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“Justiça divina é profundamente diferente da justiça humana”, diz bispo de Campina Grande

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Para Dom Jaime, a justiça é encontrada no coração da sabedoria de Israel

Campina Grande (Segunda-feira, 22-02-2010, Gaudium Press) Por ocasião do início do período da Quaresma, o bispo de Campina Grande, na Paraíba, Dom Jaime Vieira Rocha, oferece aos fiéis, em um artigo publicado nesta semana, uma reflexão sobre a mensagem do Papa Bento XVI inspirada na Carta de São Paulo aos Romanos (3,21-22), cujo tema é “A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo.

Conforme Dom Jaime, em sua mensagem, primeiramente o Santo Padre versa a respeito do significado da palavra “justiça”. Conforme o pontífice, na linguagem corriqueira a palavra implica “dar a cada um o que é seu”; no entanto, de fato, esta explicação, não especifica o que seria o “seu” que se deve assegurar a cada um.

Posto isto, o prelado afirma: “Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais íntimo que lhe pode ser concedido apenas gratuitamente”. Conforme Dom Jaime, o homem “vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar”.

O bispo de Campina Grande afirma que apenas bens materiais não podem ser suficientes. Segundo o prelado, o próprio Jesus preocupou-se em sanar as agruras daqueles a quem via sofrer, no entanto, diz que “a justiça distributiva não restitui ao ser humano tudo o que é ‘seu’ e que lhe é devido”, e complementa: “mais do que o pão o homem de fato precisa de Deus”.

As ideologias modernas que tendem a ver na injustiça origens somente externas também são criticadas por Dom Jaime. Conforme o bispo, essa maneira de pensar é ingênua e cega. “A injustiça, fruto do mal, não tem raízes, exclusivamente, externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal”, assevera.

A Justiça, por sua vez, é encontrada, segundo o bispo, no coração da sabedoria de Israel, assim como o laço profundo entre fé e Deus que “levanta do pó o indigente” (Sl. 113,7). Segundo Dom Jaime, Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre (Eclo 4,4-5.8-9), o estrangeiro (Ex 22,20), o escravo (Dt 15,12-18). “Para entrar na justiça é, portanto, necessário sair daquela ilusão de auto-suficiência”, garante.

Dom Jaime afirma ainda, em seu artigo, que o anúncio cristão responde positivamente à sede de justiça do homem, e cita carta do apóstolo Paulo aos Romanos, em que ele afirma: “Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes (3,21-25)”. De acordo com o prelado “a justiça de Cristo é, antes de mais, a justiça que vem de graça, onde não é o homem que repara e que cura a si mesmo e aos outros”.

Por fim, o bispo destaca que a justiça divina é profundamente diferente da justiça humana. “Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidência que o homem não é um ser autárquico, mas precisa de um Outro para ser plenamente ele mesmo”, conclui.

 

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