Gaudium news > Diante do mistério de Deus, as doenças se tornam ocasiões de santificação, afirma Bento XVI

Diante do mistério de Deus, as doenças se tornam ocasiões de santificação, afirma Bento XVI

Roma (Segunda, 14-12-2009, Gaudium Press) “A verdadeira vida não é aqui, mas junto a Deus, onde cada um de nós encontrará alegria se tiver humildemente seguido os passos do homem mais verdadeiro: Jesus de Nazaré, Mestre e Senhor”, disse esta manhã o Santo Padre junto dos pacientes no ‘Hospice Sacro Cuore’, clínica situada no bairro romano de Monteverde.

Bento XVI quis encontrar pessoalmente cada um dos 33 pacientes doentes de câncer em fase terminal, de Alzheimer e de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) que se encontravam no centro médico.

No início de sua visita, o Papa foi saudado pelo presidente do “Circolo San Pietro”, mantenedor do hospital, Duque Leopoldo Torlonia, e pelo presidente da Fundação Roma, Prof. Emmanuele F.M. Emanuele. Além dos pacientes, Bento XVI encontrou-se também com os médicos, os enfermeiros, o staff sanitário e administrativo e com os voluntários do hospital romano.

“O Hospice Sacro Cuore” é uma realidade no sistema de saúde em Roma, pela assistência gratuita que oferece aos doentes de câncer em fase terminal, aos doentes de Alzheimer e de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), também em regime domiciliar”, explicou ao Santo Padre o presidente Emanuele. O objetivo do tratamento do centro é “apoiar o paciente e afastá-lo do sofrimento que prostra o corpo e o espírito” e “ajudar os enfermos a viver a doença com dignidade”, mas, mais que isso, afirma o médico, é uma resposta concreta à crescente força e a um certo apelo pela eutanásia que a sociedade atual quer impor.

O presidente da fundação ressaltou que, diferentemente do que ocorre em muitos hospitais – onde “o desespero pela dor é tão grande que faz a pessoa desejar que tudo termine com a morte, com a morte provocada, com a eutanásia” – em centros como o Sacro Cuore “acontece um progressivo crescimento humano e espiritual, também graças ao aliviamento do sofrimento pelos cuidados paliativos.”

Ao encontrar os pacientes, o Papa lhes dirigiu algumas palavras de conforto e apaziguamento. “Sabemos como algumas patologias graves produzem inevitavelmente nos doentes momentos de crise, de confusão e um confronto sério com a própria situação pessoal. Os progressos nas ciências médicas muitas vezes oferecem os instrumentos necessários para enfrentar este desafio, pelo menos relativamente aos aspectos físicos. Contudo, nem sempre é possível encontrar uma cura para cada doença, e como consequência, nos hospitais e estruturas de saúde do mundo inteiro, embatemo-nos muitas vezes no sofrimento de tantos irmãos e irmãs incuráveis e em fase terminal”, ponderou o pontífice.

Hoje, segundo o Papa, prevalece um conceito disseminado de imediatismo e “eficientismo” que acabaria por marginalizar doentes em situação irreversível, discriminando-os como um peso e um problema para a sociedade. Contrariamente a essa mentalidade, centros como esse se comprometeriam a ajudar as pessoas doentes a viver a doença com dignidade, oferecendo-lhes gestos concretos de amor, de proximidade e de solidariedade cristã, para ir ao encontro da sua necessidade de compreensão, de conforto, de encorajamento constante.

A doença é uma prova bem dolorosa e singular, mas diante do mistério de Deus, torna-se dom e ocasião de santificação, falou o Papa. “Cristo está sempre próximo de quem sofre e o associa à sua cruz com uma palavra de amor e ajuda a não fechar-se no vazio do egoísmo que provoca o pecado e o afastamento de Deus”.

“À luz da fé – concluiu Bento XVI – podemos ler na doença e no sofrimento uma particular experiência do Advento, uma visita de Deus que em modo misterioso vem para libertar da solidão, da falta de sentido, e transformar a dor em um tempo de encontro com Ele, de esperança e de salvação”.

A estrutura sanitária de cuidados paliativos nasceu em Roma em 1998 com o nome de “Hospice Sacro Cuore”. Foi uma iniciativa do “Circolo San Pietro” e da “Fondazione Cassa di Risparmio” de Roma. A assistência é toda gratuita e dirigida aos doentes de câncer em fase terminal e aos doentes de Alzheimer e de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Hoje são mais de trinta pacientes na sede do hospital e mais noventa assistidos domiciliarmente.

 

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas