Cardeal Hummes abre Congresso Teológico Internacional com defesa de valores essenciais do sacerdócio
Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 11-03-2010, Gaudium Press) Ao abrir os trabalhos na manhã de hoje do Congresso Teológico Internacional, que acontece na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, o dicastério que está a frente da iniciativa, fez um discurso ressaltando os valores tradicionais do sacerdócio, como o celibato.
O purpurado discursou após a introdução do cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica. Logo no início, Dom Cláudio saudou as centenas de sacerdotes presentes no auditório. “Agradeço (…) aos ilustres relatores e a cada um dos presentes por terem respondido ao apelo da Congregação e pela contribuição que poderão trazer à própria realidade, dilatando o fruto dos trabalhos destes dias”. Em seguida, o cardeal discorreu sobre o sacerdócio comum dos fiéis, de quem Jesus é pastor.
“Cristo, de fato, quis tornar-nos participantes da Sua própria Realidade, fazendo com que sejamos membros vivos de Seu Corpo. De fato, pela fé e pelo sacramento do Batismo nos tornamos participantes de Sua filiação divina. Nele, somos realmente filhos de Deus, por participação. Eis a realidade fundamental da nossa salvação. Em consequência, a comunidade dos crentes, a comunidade dos discípulos, torna-se o Corpo místico de Cristo, o seu Povo, a sua Igreja. Este Povo é um povo sacerdotal porque é o Corpo místico de Cristo, eterno Sacerdote”, explicou o que é o sacerdócio comum dos fiéis o cardeal Hummes.
Depois, o prefeito da Congregação para o clero ponderou a respeito da essência do ser sacerdócio, primeiramente, abordando-a sob a ótica de Jesus Cristo, que, segundo o cardeal, foi pastor de seus discípulos e, depois, confiou a alguns o labor de seguir anunciando a boa nova e conduzindo o rebanho de fiéis em seu lugar.
“Mesmo permanecendo Jesus Cristo, morto e ressuscitado, o único Pastor e Chefe, os escolhidos por Ele entre os seus discípulos, e consagrados com a unção do Espírito Santo no Sacramento da Ordem, também eles, por participação, mas, realmente, são constituídos chefes e pastores da Igreja e agem “in persona Christi Capitis”. Eis o sacerdócio ministerial! Em relação ao sacerdócio ministerial, o Concílio Vaticano II ensina que o mesmo difere essencialmente do sacerdócio comum dos fiéis, todavia, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo LG n.10)”.
Dom Cláudio Hummes também falou sobre a importância da fidelidade do sacerdote a Cristo, citando o exemplo de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, cujo bicentenário motivou a convocação do Ano Sacerdotal pelo Papa Bento XVI e, consequentemente, a realização do Congresso Teológico no período jubilar.
“Sendo o 150º aniversário da morte do Santo Cura D’Ars, a oportunidade escolhida pelo Santo Padre para proclamar o Ano Sacerdotal, a exemplar fidelidade do Santo Cura ao seu ministério pastoral, inspira também os presbíteros a aprofundar e revigorar a própria fidelidade deles e ilumina este nosso congresso para que consiga encontrar o caminho justo para oferecer as suas reflexões sobre a identidade dos presbíteros na Igreja de hoje”.
Com isso, o purpurado defendeu a importância da fidelidade dos sacerdotes também ao sacerdócio, aos valores essenciais do mesmo. E citou, nominalmente, o celibato. “O celibato sacerdotal é um dom do Espírito Santo que pede para ser compreendido e vivido com plenitude de sentido e alegria, na relação totalizadora com o Senhor”, afirmou o arcebispo emérito de São Paulo.
O prefeito da Congregação para o Clero vem ressaltando a importância do celibato há cerca de dois anos, quando alguns veículos da imprensa publicaram que o religioso havia comentado a possibilidade do Vaticano ordenar homens casados.
Diante disso, o purpurado negou as suposições e reafirmou que “o celibato sacerdotal é um dom precioso que Cristo doou à sua Igreja”. Segundo Dom Cláudio, “esta relação única e privilegiada com Deus faz do sacerdote o testemunho autêntico de uma singular paternidade espiritual e o torna verdadeiramente fecundo”.
“Enfim, o tema do celibato sacerdotal, como chamado e dom do Espírito Santo, vivido com sentido e com júbilo na relação totalizante com o Senhor. Isto se torna automaticamente fecundo na paternidade espiritual e pastoral dos ministros e como profecia do Reino futuro e definitivo”, encerrou Dom Cláudio.
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