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Mestre de cerimônias do Papa diz que antecipação da missa do Galo não altera sua importância

Roma (Terça, 22-12-2009, Gaudium Press) Segundo o mestre de cerimônias do Papa Bento XVI, Mons. Guido Marini, a antecipação da tradicional missa noturna de Natal para as 22 horas, este ano, em nada tem a ver com qualquer piora na saúde do Santo Padre. Em entrevista exclusiva à correspondente da Gaudium Press em Roma, Mons. Marini explicou que a medida visa apenas a poupar o pontífice diante do ritmo acelerado das celebrações do Advento e do Natal.

Ordenado sacerdote em 1980, Mons. Guido Marini foi, entre 1988 e 2003, secretário particular dos arcebispos de Gênova e mestre de celebrações litúrgicas nesta diocese. De 1996 a 2001, foi membro eleito do Conselho Presbiterial Diocesano e, entre 2003 e 2005, exerceu o cargo de diretor do Escritório Diocesano de Educação. Foi nomeado em 1º de outubro de 2007, pelo Papa Bento XVI, Mestre de Celebrações Litúrgicas Pontifícias.

Além da antecipação da hora da missa natalina, o mestre de cerimônias do Vaticano comentou, entre outros, a importância e o significado das celebrações do período do Advento, das três missas realizadas no dia de Natal e o sentido da nova férula papal usada por Bento XVI.

Leia a seguir a entrevista com .Mons. Guido Marini.

Como o Santo Padre celebra o tempo do Advento?

As Primeiras Vésperas do Advento, celebradas na Basílica, assinalam também para o Santo Padre o início, digamos, oficial, público, do novo Ano Litúrgico que se completa com a celebração na noite de Natal do dia 24 de dezembro. E depois o tempo do Advento, do ponto de vista das celebrações, é caracterizado por diversos compromissos, que mudam todos os anos.

Este ano, o Santo Padre já teve e terá ainda algumas celebrações. Como novidade deste ano, o encontro com os universitários – que acontecia depois da celebração da missa da qual o Papa não participava -, feito com a presença integral do Papa, mas não com a celebração eucarística e sim a celebração das Vésperas. O Papa celebrou as Vésperas, no tempo do Advento, com os universitários. Há outras celebrações também.

Por exemplo, aquela que aconteceu na Capela Paulina para a Comissão Teológica Internacional. Uma outra, no dia 17 na Capela “Redemptoris Mater”, por ocasião dos 10 anos de dedicação dessa Capela e pelos 90 anos do cardeal Schpidlk, que foi como um mediador do ponto de vista teológico e espiritual da Capela. São estas, então, do ponto de vista do tempo do Advento, as celebrações públicas e oficiais do Santo Padre.

São também privadas e reservadas somente para o Santo Padre, como os sermões, as Vésperas na Capela Sistina?

Sim, porém isso não é um movimento do Santo Padre, e sim como é vivido pela Cúria. No sentido que se dá a possibilidade de que as celebrações das Vésperas na Capela Sistina, na sexta-feira do tempo do Advento, sejam com aqueles que trabalham dentro do Palácio. O Papa intervém nos sermões do Advento, do Padre Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, que acontecem nas sextas-feiras pela manhã na Capela “Redemptoris Mater”, com a presença do Papa e dos membros da Cúria Romana.

Com a celebração das Primeiras Vésperas do Advento, o Santo Padre inaugurou o uso do novo báculo. É uma tradição que todo Papa tenha seu báculo?

Não necessariamente, até porque o uso do báculo por parte dos Papas é bastante recente, visto que no passado não o usavam. Em algumas circunstâncias era usada a férula, isto é, o báculo em forma de cruz, mas não em modo habitual. Somente depois foi introduzido o báculo. Com Paulo VI foi introduzida esta férula, não somente em forma de cruz, mas também com o Crucifixo. Este tipo de báculo foi usado depois por João Paulo I e João Paulo II. Bento XVI o usou nos primeiros anos de seu pontificado. Depois das Palmas de 2008, inaugurou o uso do báculo, férula que havia pertencido ao beato Pio IX. Desde o início deste ano foi introduzido o uso do novo báculo, da nova férula que foi doada pelo Círculo de São Pedro. Há uma continuidade no fato que seja sempre o Círculo de São Pedro a doar aos Papas as férulas.

