Papa diz que humanidade deve se abrir ao amor de Deus, “realidade mais importante das nossas vidas”
Cidade do Vaticano (Sábado, 26-12-2009, Gaudium Press) “No elenco das prioridades [do homem], Deus frequentemente se encontra quase no último lugar”. O Natal, entretanto, nos recorda que “devemos nos tornar pessoas verdadeiramente vigilantes”, humildes como os pastores, observou na quinta-feira Bento XVI, durante a homilia da Santa Missa da Noite, celebração central no Vaticano no Natal.
Como nos anos anteriores, a cerimônia foi presidia pelo pontífice na Basílica de São Pedro, mas dessa vez antecipada em duas horas – às 22 horas – para poupar a saúde de Bento XVI. Junto com o Papa, também os cardeais celebraram a missa, entre eles o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarciso Bertone, e os membros da Família Pontifícia.
“O Senhor está presente”, nunca distante, falou o Santo Padre sobre a fé cristã à luz do nascimento de Deus como homem, pelo ventre de uma mulher. Nas igrejas, se lê na Missa da Noite a passagem do Evangelho de Lucas que relata o nascimento de Jesus Cristo na Gruta de Belém.
Comentando o Evangelho, o Papa voltou-se aos homens dos dias de hoje dizendo que, como os pastores de Belém, devem todos se tornar “mensageiros” de Deus, “pessoas vigilantes”. “Nós devemos despertar, para que a mensagem chegue até nós”, ressalta o Papa.
“Despertar – explica Bento XVI – significa sair do mundo particular do ‘eu’ e entrar na realidade comum, na verdade”, porque o conflito no mundo, a falta de conciliação, tem uma fonte no nosso egoísmo comum, nos “nossos próprios interesses e opiniões pessoais, no nosso próprio minúsculo mundo privado”, de forma que nos tornamos “prisioneiros dos nossos interesses e desejos”.
“Despertar significa, assim, desenvolver a sensibilidade para Deus”, deixar “os sinais silenciosos” abertos à condução de Deus. Ao invés disso, a mentalidade do mundo moderno, explica o Santo Padre, tenta “reduzir a sensibilidade a Deus, tenta fazer-nos “privados de ouvidos musicais” por Ele. Para o Papa, o homem moderno esquece que Deus é a realidade mais importante nossa vida ao se deixar comprimir por todas as coisas urgentes do dia-a-dia.
Ainda em sua homilia natalina, o Papa disse desejar uma retomada das pessoas em direção a Deus, “para deixá-lo entrar na nossa vida e nosso tempo”. Segundo ele, isto significa sermos “almas simples e humildes”, como os pastores. “Os pastores vieram antes dos magos. Ainda hoje, são as pessoas que vivem bem perto do Senhor, quando a maior parte dos homens modernos vive em filosofias, em negócios e ocupações que nos preenchem totalmente”, reflete o pontífice.
O Menino Jesus leva a imagem sobre a natureza de Deus que se realiza na sua humildade, no amor, na esperança e exprime a sua verdadeira grandeza. “As essências do paganismo no símbolo das pedras: paganismo é falta de sensbilidade, signifca um coração de pedra, que é incapaz de amar e de perceber o amor de Deus” – lembra o Papa. Ao invés disso, “o Deus que se tornou um menino, que se abre o coração”.
Antes da cerimônia litúrgica, foi inaugurado na Praça de São Pedro o grande presépio vaticano, montado ao centro do arco da colunata de Bernini. O presépio, cujas concepções se inspiram nos relatos da Natividade dos Evangelhos de Lucas e Mateus, ocupa uma superfície de cerca de 300 metros quadrados..
O hábito de decorar a Praça de São Pedro com uma representação da Natividade foi introduzida em 1982, sob o pontificado de João Paulo II, e continuada pelo Santo Padre Bento XVI. A cuidar do projeto e a realização do Presépio estão, como em todo ano, os Serviços Técnicos do Governatorado do Estado da Cidade do Vaticano.
Na Basílica de São Pedro, a Santa Missa da Noite foi precedida por uma breve vigília de oração. Tornou-se uma tradição que a Missa seja celebrada em latim, com leituras e intenções em diversas línguas.
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