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Congresso Teológico: Para bispo de Ratisbona, a missão do sacerdote no mundo moderno é a purificação das culturas

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Para Dom Muller, a cultura é a expressão da liberdade, da personalidade e da referência do homem com Deus

Roma (Quinta-feira, 11-03-2010, Gaudium Press) Na segunda intervenção do primeiro dia do Congresso Teológico Internacional, que acontece na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, o bispo de Ratisbona, na Alemanha, Dom Gerhard Ludwig Muller, discorreu sobre a posição do sacerdote no mundo moderno na palestra “Sacerdotes e a Cultura Contemporânea”.

“O homem é o único ser vivo que pode determinar as próprias ações e se orientar aos objetivos, às finalidades e aos valores, o que significa que está, por natureza, em sintonia com a cultura”, iniciou sua intervenção o bispo de Ratisbona. No entanto, essa cultura pressupõe também uma liberdade “na qual o homem encontra o espaço formativo e elabora decisões espirituais já ponderadas”.

Dom Muller advertiu sobre as consequências de uma ‘cultura do sucesso’ cada vez mais em voga, uma visão do mundo “materialístico-monística” do evolucionismo que reduz o homem à matéria e biologia e propõe o progresso técnico como vantagem antropológica.

“O homem deve se realizar culturalmente na sua liberdade, porque isso torna o homem um ser cultural e o faz encontrar “uma vontade de formação individual e subjetiva, que exclui uma imagem do mundo compactada a uma forma vinculante” e indica “a origem e o objetivo de toda a vida, ou seja, Deus”. A cultura, assim, deve ser entendida como expressão da liberdade, da personalidade e da referência do homem a Deus, e não à sua própria existência pessoal.

O bispo recorda que o que forma cada homem são as suas condições de vida, a natureza, a história do país em que vive e do povo do qual faz parte e também a religião. Ele salienta, contudo, que a própria cultura na qual o homem vive “pode tornar-se um conceito de luta” de grupos que pretendem “formular normas vinculantes para a sociedade em geral”.

“A liberdade é um momento pessoal do homem”, no qual é realizada a “capacidade de refletir sobre si mesmo e a contraposição espiritual-racional com a realidade” que o circunda. É por isso, salienta o prelado, que a Teologia vê na cultura o “desenvolvimento geral da pessoa humana”, um “bem da comunidade e realidade da sociedade humana geral”. Ele diz ainda que o sacerdote, nesse contexto, é chamado à “purificação das culturas dos diversos povos contra as ameaçadoras seduções de uma não-cultura que limitam, colocam em risco ou desprezam o ‘ser alguém’ do homem”.

“A Igreja, os sacerdotes e a Teologia sempre conheceram os elementos criativos do homem que produzem cultura”, afirma. A contribuição neste campo pode ser, segundo Dom Muller, reconhecida também pelos que não creem. “A Teologia possui uma grande quantidade de conhecimentos históricos e culturais, uma extraordinária capacidade de adentrar-se na reflexão filosófica”. Até mesmo a liturgia da Igreja “é uma dimensão que produz cultura”.

Ainda sobre a cultura católica, o bispo de Ratisbona destaca que a Igreja, com a sua mensagem universal de salvação, é um desafio e um enriquecimento para as culturas estrangeiras. Além disso, a Teologia também é “um sinal grandioso da força inovadora e convincente do progresso cultural”.

Por fim, Dom Gerhard Muller conclui ressaltando que a responsabilidade pelos interesses do homem e por seu amadurecimento moral e espiritual tornaram-se “conceitos-chave” nos dias de hoje, junto aos quais os sacerdotes têm especial importância.

 

 

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