fato de que não se trata de fazer uma mudança aparente, “uma maquiagem externa”, e sim um “tratamento da interioridade”, para sustentar a capacidade de diálogo, evitar o destempero e equilibrar a sabedoria com a insubstituível capacidade de interpretação adequada da realidade e dos fatos.
Concluindo seu artigo, Dom Walmor diz que o momento atual está clamando por pessoas de uma considerável envergadura humanística. “A sociedade precisa ser governada por homens e mulheres com essa têmpera. As instituições precisam alargar seus horizontes e construir suas identidades e missões fundamentadas na competência humanística e, assim, escrever outra história”, conclui.
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