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Ao abordar tema do Congresso em conferência, Dom Cláudio Hummes destaca Missão Continental

Brasília (Sexta-feira, 14-05-2010, Gaudium Press) O cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, enviado especial do Papa Bento XVI para o 16° Congresso Eucarístico Nacional, ministrou na tarde desta sexta-feira uma conferência sobre o tema geral do congresso: “Eucaristia. Pão da Unidade, Vida dos Discípulos e Missionários”. A conferência aconteceu pelo Simpósio Teológico, realizado, juntamente com o Simpósio Bioético, dentro da programação do evento.

A conferência do prefeito da Congregação para o Clero ocorreu no maior auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que abriga as plenárias em Brasília. O centro de convenções, com capacidade para três mil pessoas, estava lotado. A grande presença do público, aliás, foi um dos primeiros pontos destacados pelo purpurado em sua fala.

Dom Cláudio Hummes também desculpou-se por abordar o tema da mesa sob uma ótica voltada à sua própria experiência, ou seja, mais pastoral, e não propriamente teológica. Ele recordou que o tema do congresso e da conferência do simpósio para o qual foi convidado a falar remete invariavelmente ao tema da V Conferência do Celam (“Discípulos e missionários de Jesus Cristo para que os povos tenham a vida Nele”), realizada em Aparecida, em 2007.

Mas para falar sobre o assunto, o cardeal preferiu destrinchar sua alocução em três partes complementares: a primeira referente à Eucaristia, a segunda ao Discípulo e a terceira ao Missionário.

Eucaristia

“A Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a evangelização. Tudo converge para a Eucaristia. Ela é o centro da vida na Igreja”. Segundo Dom Cláudio, a Eucaristia é a razão-mor do ser Igreja, porque é a fonte que produz a unidade dela. “Todos os sacramentos, todos os trabalhos da Igreja, como destacou o Concilio dos Sacerdotes, são uma ordenação que conduz todos ao Santíssimo Sacramento”.

O cardeal lembra que foi por esta unidade que Jesus rezou na última ceia, pedindo a seus discípulos que ficassem unidos Nele e por todos os que, por meio de suas palavras, seriam conduzidos. É por isso que a Eucaristia congrega, explica Dom Cláudio, porque ela é “a unidade e dom do espírito Santo, derramado aos discípulos em Pentecostes”.

E como a Eucaristia congrega todos na mesa da comunhão, também os faz seguidores – em outras palavras, discípulos.

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Dom Cláudio, na conferência desta tarde no Simpósio Teológico; segundo ele, “o verdadeiro discípulo sempre se torna missionário”

Discípulos

“As conclusões da Conferência de Aparecida se constituem em referência para o tema, em especial no que diz respeito à Missão Continental, que deve acontecer em cada diocese, em cada comunidade local, em cada paróquia e em cada pessoa singularmente”, explica Dom Cláudio ao explanar sobre o ser discípulo.

A Missão Continental foi amplamente destacada pelo cardeal para exemplificar a necessidade de ser discípulo e, depois disso, missionário. Ele explica que a Missão quer retomar o princípio de Jesus aos apóstolos: “Ide e fazei discípulos todos os povos do mundo”.

Assim, diz, a Missão Continental, segundo o Documento de Aparecida, ainda que abarque todos, se destina especialmente àqueles que estão afastados e os que não são cristãos.

Dom Cláudio diz ainda que o “itinerário” apresentado por Aparecida para se fazer discípulo começa, como pregava João Paulo II, com um “encontro”.

“Tudo começa necessariamente com um Encontro, um encontro forte e pessoal e depois comunitário, com Jesus”, declara o cardeal, emulando as palavras do antecessor de Bento XVI. E esse Encontro tem início com uma atração oferecida por Deus. “É Deus Pai quem nos atrai, por meio da entrega eucarística de seu filho”, continua. “Este é o dom do amor”.

Mencionando a encíclica de Bento XVI ‘Deus Caritas est’ – “outro texto imperdível” – Dom Cláudio diz que não se começa a ser cristão por uma decisão ética, pessoal, mas por um acontecimento, por um encontro com esse acontecimento, que é Jesus Cristo.

Hoje, no entanto, diferentemente da época dos apóstolos, é preciso fazer um encontro com um Jesus que não está mais entre o seu povo. Pois é precisamente na Igreja, aponta o cardeal, que os homens podem ser conduzidos a esse encontro transformador com Cristo, sendo a Palavra de Deus e a Eucaristia os dois lugares, no âmbito eclesial, nos quais se pode encontrar com Deus.

“Quem participa da Eucaristia já teve um encontro pessoal inicial com Cristo, no batismo, mas que foi involuntário porque quando criança ainda não se tem o uso da razão. Na Eucaristia, esse encontro voluntário já é possível”.

O discípulo é essencialmente alguém que escuta o mestre, de coração acolhedor e aberto, sem ressalvas e incondicionalmente, reflete Dom Cláudio. “Sobre isso, o documento de Aparecida diz: ‘A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo'”.

Missionário

Para o cardeal brasileiro, o verdadeiro discípulo sempre se transforma em missionário, uma vez que o primeiro impulso que nasce da transformação após o encontro com Jesus é o de levar a boa nova adiante. “Isso é a evangelização”, explica.

Ainda segundo Dom Cláudio, esse missionário deve ter em mente que a prioridade de sua evangelização é levar outros para a mesa da eucaristia, não se esquecendo ele próprio de se alimentar da Eucaristia, pois “da Eucaristia se tem o impulso missionário”.

Para o purpurado, existe hoje uma nova urgência missionária, manifestada pela Missão Continental e a consciência dela na America Latina. “A Igreja sabe que deve sair em missão atrás das ovelhas que se perderam e das que nunca fizeram parte desse rebanho”.

Mas como buscar as primeiras ovelhas? Por onde? Conforme o enviado do Papa ao Congresso da Eucaristia do Brasil, “é preciso lembrar que são os pobres os principais destinatários dessa missão, como o próprio Jesus Cristo falou. Em Aparecida, os bispos renovaram esse enfoque. O discípulo feito missionário deve, portanto, ir em busca dos pobres”, sentenciou, ao final.

Uma grande rodada de aplauso seguiu-se à conclusão da conferência de Dom Cláudio no Simpósio Teológico. E, vale dizer, um grande número de discípulos, prontos a serem missionários, saíram por sua vez renovados do auditório.

Pedro Ozores Figueiredo

Fotos: Luciano Batista 

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