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A ditadura do relativismo cria leis contra os direitos naturais, afirma o Papa na audiência geral

Cidade do Vaticano (Quinta, 17-12-2009, Gaudium Press) “No nosso tempo, de fato, principalmente em alguns países, assistimos a um distanciamento preocupante entre a razão, que tem a tarefa de descobrir os valores éticos ligados à dignidade da pessoa humana, e a liberdade, que tem a responsabilidade de acolhê-los e promovê-los”, afirmou Bento XVI durante a tradicional audiência geral desta quarta-feira, dedicada ao teólogo inglês do século XII João de Salisbúria, em que criticou o relativismo de valores.

O teólogo medieval nasceu em Salisbury, Inglaterra, entre 1100 e 1120. Estudou em Paris e depois em Chartres. Por onze anos, de 1150 a 1161, foi secretário e capelão do ancião arcebispo de Canterbury. Trabalhou as relações do Reino e da Igreja da Inglaterra com o pontífice romano. João foi amigo do então pontífice Adriano IV e de São Tomás Becket. Dentre suas obras mais notáveis, há duas com títulos gregos: “Metaloghicón” (Em defesa da lógica) e o “Polycráticus” (o homem de Governo).

No Metaloghicón o teólogo aborda os problemas da lógica, como se pode conhecer a razão humana. John escreveu que em todo homem há a aspiração pelo conhecimento da verdade.

“Segundo ele, – afirma o Papa – de uma maneira geral, a razão humana alcança os conhecimentos que não são indiscutíveis, mas prováveis e opináveis.” Segundo Bento XVI, o conhecimento humano traz imperfeições por natureza, de forma que é possível crescer graças à experiência e à elaboração de raciocínios corretos e coerentes, mas que “só em Deus há uma ciência perfeita, que é comunicada ao homem”. “Graças à Teologia, são desenvolvidas suas potencialidades da razão”, explica o Santo Padre.

Ainda conforme o Papa em sua fala, Deus é origem de uma verdade objetiva e imutável, “acessível à razão humana e que concerne ao agir prático e social”, isto é, um direito natural. Esse direito natural, diz, deve reger todas as leis humanas para a promoção de um bem comum a todos. Bento XVI defende, assim, que haja sabedoria na comunicação, inspirada pela verdade, pela bondade e pela beleza.

Há uma grande responsabilidade e importância na relação entre lei natural e ordenamento jurídico-positivo. O Papa disse esperar que a sociedade moderna repeite os direitos naturais do homem em todas as culturas e sociedades.

“Talvez João de Salisbúria – diz o pontífice – nos recordaria hoje que são conformes à equidade somente aquelas leis que tutelam a sacralidade da vida humana” em questões como a liberdade de aborto, a eutanásia, as experiências genéticas, e a dignidade do matrimônio entre o homem e a mulher. Porque a “laicidade comporta sempre a salvaguarda da liberdade religiosa – e persegue a subsidiariedade em nível nacional e internacional.”
João de Salisbúria definia isto como a “tirania do príncipe”, a “ditadura do relativismo”, que provoca um relativismo que “não reconhece nada como definitivo e deixa como última medida somente o próprio eu e suas vontades”.

Ao término da catequese, Bento XVI lembrou sua última encíclica ‘Caritas in veritate’: “Devemos buscar a verdade, e acolhê-la, porque dela nasce a justiça”.

 

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