Foi uma iniciativa do Santo Padre?

Sim, porque o Santo Padre procurava uma férula mais leve e também, ao mesmo tempo, que fosse em algum modo mais correspondente. A férula papal tradicional tem a cruz, mas não o Crucifixo.

Neste ano, a missa da meia-noite do Natal não será celebrada nesse horário, mas às 22h. É a primeira vez que isso acontece?

Não sei lhe dizer com certeza porque é preciso voltar com a memória histórica. Certamente, nestes últimos anos, creio que sim. Mas não há motivos particulares, somente a Secretaria de Estado do Santo Padre solicitou a antecipação às 22h para poupar um pouco o Papa, considerando que este período do Advento, do Natal, é um tempo com muitos compromissos, particularmente cansativos para o Papa e, portanto, ele poderá repousar um pouco mais.

Mas esta decisão provoca uma natural preocupação com a saúde do Papa.

Não, não há necessidade de preocupação, porque todos podem ver o Santo Padre nas muitas ocasiões, que o Papa está bem, como por exemplo, no último dia 8 de dezembro no dia da Imaculada Conceição. É apenas por precaução, para poupar as energias do Papa, que é tão ocupado neste período. E depois, na sua idade, é justo que haja uma atenção particular.

Sabe-se alguns detalhes de como João Paulo II celebrava a ceia da véspera de Natal, mas de Bento XVI não se sabe nada. Posso perguntar como o Santo Padre celebra a noite de 24 de dezembro?

Isto não sou capaz de responder, pois faz parte da vida privada do Santo Padre.

No passado os Papas celebravam três missas no dia de Natal. Esta tradição ainda é cultivada?

No Vaticano, certamente há várias celebrações no dia de Natal. O Santo Padre, porém, celebra somente a missa da noite. Desde o início de seu pontificado, há, se não me engano, uma continuidade do que acontecia nos últimos anos de João Paulo II, quando foi introduzido o hábito da celebração somente da missa da noite.

Sempre na Basílica Vaticana.

Sim, na Basílica.

Antes se celebrava também na Capela Sistina.

Sim, mas voltando no tempo, quando o Papa era Paulo VI. Depois, creio que tenha sido o próprio Paulo VI a introduzir esta novidade da celebração na Basílica e não na Capela Sistina.

Como é a história das três missas do Natal?

Historicamente, digamos que a missa de meia-noite tenha sempre sido a missa, digamos, mais importante do dia de Natal. Depois havia a celebração do próprio dia de Natal pela manhã e, sucessivamente, foi introduzida a missa vespertina da vigília de Natal. Porém, podemos dizer que esta longa tradição da missa de meia-noite sempre foi uma celebração típica, mais ainda do que a celebração da vigília da Páscoa, mesmo que esta com o passar dos anos ganhe consistência, participação. Com certeza a missa de meia-noite é a mais sentida em geral. Trata-se da comunidade cristã que se reúne para esperar a grande festa, a festa do Natal. A comunidade cristã sempre viveu com particular intensidade a espera dos dias de festa. Entre estas, certamente a natalina adquiriu grande importância.

No dia de Natal, os sacerdotes têm este privilégio de celebrar três missas.

Sim, neste e em alguns dias do ano, como por exemplo, o dia de finados, quando podem celebrar três missas. Isto tem certamente uma consequência direta e pessoal para o sacerdote, mas eu diria também uma consequência pastoral, considerando a grande necessidade que há, obviamente, no dia de Natal, de vir ao encontro das exigências dos fiéis.

A antecipada missa de meia-noite se tornará a missa vespertina?

Não, permanece como a missa da vigília. A missa vespertina, que se celebra por volta das 18h ou 19h, continuará a mesma. A outra continua sendo a missa da noite, só que antecipada.

 

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