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Sem a fé nos tornamos ditadores dos outros e de nós mesmos”, afirma arcebispo de Maringá

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Para Dom Anuar, a justiça é um atributo fundamental de Deus

Maringá (Quinta-feira, 08-07-2010, Gaudium Press) O arcebispo de Maringá, Paraná, Dom Anuar Battisti, escreveu, em seu mais recente artigo, sobre a importância da fé na política, recordando o cardeal emérito de Milão, Carlo Maria Martini e o Padre Georg Sporschill, que desenvolvem um belo trabalho com meninos de rua na Romênia e na Moldávia.

Dom Anuar relata, que, certa vez, ambos se encontraram em Jerusalém e passaram noites inteiras em perguntas e respostas. Uma das perguntas foi exatamente esta: Qual a influencia da fé na política? Segundo o prelado, na ocasião, o cardeal respondeu que, como cristãos, olhamos para Jesus, pois ele é o fundamento de algo totalmente novo: a Igreja.

“Jesus realiza a missão de Deus ao criar um segundo instrumento para a paz, ele se coloca na linha de frente. Ele enfrentou as autoridades políticas, como, Herodes, Pilatos, o Sinédrio, os partidos dos fariseus e dos saduceus. Ele lutou apaixonadamente pela justiça e queria muito mudar o mundo. A Igreja deve trabalhar para que o mundo se torne mais justo e mais pacífico”, afirmou Carlo Maria Martini.

Inspirado pelas palavras do cardeal Martini, Dom Anuar ressalta que, de acordo com a Bíblia, a justiça está acima do direito e da misericórdia: é um atributo fundamental de Deus. Para o prelado, a justiça significa comprometer-se com os desprotegidos, significa intervir de forma ativa e ofensiva por uma convivência onde todos vivam em paz. “A Justiça deve vigiar para que o direito, tal como está formulado nas leis, possibilite uma vida digna para todos. Jesus deu sua vida pela justiça. Procurou o diálogo com os poderosos e eles se sentiram incomodados por Ele”, diz.

Dom Anuar comenta também que é importante lembrar que Jesus se pôs do lado dos pobres, dos sofredores, dos pecadores, dos pagãos, dos estrangeiros, dos oprimidos, dos famintos, dos presos, dos humilhados, das crianças e das mulheres.

“O princípio de que a fé sem obras é morta permanece como grande desafio do testemunho pessoal e social dos cristãos, e exige um efetivo compromisso na transformação das estruturas injustas que oprimem e matam a vida dos indefesos. Os bispos do Brasil, ao celebrar os 500 anos de Evangelização, escreveram: desejamos, confiantes, renovar a nossa fé”, salienta o religioso.

Sobre a fé cristã, o arcebispo diz ainda que ela une estreitamente o amor a Deus ao amor aos irmãos, porque um não pode ser autêntico sem o outro. Em outras palavras, segundo Dom Anuar, “O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dignidade da pessoa, e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho” (Doc. CNBB, nº 65).

“Por isso, a fé tem tudo a ver com a política, que tem como primeira e mais importante missão a busca do bem comum de todos e a luta pela justiça social. Sem a fé nos tornamos ditadores dos outros e de nós mesmos”, conclui.

 

 

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