Missão e democracia serão temas de estudos na Assembleia dos Bispos

Brasília (Quarta-feira, 05-05-2010, Gaudium Press) Em uma entrevista coletiva mediada pelo arcebispo do Rio de Janeiro e presidente da Comissão para a Educação, Cultura e Comunicação Social da CNBB, Dom Orani João Tempesta, pelo segundo dia das plenárias da 48ª Assembleia Geral, estiveram presentes o arcebispo de Porto Alegre (RS), Dom Dadeus Grings, o bispo de Colatina (ES), Dom Décio Zandonade, e o bispo de Araçuaí (MG), Dom Severino Clasen.

Da esq. para a dir.: Dom Orani, Dom Severino, Dom Dadeus e Dom Décio, em entrevista coletiva concedida hoje

Por mais de uma hora, eles explicaram aos jornalistas quais seriam as linhas de estudo e discussão que serão tratados durante os dias em que acontece a Assembleia Geral dos Bispos, entre eles o tema central do encontro: “Discípulos e servidores da Palavra de Deus e a Missão da Igreja no Mundo”.

Segundo Dom Décio Zandonade, “este [a missão] é um tema importante para a vida da Igreja e a discussão deve ser desenvolvida em um âmbito maior, como a Assembleia Geral”. Ele acrescentou ainda que a missão de Jesus ultrapassa a esfera da Igreja “e esta missão deve ser desenvolvida junto à sociedade”.

O bispo de Colatina apontou ainda outros temas importantes que serão debatidos, como a questão da reforma agrária que, segundo ele, “merece mais reflexões e não se desenvolve em apenas uma assembleia”.

Dom Severino Clasen abordou a questão do Projeto Ficha Limpa e disse que a sua aprovação é de fundamental importância para a consolidação da democracia brasileira. Segundo ele “os nossos representantes no Congresso Nacional são homens e mulheres honestos e por isso acreditamos que não haverá problemas para a aprovação deste projeto”.

Ao arcebispo de Porto Alegre, ficou a questão mais delicada e polêmica: os casos de pedofilia na Igreja. Dom Dadeus disse que a pedofilia “é um mal, um crime que fere muito a Igreja Católica e que deve ser combatido”.

Ele disse ainda que este tema deve ser debatido num âmbito maior que o da Igreja. Dom Dadeus afirmou que o debate está no ambiente eclesiástico porque a Igreja sempre combateu este mal e porque ela é bastante visada por trabalhar grandes causas mundiais em favor da humanidade. O arcebispo de Porto Alegre fez questão de ressaltar que “apenas 0,2% dos casos de pedofilia no mundo estão relacionados à Igreja Católica e os holofotes da imprensa devem estar atentos a esta estatística”. “Porém, é preciso dizer que os casos na Igreja precisam ser corrigidos”, reconheceu.

Para complementar o assunto, o porta voz da Assembleia, Dom Orani João Tempesta, explicou que este tema foi incluído na pauta a pedido de alguns bispos e foi nomeada uma comissão para apresentar considerações à Assembleia.

Dom Dadeus aproveitou também para falar sobre o tema central do encontro. Segundo ele, a Assembleia “ambienta as riquezas das discussões em torno da Palavra de Deus, do mesmo modo que o Sínodo de Roma enfatizou ao redor do Papa em outubro de 2008”.

“A Palavra de Deus se identifica com Jesus Cristo, com o que ele faz, com o que ele é e por isso vamos discutir esta temática, pelo significado da Palavra de Deus para a vida da Igreja”, finalizou Dom Dadeus.

Ajuda do Papa

Na abertura da sessão inaugural da 48º Assembléia Geral dos Bispos do Brasil o momento mais marcante foi o anúncio de que o Papa Bento XVI vai enviar 1 milhão de euros para ajudar a Igreja da Amazônia. Segundo Dom Orani, “este dinheiro vai ajudar vários locais da Amazônia que não têm facilidade de economia”.

“O povo necessita de tudo e nós temos muitos hospitais, muitas casas de crianças, muito trabalho de escola, muito trabalho de desenvolvimento, de alimentação e para as pessoas da Amazônia e temos a Igreja e os bispos da Amazônia que ajudam, então é uma ajuda muito importante e uma sensibilidade do Papa Bento XVI para com a Amazônia”, declarou.

foto: CNBB