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“Desejo servir de coração sincero à arquidiocese de São Paulo”, diz Dom Edmar Peron

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Dom Edmar espera que seu episcopado seja de grande importância para a Igreja

São Paulo (Terça-feira, 03-03-2010, Gaudium Press) Nesta entrevista exclusiva a Gaudium Press, o novo bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo e responsável pela Regional Episcopal Belém, Dom Edmar Peron, relata que recebeu com surpresa o chamado para se tornar bispo e afirma, entre outras coisas, que os dois grandes desafios imediatos de seu episcopado serão o 10º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo e o 1º Congresso de Leigos.

Nascido em Maringá, em 1965, padre Edmar cursou Filosofia no Instituto de Filosofia de Maringá, pertencente ao Seminário Maior Arquidiocesano Nossa Senhora da Glória, e Teologia no Instituto Teológico Paulo VI, do Seminário Paulo VI, em Londrina. Foi ordenado sacerdote em 1990 e cursou mestrado em Teologia Dogmática, em Roma, entre 2000 e 2002. Nos últimos três anos, foi reitor do Seminário de Teologia Santíssima Trindade, também em Londrina.

Acompanhe a seguir a íntegra da entrevista de Dom Edmar Peron.

Gaudium Press – Como o senhor sentiu o chamado para se tornar bispo?
Foi grande a minha surpresa, pois meu projeto pessoal era retomar os estudos e fazer o doutorado, em Roma, no ano 2011.

GP – Como foi receber essa convocação do Santo Padre?
O Senhor realiza as suas obras de modo muito concreto. Acatei, não sem temor, a esta nomeação reconhecendo na eleição da Igreja, na pessoa do Papa Bento XVI, o chamado do Senhor, pois sempre foi assim em minha vida: quando tudo parece organizado e sob controle Ele se manifesta fortemente, mudando meus planos. Trago comigo a experiência do profeta Jeremias: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir. Foste mais forte do que eu e venceste” (Jr 20,7).

GP – Qual a importância deste acontecimento na vida do senhor?
O chamado ao Episcopado realiza uma mudança muito grande em minha vida, não só pelo fato de deixar o norte do Paraná e vir a São Paulo, a grande cidade. Contudo, espero que este acontecimento seja de grande importância para a Igreja, no meu caso concreto para a Arquidiocese de São Paulo, que desejo servir de coração sincero, a começar pelos padres da Região Episcopal Belém.

GP – Como se deu esta mudança da arquidiocese de Maringá para a arquidiocese de São Paulo?
Esta mudança está acontecendo rapidamente, mas como um processo. É um “sai da tua terra e vai”. E tudo envolvido por pequenas e grandes manifestações de carinho, apoio, encorajamento, do Povo de Deus da Arquidiocese de Maringá e também da Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal Belém.

GP – A arquidiocese de São Paulo é uma das maiores do Brasil, envolta em grande complexidade. O que o senhor espera do trabalho como Auxiliar na Região Belém?
Em primeiro lugar, espero, com minha experiência de vinte anos como presbítero, poder colaborar para que se concretize o 10º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo (Discípulos-missionários na cidade de São Paulo) e o 1º Congresso de Leigos. Acima de tudo, creio ser necessária uma constante atitude de escuta, abrindo espaço em minha vida para acolher a experiência evangelizadora e pastoral desta centenária arquidiocese. Se, em tudo o que eu puder fazer, conseguir encarnar esses dois desafios, penso que começarei bem.

GP – Qual será o seu lema episcopal?
Dentre os compromissos do novo Bispo encontra-se também o de escolher um lema. Pensava em deixar aquele que havia escolhido por ocasião de minha ordenação diaconal e presbiteral: “Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). Essa atitude permanece, pois é impossível pensar um ministério na Igreja que deixe de lado o serviço. Porém, compreendi que tal atitude é consequência da busca da vontade de Deus. Então escolhi por lema: “ut faciam voluntatem tuam – para fazer tua vontade” (Hb 10,7).

GP – Este ano a Igreja celebra o Ano Sacerdotal, convocado pelo Papa Bento XVI. Por favor, fale um pouco de como surgiu a sua vocação sacerdotal e qual pensa ser o maior desafio do sacerdote nos dias de hoje.
Os inícios da percepção de minha vocação remontam à tenra infância, certamente antes dos sete anos, quando fiz a primeira eucaristia. Foi despertada pelo testemunho do padre de nossa Paróquia, o então Padre Raimundo Le Goff. Tudo ficou como que esquecido durante a adolescência e início da juventude, época de paqueras, namoro e trabalho, quando me recusava a pensar no assunto. Chegou então a ocasião propícia ao Senhor: o término do segundo grau. Como prosseguir? Foi então que Ele me seduziu “e eu me deixei seduzir” e, apesar das dúvidas, em 1993, com 18 anos, iniciei a Filosofia. O Senhor me sustentou ao longo dos sete anos de Seminário e, apesar da pouca idade, em janeiro de 1990, antes de completar 25 anos, fui ordenado presbítero. Esta é a certeza profunda: foi o Senhor quem me chamou. Por isso não pude escolher outro lema senão o “Eis que venho, ó Pai, para fazer a tua vontade”.

Em relação ao maior desafio do padre de hoje, penso que cada vez mais torna-se complexa a realidade social da qual a Igreja faz parte, com sua missão de ser luz do mundo, sal da terra e fermento na massa. Dessa maneira, é difícil dizer qual seria o maior desafio para a Igreja e, particularmente para seus ministros ordenados. Porém, como me foi perguntado com todos os Bispos reunidos na Conferência de Aparecida, diria que é de despertar, em cada cristão batizado, a maturidade do discípulo missionário, para que ele possa assumir conscientemente seu lugar na Igreja e na sociedade.

 

 

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