Gaudium news > Reveladas as imagens mais antigas dos apóstolos, nas catacumbas de Santa Tecla

Reveladas as imagens mais antigas dos apóstolos, nas catacumbas de Santa Tecla

André.bmp
Imagem do apóstolo André

Roma (Terça-feira, 22-06-2010, Gaudium Press) Ninguém poderia imaginar que sob um feio e pesado prédio dos anos 70 da Aliança de Seguros, na Via Ostiense, 42, periferias de Roma, próximo à região da Basílica de São Paulo Fora dos Muros, tantos tesouros arqueológicos seriam revelados. Ali se escondem as catacumbas de Santa Tecla, pouco conhecidas e não abertas ao público, que guardam as mais antigas imagens conhecidas dos apóstolos Paulo, Pedro, André e João, descobertas há pouco tempo, entre junho e setembro de 2009. Uma descoberta não muito fácil, feita em condições úmidas e escuras.

Na sala de conferências da Basílica de São Paulo fora dos Muros foi realizada hoje uma coletiva de imprensa de apresentação dos trabalhos. E das novas surpresas.

Em 2009, de forma insuspeita, com laser, foram descobertos afrescos em um cubículo pintado nas catacumbas romanas de Santa Tecla. Os restauradores decidiram usar laser pela primeira vez em um ambiente catacumbal. A primeira imagem recuperada foi uma de São Paulo, localizada no teto do pequeno ambiente. “A alegria desta descoberta era tão grande que queríamos anunciá-la imediatamente, inclusive porque ainda estávamos no Ano Paulino”, disse a responsável pela restauração, Barbara Mazzei.

Paulo.bmp
Afresco com a face de São Paulo pintada

Mas a animação foi contida. E, assim, sucessivos trabalhos levaram à descoberta, em setembro de 2009, de outras imagens; agora, além de São Pedro, também de Santo André e São João. As mais preciosas e mais antigas representações conhecidas dos apóstolos.

A recente tecnologia do laser permitia a restauração de mínima invasão, e de forma extremamente pontual e seletiva, preservando a integridade dos frágeis afrescos, explicaram os técnicos na coletiva. A intervenção do polimento revelou um colorido excepcional das cenas, de brilhantes feixes vermelhos e amarelos, guirlandas de flores vermelhas sobre um fundo branco. Os afrescos chamam a atenção com as suas cores vivazes, cuja originalidade foi mantida durante a restauração.

O cubículo das catacumbas de Santa Tecla tem uma simples planta quadrada com três arcos nas laterais e é do tipo mausoléu nobiliário. As decorações da tumba confirmam, segundo os especialistas, que se tratava da tumba de uma nobre da aristocracia romana do final do século IV, do tempo dos “últimos pagãos”, quando o Senado romano estava tentando manter a religião pagã no Império Romano. Como explicou o professor Fabrizio Bisconti, Superintendente Arqueológico das Catacumbas, a aristocracia foi uma das últimas classes a permanecer pagã.

João.bmp
Afresco com a imagem do apóstolo João também foi restaurado

Os próprios afrescos mostram também outra coisa interessante: o estilo da pintura das pessoas das cenas do colégio apostólico e de Cristo mostram que a pessoa não era capaz de pintar figuras humanas. Os cubículos foram feitos por um grupo de pessoas, cada uma responsável por uma parte específica do trabalho. Neste caso, percebe-se que faltavam pintores para as figuras humanas.

A descoberta se coloca em um “mapa paulino” de significativa importância devocional do Apóstolo das Gentes. Durante o pontificado de Papa Damaso (366-384), foi realizado um projeto político-religioso sobre a concordia apostolorum e a reabilitação de Paulo, que passaria a ser considerado o promotor da conversão dos últimos pagãos.

A intervenção da restauração do cubículo foi feita pela Pontifícia Comissão de Arqueologia Sagrada, e realizada em colaboração e consulta com a Università Ca’ Foscari de Veneza; CNR, Instituto para a Conservação e a Valorização dos Bens Culturais de Sesto Fiorentino de Florença; e Arcadia Pesquisas Srl de Veneza.

 

 

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas