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“Todos devem praticar a fraternidade como princípio de reciprocidade”, afirma o arcebispo de Maringá

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Conforme Dom Anuar, a EdC proporciona meios para diminuir a desigualdade

Maringá (Sexta-feira, 28-05-2010, Gaudium Press) Em tempos em que muito se fala sobre o tema da economia solidária e a importância da valorização do ser humano, e não do capital, Dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá, no Paraná, reflete em seu mais recente artigo sobre a “Economia de comunhão e o perfil do empresário”.

A Economia de Comunhão (EdC), idealizada pela integrante do Movimento dos Focolares, Chiara Lubich, tem como propósito a distribuição do lucro para construir uma sociedade semelhante à primeira comunidade de Jerusalém. Para que esse objetivo seja alcançado, segundo o arcebispo, o trabalho realizado deve envolver empresários, trabalhadores, gestores, consumidores, cidadãos e estudiosos.

O religioso destaca que a espinha dorsal do projeto são as empresas que, livremente, decidem colocar em comunhão seus lucros, segundo três finalidades de igual importância.

“A primeira finalidade é ajudar as pessoas que estão em dificuldade, criando novos postos de trabalho, e satisfazer as suas necessidades básicas por meio de ações de desenvolvimento; a segunda meta é difundir a cultura do dar e da reciprocidade, sem a qual é impossível realizar uma economia de comunhão; e o terceiro objetivo é desenvolver a empresa, que deve permanecer eficiente e competitiva enquanto se abre á gratuidade”, afirma.

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Chiara Lubich, do Movimento Focolares,  idealizadora da Economia de Comunhão

Para Dom Anuar, do ponto de vista da sociedade, ao longo do tempo, a palavra empresário concentra vários sentimentos. O religioso salienta que tal figura é observada de modos opostos: há quem o considere um benfeitor social, que cria empregos, riquezas e bens, e por outro lado, há uma linha de pensamento que o vê como o opressor que expropria a força de trabalho dos seus colaboradores e enriquece por meios ilícitos.

“É no primeiro contexto que o empresário ganha importância fundamental ao se tornar um agente econômico que, percebendo oportunidades de lucro, toma a iniciativa de reunir fatores de produção numa empresa, com o objetivo de sua continuidade e crescimento de suas atividades”, diz

De modo geral, sublinha o prelado, podem-se reconhecer dois aspectos característicos do empresário: primeiro o de empreendedor, e, segundo, o de especulador e oportunista. Para diferenciar esses aspectos, prossegue Dom Anuar, surge o empresário da EdC, do qual se pode destacar algumas características básicas: é sempre membro de uma comunidade; tem como principal objetivo a fraternidade; e só se dá por satisfeito quando vê a sua comunidade empresarial se tornar um local de comunhão.

“Portanto, se alguém leva a sério isso, desencadeia uma revolução. Por quê? Porque o modo normal de compreender o papel do empreendedor é considerá-lo como o gestor da empresa. Cabe acrescentar que o propósito principal do empresário da EdC não é ‘fazer assistência aos pobres’, mas proporcionar meios que diminuam a desigualdade social”, ressalta.

O arcebispo analisa ainda que para que seja possível exercer tudo isso, quatro pontos fundamentais devem ser destacados no desempenho da função de empresário da EdC. Primeiramente, é essencial tratar todos com estima, com escuta profunda. Se os trabalhadores não se sentirem estimados, mas simplesmente um número na empresa, eles não respondem aos estímulos; em segundo lugar, vem a dignidade. Quem recolhe o lixo deve sentir-se tão importante como o banqueiro.

E em terceiro lugar, continua o prelado, está a participação, ou seja, não se pode dizer pela manhã “vamos viver a comunhão” e durante o dia não fazer existir nenhuma forma de participação. Por último, a decisão da destinação da riqueza produzida pela empresa deve ser tomada em conjunto entre empresário e colaboradores.

“Dessa forma, espera-se que as relações humanas nas empresas de EdC possam proporcionar elevação de competitividade e, principalmente, harmonia entre proprietários e colaboradores, no sentido de que todos pratiquem a fraternidade como princípio de reciprocidade”, conclui.

 

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