“O que posso dizer é que serei um bom bispo, do povo e dos padres”, diz o novo bispo de Santa Cruz do Sul
“Hoje sei que acertei na minha vocação”, diz Dom Canísio |
Santa Cruz do Sul (Quinta-feira, 27-05-2010, Gaudium Press) Com o recente pedido de renúncia do bispo de Santa Cruz do Sul (RS), dom Aloísio Sinésio Bohn, por motivo de idade, o Papa Bento XVI nomeou, no dia 19 de maio, dom Canísio Klaus, como terceiro bispo da diocese gaúcha, transferindo-o da diocese de Diamantino, no Mato Grosso. Em uma entrevista exclusiva para a Gaudium Press, dom Canísio fala sobre sua alegria com a nomeação, suas expectativas, planos e projetos relacionados a esse novo trabalho ministerial.
Gaudium Press – Como o senhor se sente com essa nova missão conferida pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI?
Dom Canísio – Eu sinto que é um chamado de Deus, que me quer como bispo em outra Igreja. Não que não estivesse bem aqui, na diocese de Diamantino, eu estava muito bem por sinal, mas a missão é assim mesmo, precisamos estar disponíveis para continuar dando sim, que um dia foi dado pela primeira vez, ao nos tornarmos padres. Fui agraciado por Deus com essa nova missão, e assumo com alegria e com espírito de doação esse chamado para trabalhar na diocese de Santa Cruz do Sul.
GP – Como foi a descoberta da sua vocação sacerdotal?
Dom Canísio – Sou de uma família humilde do interior da cidade de Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul. Meus pais foram agricultores e meus irmãos ainda lidam no campo até hoje. Eu nasci tendo contato com uma espiritualidade muito forte e grande, com o desejo e o incentivo de meus pais e avós de verem um familiar se tornar padre. Eu fui o último dos meus irmãos a entrar no seminário, todos foram antes, mas nenhum perseverou. O seminário me abriu muita perspectiva vocacional, fui me identificando com esse chamado e fui crescendo com os anos de formação lá dentro. Após minha ordenação sacerdotal, ocorrida em dezembro de 1979, em Santa Cruz do Sul, percebi um desejo muito latente de fazer trabalho missionário, e assim surgiu a oportunidade de ajudar a Igreja do Mato Grosso. Em 1998 fui ordenado bispo, e imediatamente fui chamado para ser bispo de Diamantino, onde trabalhei por 12 anos. Hoje, sei que acertei na minha vocação, porque aquilo que Deus pensou para mim, eu descobri, e aqui estou me realizando, me sentindo plenamente feliz.
GP – Como é deixar a diocese de Diamantino, em que trabalhou tanto tempo, e agora assumir outra diocese, aonde terá que dar início a um novo trabalho ministerial?
Dom Canísio – Não é fácil, porque essa foi a primeira experiência em uma diocese, portanto, Essa é minha primeira transferência como bispo. Estávamos num trabalho bem promissor com a comunidade de Diamantino. Estava exercendo minha missão como bispo com muita alegria e disponibilidade, junto com o povo, que me compreendeu e apoiou em todos os projetos de evangelização propostos e executados durante esses anos de convivência. Às vezes penso que não seria o momento certo para sair, mas é a vontade de Deus e eu estou disponível para ir aonde ele desejar. E esse novo ministério que irei assumir, farei com o mesmo espírito de disponibilidade e generosidade para servir ao Senhor.
GP – Qual a importância dessa nomeação em pleno Ano Sacerdotal?
Dom Canísio – Eu sei que o Papa promulgou esse Ano Sacerdotal, justamente para conscientizar o sacerdote que o seu chamado nasce do amor do coração de Jesus. Sendo assim, somos chamados também para a fidelidade a Cristo e fidelidade ao sacerdócio. Então isso pesou bastante para minha resposta positiva, alegre e generosa para mais esse chamado. Para ser fiel é preciso dizer sim a vontade de Deus.
GP – Como espera que seja feito seu ministério na diocese gaúcha? Já sabe qual será o seu foco de atuação, dentro da diocese?
Dom Canísio – Bom, eu tenho 31 anos de padre e desses anos todos, 22 eu trabalhei fora da diocese, nas missões no Mato Grosso. Então, na verdade, os meus primeiros anos foram na diocese de Santa Cruz do Sul, onde me ordenei sacerdote. Eu já conheço a diocese, é minha diocese de origem, conheço muitas realidades de lá, sei também de alguns desafios. Entretanto, eu prefiro primeiro assumir, ver com os olhos e sentir com o coração para poder traçar projetos e trabalhos imediatos que deva se realizar. Mas, pretendo continuar o trabalho que está encaminhado dentro da dimensão pastoral, social e formativa da diocese de Santa Cruz do Sul. Especialmente, me dedico sempre às questões da família e das vocações. De antemão, o que posso dizer é que serei um bom bispo, um bispo do povo e dos padres, alegre, serviçal, como é o meu lema: “Eis- me aqui Senhor, venho para servir com alegria”.
GP – Que mensagem o senhor gostaria de deixar para os leitores da Gaudium Press?
Dom Canísio – Quero dizer a todos que quem se entrega ao serviço da Igreja, deve servi-la aonde Deus desejar, e não aonde quer. Porque se não fosse assim, eu não estaria agora partindo. Estou partindo porque um dia eu cheguei aqui. Assim, estou indo para Santa Cruz do Sul para, segundo a vontade de Deus, realizar seus projetos nos anos que me conceder lá.
A cerimônia de posse de Dom Canísio será realizada no dia 18 de julho, ás 16hs, na Catedral São João Batista, na cidade de Santa Cruz do Sul.
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