Artigo: Vinho Dubonnet e os monges da Idade Média
Sem civilização cristã, provavelmente mistura de Hipócrates não teria passado de um vomitório |
Bogotá (Sexta-feira, 21-05-2010, Gaudium Press) Nem todos sabem que os vinho aperitivos foram quase em sua totalidade originados na Idade Média. Acompanhe a seguir artigo exclusivo da Gaudium Press que conta a história da origem de um vinho francês chamado Dubonnet:
Os vinhos aperitivos – que hoje desfrutam os que sabem da boa mesa – são quase todos de origem medieval. Foram sabiamente elaborados por monjes enfermos, que no monastério, movidos pela caridade fraterna, com o intuito de melhorar a saúde de um membro muito doente, experimentavam, com fé, misturas de vinho e plantas medicinais, medindo a temperatura, receitando as doses diárias e até o recipiente em que devia ser tomado. Muito provavelmente, incluiam também na formulação a prece de uma Ave Maria antes e depois de beber a mistura.
O vinho Dubonnet é uma dessas fórmulas que, apesar de ter o nome de quem o comercializou e o tornou famoso no século XIX, possivelmente nasceu na alta Idade Média. Há, ainda, aqueles que afirmam que parte da fórmula venha da época de Hipócrates, mas que se perdeu depois da queda do Império Romano.
Alguns falam que o Dubonnet leva quinina. Ninguém sabe ao certo sua composição original |
Que era um remédio para baixar a febre e melhorar a digestão não cabe dúvida, mas não ocorreu aos antigos misturá-lo com uma espécie do Rosellon francês, pequena, negra e silvestre que dá à bebida esse toque diferenciado de hoje em dia. Humilde e singela, macerada ou misturada com ervas, fermentada e servida quente, ela deve ter sido um aromático remédio nos monastérios que se enobreceram por sua generosidade.
O leve sabor amargo não deixa de recordar ao degustador que a vida não é um trago doce de passar. E o fato de sanar como de abrir o apetite é uma prova a mais de sua bondade, uma bondade que fala de um Deus-homem, que se fez macerar por nossa salvação. Na verdade, bem que se podia pensar encontrar na bebida pequenas gotinhas do sangue do Redentor, pois é muito provável que, sem a civilização cristã, a “mistura” de Hipócrates não teria passado de um vomitório espantoso que mesmo curando não salvaria, nem muito menos convidaria a desfrutar a bebida antes de uma boa ceia.
Uvas pequenas, negras e silvestres dão a bebida atual um toque diferente |
A polêmica de sua origem está, todavia, viva, principalmente, porque ninguém conhece com exatidão seus ingredientes, nem a s porções, medidas e processo de sua elaboração. Uns falam de quinina, outros de cascas de laranja; não faltam os que lhe põem café preto e até cacau tostado. De todas as maneiras, no entanto, há direito ao segredo industrial, ainda que alguns membros da União Europeia estejam querendo descobri-lo para igualar as antigas marcas de origem.
A história conta que um tal Joseph Dubonnet, médico das tropas de Napoleão Bonaparte, diante de uma peste infecciosa com febre e disenteria, fez a mistura em grandes panelas e mandou servi-la no acampamento. Conhecia a fórmula? A suas propriedades curativas se somou a alegria e, assim, a febre de todos os soldados infectados diminuiu. Que a bebida tenha sido registrada em 1846 não quer dizer que sua fórmula não seja anterior a este acontecimento, a qual alguns historiadores, parciais sempre a favor do denominado “século das luzes”, prefiriram localizar lá e não na “obscura” Idade Média, nem muito menos em um piedoso e singelo monastério.
Por Antonio Borda
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