“O hoje exige de todos a construção de pontes, e não muros”, diz arcebispo de Maringá
Maringá (Quinta-feira, 15-04-2010, Gaudium Press) Em seu artigo semanal, intitulado “Ainda é possível lavar os pés”, dom Anuar Battisti, arcebispo metropolitano da arquidiocese de Maringá, no Paraná, fala da importância e da necessidade de sermos testemunhas de Cristo, exemplos de vida, “cristãos tocados e apaixonados pelo Mestre, pois assim o lavar os pés não será somente uma encenação que se repete uma vez por ano, mas a transformação do Evangelho em palavras de vida e de vida eterna”.
O arcebispo abre seu artigo lembrando que passada a festa da páscoa tudo volta à sua rotina. O prelado afirma que o surgimento dos questionamentos referentes à vida suscitados no período deve vingar, e pede que tudo não tenha passado apenas de mais um “feriadão”, ou até de belas cerimônias litúrgicas.
Arcebispo vê cerimônia do lava-pés como representação da purificação das relações humanas mais básicas |
“A semente foi lançada, os terrenos são os mais variados possíveis, mais cedo ou mais tarde vai germinar e dar seus frutos, porque a semente é de primeiríssima qualidade, não existe outra melhor. A semente da Boa Notícia de Mestre Jesus é a única e não tem outra para ser comparada”, diz.
Para reforçar seu pensamento, o prelado nos recorda o lava-pés, realizado na Quinta-feira Santa, e ressalta que lavar significa purificar, deixar limpo, tirar a sujeira, criar um ambiente novo, ao passo que os pés formam a base, dão segurança no caminhar, fazem entrar em comunicação com o outro, nos possibilita criar relações com o diferente.
“Assim, lavar os pés significa purificar nossas relações humanas, formais e frias, mantidas na base da falsidade, das críticas e julgamentos comprometendo a própria honra e dignidade. Significa criar relacionamentos verdadeiros, tirando as máscaras da enganação e das vantagens pessoais, invertendo os comportamentos egoístas e interesseiros que excluem e marginalizam o outro”, analisa.
Para Dom Anuar, lavar os pés significa ainda dar oportunidade ao caído e fazer com que ele caminhe com os próprios pés, encurtando distâncias, vencendo diferenças, superando divisões, transformando os inimigos em amigos, deixando de lado o ódio, a vingança e a raiva que somente matam toda a possibilidade de reconciliação.
“Por fim, lavar os pés significa defender a dignidade e a vida desde o nascimento até a morte natural. Significa não fazer do carro uma arma que mata, fere e tira a possibilidade de viver sem traumas. Significa assumir juntos, as lutas contra as epidemias, principalmente contra a dengue que é uma verdadeira ameaça à vida humana”, acrescenta.
Na compreensão do mandato de Jesus, afirma o arcebispo, está a pessoa que deve ser amada sem colocar condições, começando pelo amor a nós mesmos, para poder amar. Ele prossegue destacando que diante deste mandato do Mestre e Senhor não há outra saída senão a do serviço desinteressado ao outro, sem se importar quem seja. “As manchas da sujeira vão desaparecer, os pés ficarão limpos na medida em que formos capazes de criar relacionamentos verdadeiros”.
“O hoje exige de nós a construção de pontes, e não muros, fazer das rupturas e divisões oportunidade para crescer criando espaço para uma vida melhor. Na medida em que nos distanciamos uns dos outros, também nos distanciamos de Deus. O relacionamento transparente e sincero favorece uma oração limpa e sincera. Esta é a hora de atar compromissos e sermos responsáveis por fazer a Palavra de Deus se tornar vida e não só discurso ou meditações piedosas”, concluiu.
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