O purpurado que queria ser bibliotecário: reportagem traz passagem inédita da vida de Bento XVI

Bento XVI apresentou renúcia a João Paulo II, que lhe negou, para se tornar bibliotecário do Vaticano

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 05-08-2010, Gaudium Press) O Papa Ratzinger está na sede de Pedro há cinco anos, mas a sua vida antes de se tornar Sumo Pontífice Bento XVI é pouco conhecida. Diferentemente de seu predecessor João Paulo II, poucos são os detalhes de particulares de Joseph Ratzinger que são conhecidos do público. Um deles vem à tona agora.

“O homem que queria ser bibliotecário” é o título de uma reportagem da revista americana “Inside the Vatican” (“Por dentro do Vaticano”), que conta uma história inédita apresentada pelo Cardeal Raffaele Farina, bibliotecário da Santa Igreja Romana, sobre o “sonho” do Cardeal Ratzinger de se tornar bibliotecário no seu 70° aniversário. Sonho que, como se sabe, nunca foi realizado.

Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, ao contrário do que alguns jornalistas e meios dizem, é uma pessoa muito gentil, simpática, aberta e tímida. O Santo Padre nunca escondeu sua paixão pelos livros e pelos estudos e por debruçar-se sobre uma mesa com milhares de páginas de teologia. Por isto, em 1997, antes de seu 70° aniversário, apresentou sua renúncia como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé ao Papa João Paulo II, na qual pedia a ele que o permitisse se tornar bibliotecário da Santa Igreja Romana.

O Papa polonês, que lhe confiava as mais importantes questões como um dos mais próximos colaboradores e amigo, deu uma resposta negativa ao pedido. Bento XVI, já pontífice, contou essa passagem aos funcionários da Biblioteca Apostólica Vaticana durante uma visita em 25 de junho de 2007:

“Confesso que, quando fiz setenta anos, desejei tanto que o amado João Paulo II tivesse permitido que eu me dedicasse ao estudo e à pesquisa de interessantes documentos e achados que vocês guardam com tanto cuidado, verdadeiras obras-primas que nos ajudam a percorrer a história da humanidade e do Cristianismo”. Logo depois acrescentou: “Em seus desenhos providenciais o Senhor estabeleceu outros programas para a minha pessoa e eis-me aqui hoje entre vocês, não como apaixonado estudioso de antigos textos, mas como Pastor chamado a encorajar todos os fiéis a cooperar na salvação do mundo, cada um cumprindo a vontade de Deus lá onde Ele nos põe a trabalhar”.

A carta ao Cardeal Farina foi publicada na íntegra pela vaticanista Angela Ambrogetti em seu blog “Il Portone di Bronzo”:

http://blognew.aruba.it/blog.angelambrogetti.org/L_uomo_che_voleva_diventare_bibliotecario_34835.shtml.