Cardeal Tarcisio Bertone recebe prêmio na Polônia
Láurea honoris causa foi entregue pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (foto) |
Polônia (Quinta-feira, 11-02-2010, Gaudium Press) “Democracia e Igreja” é o título da palestra que o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, proferiu hoje cedo na sede da Pontifícia Faculdade Teológica da Universidade de Wroclaw, na Polônia. O purpurado foi agraciado pela Faculdade com a láurea honoris causa.
Na ocasião, o cardeal discursou sobre como os direitos humanos são vistos, em sua essência, de maneira diferente pela sociedade e pela Igreja. O cardeal partiu da definição dos direitos humanos “ditos universais, não porque foram aprovados e reconhecidos pela maioria parlamentar e pela opinião pública”, mas porque se referem à natureza do ser humano, inalterada “pela mutação das condições sociais e históricas”.
“Outra coisa é falar de direitos individuais, transformando desejos a serem satisfeitos em direitos sem fundamento universal”, sentenciou o cardeal, fazendo uma distinção com os direitos naturais da pessoa humana defendidos pela Igreja.
Ao falar sobre se o princípio da soberania popular, fundado nas democracias eletivas, poderia ser aplicado também à Igreja, o cardeal Tarcisio Bertone disse que deve ser levado em consideração “o quanto é diferente a natureza” de Estado democrático e de Igreja.
O secretário de Estado explicou que a Igreja não pode se tornar uma democracia, ainda que diversos movimentos peçam, atualmente, a sua “democratização”, “para passar de uma Igreja considerada ‘paternalista’ para uma ‘Igreja-comunidade'”. Segundo ele, isso não é possível porque uma Igreja, fruto de auto-determinação democrática, teria de responder às seguintes perguntas: “A quem concerne o direito de tomar decisões? Sobre qual base isso acontece?”.
“Uma Igreja que repouse somente sobre decisões da maioria se torna uma Igreja puramente humana, reduzida ao nível do que é factível e plausível”, e “onde a opinião subsitiui a fé”, pondera.
O cardeal concluiu sua alocução apresentando como uma possível solução para essa dicotomia entre os dois “tipos” de direitos humanos a via da “comunhão eclesial”, já que a relação entre bispos e fieis não pode ser resolvida em termos de “controle de poder”, mas sim “de experiência de comunhão”.
A cerimônia de outorga da láurea foi precedida por uma celebração eucarística presidida pelo próprio cardeal na catedral local de São João Batista, em homenagem ao Dia Mundial dos Enfermos e de Nossa Senhora de Lourdes.
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