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Artigo: Os Tambores de Calanda

São Paulo (Segunda-feira, 29-03-2010, Gaudium Press) Acompanhe abaixo artigo de Antonio Borda que Gaudium Press oferece pela Segunda-feira Santa e aborda tradição em cidade espanhola, cujos sinos dobram na quinta-feira da Paixão anunciando martírio de Jesus.

 

Os Tambores de Calanda

Na pequena cidade espanhola de Calanda, o som dos tradicionais tambores da quinta-feira santa anuncia que Jesus está preso e prestes a morrer na cruz.

Uma pequena cidade na região de Aragão, Espanha. Calanda: pequena no tamanho, mas grande na sua religiosidade e tradição. Há anos, seus tradicionais tambores anunciam, na quinta feira Santa, que Jesus está preso e prestes a ser condenado e morto na cruz. O som seco deste instrumento musical expressa dor e seriedade.

A tradição destes tambores é antiga, mas existem relatos de que a partir do final do século XIX eles começaram a ser tocados exclusivamente na Semana Santa. E esta tradição deixa marcas no povo aragonês tanto que o cineasta Luis Buñel fez questão de que os tambores deixassem de ser tocados. Buñel nasceu em Calanda em 22 de fevereiro de 1900 e não foi um católico exemplar. Por este motivo, ele não dava valor a Semana Santa e o seu verdadeiro significado.

A origem dos tambores em Calanda

Segundo relatos históricos, toda a região da Calanda era formada por oito municípios cujos terrenos estavam na posse de uma antiga ordem de cavalaria. Os monges militares faziam o voto de, precisamente nesses dias, percorrer a cavalo os caminhos daquela parte de Aragão fazendo retumbar seus tambores para relembrar com luto e dor a prisão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

As pessoas recolhiam-se em suas casas. Homens, mulheres, crianças e idosos compreendiam, pelo toque dos tambores e o silêncio dos sinos das Igrejas, que estavam vivendo dias que comoviam o Céu.

O som dos tambores podia falar muito mais do que as homilias e sermões, ensinar mais do que os santos ensinaram. O seu toque mostrava ao “pequeno povo de Deus” que a Semana Santa é tempo de acompanhar com mais piedade e devoção o sacrifício de Jesus Cristo.

Quem acompanha a história dos tambores de Calanda conhece o tradicional “El Duelo”. É o encontro de várias “confrarias” que seguem para a praça central da cidade, cada uma batendo os seus tambores, com toques e repiques peculiares. Durante horas, as “confrarias” tocam juntas e pouco a pouco vão perdendo o ritmo e quando isso acontece, são obrigadas a deixar a competição. Ao final restam apenas duas que ficam uma tentando fazer a outra perder compasso e repique de seu tambor.

Quando isto acontece, a “confraria” vencedora segue tocando e as outras tomam o compasso e repique do grupo ganhador, acompanhando o modo de tocar aumentando o som.
Os tambores de Calanda são considerados patrimônio religioso, histórico e turístico de toda a nação espanhola. Cada confraria mostra sua própria cor, seu brasão, pendão… e dor.

O milagre de Calanda

O ano de 1640 marcou profundamente a história da cidade de Calanda e a sua vida religiosa. Miguel Pellicer Blasco, um jovem de 19 anos de idade sofreu um acidente de trabalho. Ele vivia com um tio na cidade de Castellón e tinha como trabalho, conduzir uma carroça com trigo. No dia 3 de agosto de 1637 ele sofreu uma queda da carroça e uma das rodas passou por cima de sua perna direita. Como conseqüência, ela teve de ser amputada. A cirurgia aconteceu no Hospital das Graças, em Zaragoza. Após se recuperar, a família de Blasco decide levá-lo de volta a Calanda. Na noite de 29 de março de 1640, antes de seus pais irem dormir, entraram no quarto de seu filho e percebem que debaixo da manta, estavam as duas pernas, perfeitas. Assustados, acordaram Miguel que saiu de sua cama e, mesmo com dificuldades, conseguiu caminhar. A casa da família Blasco se tornou um centro de romarias com pessoas vindas de várias partes da Espanha para presenciar o milagre.

No outono de 1641, Miguel viaja com a família para Madri onde é apresentado ao Rei Felipe IV que, como reverência, lhe beija a perna. No final do século XVII começa a construção de um santuário que recebe o nome de Templo de Pilar, localizado na casa da Miguel Pellicer e dedicado a Virgem do Pilar, a quem se atribui o milagre. Atualmente, onde estava a casa da família, se encontra uma capela em homenagem ao milagre.

 

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