Missa de encerramento do Congresso Eucarístico tem anúncio de sede da próxima edição

Brasília (Domingo, 16-05-2010, Gaudium Press) Foi um feliz simbolismo. Hoje pela manhã, marcando o início da santa missa de encerramento do XVI Congresso Eucarístico Nacional, centenas de balões coloridos foram soltos em direção ao céu. Um coincidente prelúdio do Evangelho do dia, Festa de Ascensão do Senhor, quando Cristo subiu aos céus 40 dias após sua ressurreição.

O sol e calor fortes do domingo brasiliense não impediram os fiéis, “discípulos missionários”, de comparecerem ao jardim da esplanada dos ministérios munidos de sombrinhas para acompanhar a cerimônia eucarística presidida pelo cardeal Dom Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero.

91 mil fiéis dobraram o sol forte para acompanhar a missa conclusiva do XVI Congresso Eucarístico Nacional, um dos maiores do mundo

A homilia de Dom Cláudio sobre o Evangelho de Lucas retomou reflexões já feitas na conferência que o cardeal ministrou no Simpósio Teológico do Congresso, abordando o conceito de discípulo missionário e do valor da Eucaristia, mas foi também dedicada aos sacerdotes e à importância de seu trabalho para a Igreja.

No início de sua alocução, Dom Cláudio citou e agradeceu especialmente a presença na cerimônia do núncio apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri; do arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Aviz; de Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB; Dom Piero Marini, presidente da Comissão Internacional dos Congressos Eucarísticos, vindo especialmente de Roma; e do bispo de Belley-Ars, “que quis trazer a relíquia do Santo Cura e estar conosco nesses dias”. Entre as autoridades políticas, estavam os senadores Marco Maciel e Pedro Simon.

Em seguida, o cardeal saudou, em particular e com grande júbilo, todos os jovens, em grande número na missa, pela adoração ao Santíssimo Sacramento feita por eles em vigília durante a noite deste sábado. Na homilia, Dom Cláudio abordou especialmente o sacramento da Eucaristia e recordou que ele é o dom principal da Igreja.

“A Eucaristia é força e missão para o missionário, é força para o apostolado. O Papa Bento XVI, que acompanha o congresso espiritualmente, lembra que Domingo é o dia da Eucaristia, dia do Senhor, e pede que os fiéis não deixem de frequentar a missa nesses dias. Um domingo sem missa não é um domingo completo, e é preciso lembrar-se da importância de seguir esse mandamento”, afirmou o cardeal.

Dom Cláudio citou o testemunho dos beatos mártires de Cunhaú e Uruaçú, no Rio Grande do Norte, mortos em 1645 com um grupo de fiéis enquanto comungavam e que foram beatificados pelo Papa João Paulo II. Ele destacou o mártir Mathes Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas enquanto gritava ‘louvado seja o santíssimo sacramento’, como um exemplo de fidelidade à eucaristia a ser seguido pelos fiéis.

Sobre o Evangelho do dia, Dom Cláudio lembrou que, antes de ascender aos céus, Jesus orientou seus fiéis para que fossem pelo mundo como discípulos para anunciar o Evangelho. “Através dos séculos, a Igreja sente-se impulsionada por esse labor. Mas recentemente, percebe-se uma urgência missionária e os últimos papas fizeram questão de recordar isso”.

O cardeal explicou que os destinatários principais desse labor missionário são as pessoas e os povos que estavam afastados, que foram batizados, mas não seguem a Igreja ou os que mudaram de crenças. “Bento XVI disse com razão que não basta conservar as comunidades que temos, ainda que isso seja importante. Temos de ir atrás de novos discípulos”.

Dom Cláudio voltou a falar do Documento de Aparecida, no qual os bispos refletiram o tema e chegaram a conclusão de que para ser missionários, somente sendo bons discípulos – “alguém que segue Cristo com devoção e rigor”.

“É preciso renovar em todos os católicos do Brasil a necessidade de serem discípulos e discípulas e, a partir disso, se tornarem missionários de Deus. Mas como as pessoas podem ter fé se ninguém lhes anuncia o Evangelho? Todos os seres humanos precisam ouvir o Evangelho”.

Para o cardeal, é imperativo destacar a importância dos sacerdotes como principais condutores desse labor missionário. “Neste ano Sacerdotal, é bom recordar também o quanto nossos padres são indispensáveis e insubstituíveis nesse empenho. Pois são os pastores das comunidades locais, e devem fazer a missão no território de sua paróquia, escolhendo um bom grupo de leigos e leigas e sair visitando as famílias”, recomendou.

Essa missão, para os sacerdotes, conforme explica o enviado do Papa ao Congresso, os ajuda também a renovar seu sacerdócio.

Como exemplos aos presbíteros para inspiração missionária, Dom Cláudio apontou o padre Ancheita, Padre Inácio de Azevedo, o Frei Galvão, os dois beatos do RN, o beato mártir padre Manuel Gomes, entre outros.

E falou novamente, como já havia feito em sua intercessão no simpósio, que é preciso focar a missão, primeiramente, nos pobres. “Os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho”, disse, usando as palavras de Bento XVI.

Dom Cláudio também abordou o Lema do congresso, “Fica Conosco, Senhor”, ao explicar que, ainda que seja necessário partir em missão como discípulos missionários a partir da eucaristia do congresso, não se pode fazer isso sem Jesus.

“Essas palavras têm uma ressonância importante também hoje em dia para a Igreja, quando ela passa por momentos difíceis. A Igreja também suplica que Cristo fique com ela”, declarou, concluindo sua homilia.

Imagem de Nossa Senhora Aparecida que será entregue ao Papa

Ao final da missa, foram feitos pelo liturgista um agradecimento e uma salva de palmas especiais ao arcebispo de Brasília e foi anunciado, ao lado do arcebispo de Belém do Pará, que o próximo Congresso, em 2015, será realizado na capital paraense. O pedido, aceito pela CNBB, se justifica também porque Belém celebrará o quarto centenário de sua arquidiocese e por marcar o aniversário do início da evangelização da Amazônia.

Antes do encerramento oficial do Congresso por Dom Cláudio Hummes, com uma benção apostólica como representante do Papa, o arcebispo de Brasília entregou ao purpurado a imagem de Nossa Senhora Aparecida vinda do Santuário, para que seja entregue ao Papa Bento XVI como um presente do Congresso.

Uma chuva de pétalas de rosas, despejadas por helicópteros sobre as 91 mil pessoas presentes, concluiu a grande festa de Eucaristia celebrada em Brasília.

E que venha Belém.

Luciano Batista