“A solidariedade é um valor indispensável e insubstituível”, afirma o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo |
Belo Horizonte (Sexta, 29-12-2010, Gaudium Press) Em mais um de seus artigos sobre temas relativos à doutrina cristã, disponibilizado hoje, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, fala sobre a nova solidariedade, lembrando que esta foi um princípio acenado pelo Papa João Paulo II em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz emitida em 1990 e também mencionada pelo Papa Bento XVI no ano recém-terminado por ocasião do mesmo Dia Mundial da Paz.
Para Dom Walmor, esta solidariedade é um valor indispensável e insubstituível para avançar em projetos novos que tutelem a criação e que deem subsídios para que se chegue ao desenvolvimento integral. “É preciso insistir e investir na formação da consciência social e política ancorada no princípio da solidariedade”, afirma.
O prelado salienta em seu artigo que apenas as conquistas democráticas não bastam para formar uma sociedade integrada. Para isto, é necessária a solidariedade. “A Doutrina Social da Igreja assinala que a solidariedade é que confere particular relevo à intrínseca sociabilidade da pessoa humana”, diz.. “Essa é a direção que pode assegurar uma possível e necessária unidade entre os povos”.
Para D. Walmor, um bom caminho para esta integração está sendo trilhado cada vez mais por alguns meios de comunicação. Eles “mostram o quanto tecnicamente é possível estabelecer relações entre pessoas, mesmo quando situadas muito distantes uma das outras”, diz. Por outro lado, o prelado vê que as facilidades geradas por estas novas tecnologias também mostram um mundo desigual, marcado pela violência. Assim, acredita que o processo de interdependência gerado por estes novos meios de comunicação deva ser marcado “por um suporte e empenho intenso no plano ético-social”, destaca.
“Essas relações de interdependência devem ser transformadas em formas de solidariedade de caráter ético-social, enquanto exigência moral inerente a todas as relações humanas”, afirma o religioso, ao explicar que, segundo a Doutrina Social da Igreja, esse caráter ético-social tem dois importantes aspectos complementares: o princípio social e a virtude moral.
Neste sentido, “a solidariedade deve ser tomada como princípio social ordenador das instituições”, diz. De forma que, segudno ele, isto só se realizará efetivamente quando forem modificadas de maneira inteligente as leis e as regras do mercado. No que tange à solidariedade como virtude moral, o arcebispo afirma que ela “faz brotar no coração humano o indispensável sentimento de compaixão que se traduz na determinação de empenhar-se pelo bem comum”. Sem esse sentimento, salienta o arcebispo, o sentido de bem comum pode ser deturpado, desrespeitado e tornar-se indiferente.
Para ressaltar a necessidade do agir solidário, o arcebispo lança luz sobre a responsabilidade de cada ser humano em relação ao mundo que habita. “Todos são devedores daquelas condições que possibilitam a existência humana de modo digno e íntegro”, diz. E essa dívida “tem que ser honrada com muitas ações no agir social e político”, complementa o prelado.
Por fim, Dom Walmor faz um apelo ao desenvolvimento tecnológico, para que seja voltado à preservação do meio ambiente. “É preciso encorajar pesquisas para explorar potencialidades que permitam melhores condições do uso do meio ambiente; cuidar da água, com sérios propósitos de reconquistar estabilidade para superação das alterações climáticas”, nota. Segundo o arcebispo, citando o Papa Bento XVI, deve-se sair urgentemente da lógica de mero consumo para promover formas que respeitem a ordem da criação. Para isso, é necessário que cada indivíduo aja pensando no bem estar de sua comunidade e grupo. “A hora é da nova solidariedade”, conclui.
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