Novo estudo sobre o Santo Sudário: não é a imagem de uma pessoa morta, mas de alguém vivo se levantando
Através de um artigo publicado na revista ‘Scientia et Fides’ o Dr. Bernardo Hontanilla Calatayud, aborda o Sudário de Turim de uma forma nunca estudada anteriormente.
Espanha – Pamplona (Sexta-feira, 14-02-2020, Gaudium Press) O Dr. Bernardo Hontanilla Calatayud, Catedrático de Cirugía Plástica, Estética e Reparadora da Clínica Universidade de Navarra em Pamplona, Espanha, publicou na mais recente edição da revista ‘Scientia et Fides’ um inspirador artigo que aborda a misteriosa figura registrada de modo desconhecido no Sudário de Turim em uma forma não estudada anteriormente. A tese do especialista é que a figura não corresponde a uma pessoa inerte (como se pensava tradicionalmente ao coincidir de maneira admirável com as características de Cristo depois da Paixão e a tradição sobre a origem da tela na sepultura do Messias) mas ao de uma pessoa viva que está se levantando.
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A tese de que se trata da imagem de uma pessoa viva contradiz as conclusões de estudos prévios que ratificaram a coincidência das características do Sudário de Turim tanto com as tradições do povo judeu nas sepulturas como com os relatos dos Evangelhos. Em teoria, a misteriosa relíquia não provaria a Ressurreição ao ter registrado a imagem de um homem morto. “Ao longo deste artigo vamos a analisar uma série de sinais impressos na Síndone de Turim que poderiam justificar que essa pessoa envolta no Sudário estava viva no momento de imprimir sua imagem”, propôs por sua vez o Dr. Hontanilla.”Neste artigo se expõem vários sinais de vida que representa o Sudário de Turim. Com base no desenvolvimento da rigidez cadavérica, se analisa a postura do corpo impressa no Sudário”, diz a apresentação do texto. “A presença de sulcos faciais indica que a pessoa está viva. Portanto, o Sudário de Turim mostra sinais de morte e vida de uma pessoa que deixou sua imagem impressa no momento em que estava viva”. O paradoxo dessa afirmação se encaixa de modo notável com a doutrina da Ressurreição de Cristo e as proposições de outros especialistas sobre o momento no qual a imagem teria ficado marcada na tela, como se correspondesse a uma radiação desconhecida emitida pelo corpo que cobria.
A rigidez e a postura da figura
A primeira característica estudada na análise é a presença ou não de “rigidez cadavérica ou rigor mortis”, a qual está presente nos defuntos “inicialmente na mandíbula e a musculatura ocular, depois afetará o rosto e passará para o pescoço. Posteriormente se estenderá sucessivamente ao tórax, aos braços, ao tronco e por último às pernas”, expôs o catedrático. Este efeito chega à sua máxima expressão às 24 horas da morte e começa a desaparecer paulatinamente e em ordem inversa às 36 horas, levando 12 horas para deixar de apreciar-se. A gravidade dos traumas padecidos pelo “Homem do Sudário” e sua perda de sangue teriam provocado uma rigidez precoce, desde os 25 minutos após a morte, e que chegaria à sua máxima expressão entre três e seis horas. “No entanto, os aparentes sinais de rigidez que aparecem na imagem poderiam não corresponder com os sinais de rigidez post mortem como classicamente se atribui”.
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O especialista registrou “semi-flexão do pescoço e semi-flexão assimétrica das articulações do quadril, dos joelhos e dos tornozelos”. As características da posição registrada no Sudário não correspondem à rigidez que deveria ter ao descer da cruz, o que prova que o corpo foi manipulado em seu túmulo para superar a rigidez, mas também não concorda com a posição corrigida que teria sido facilmente alcançada por quem realizou esse trabalho.
Posição de levantar-se
“É possível que essa postura fixada no Sudário, descrita como rigidez post mortem, não seja realmente assim e se trate de uma tentativa de postura do próprio sujeito post-mortem”. A análise incluiu testes com “homens entre 30 e 40 anos com um fenótipo atlético entre 1,70 e 1,80 m de altura”, aos quais foi solicitado que se levantassem de uma posição semelhante à do “Homem do Sudário”. Os sujeitos mostraram “um deslocamento dessas (mãos) para os órgãos genitais ao flexionar o tronco, uma elevação e semi-flexão da cabeça e um apoio de uma planta do pé com menos flexão da perna contralateral e algum grau de rotação interna, como a observada no Sudário”.
Uma análise mais detalhada da posição evidencia que na imagem não haveria rigidez cadavérica nos membros superiores, o que é contraditório, uma vez que os músculos dos braços suportaram mais exercícios durante a crucificação. “Uma postura rígida de um crucificado implicaria uns antebraços e umas articulações carpianas em semiflexão típica, como observado em muitos cadáveres”, recordou Hontanilla, que também detalhou como a posição dos dedos não corresponde com o esperado de um cadáver. “É razoável pensar que também a ausência dos polegares no Sudário possa ser atribuída a sinais de vida, e não apenas à paralisia de um cadáver rígido”.
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O rosto vivo
Uma maior evidência de vitalidade na imagem seria identificável na face: a “presença de sulcos nasogenianos e nasolabiais na face”, as linhas de expressão causadas pela ação dos músculos e que desaparecem em pacientes com paralisia facial ou após a morte, quando os músculos relaxam definitivamente. “Em um cadáver recente, a musculatura facial relaxa e os sulcos desaparecem e a boca se abre. Esse é o momento inicial da flacidez post mortem”, expôs o especialista. “Não existem cadáveres que durante o período de rigidez post mortem marquem mais acentuadamente os sulcos nasogenianos”.
Uma análise dos textos evangélicos somados às evidências do Sudário localizariam o momento do registro da imagem “entre a primeira vigília do domingo (19-21 horas do sábado) e segunda vigília (21-24 horas) ou, quando muito, o início da terceira vigília do domingo (24 horas-3 AM) do terceiro dia depois de sua morte”. Se a imagem corresponde ao milagre da Ressurreição, o especialista propõem a tese de que “esse primeiro e incipiente sinal de levantamento pode ocorrer em décimos de segundos para depois desvanecer-se o corpo e atravessar o lenço”.”Assim, a postura assimétrica de semiflexão observada nas pernas, a semiflexão da cabeça e, principalmente, a presença dos sulcos nasogenianos marcados a nível facial e a colocação das mãos nos órgãos genitais, poderiam indicar que estamos diante de uma pessoa que está iniciando um movimento de elevação e, portanto, de encurtamento muscular voluntário”, conclui o Dr. Hontanilla em seu artigo. “Esta imagem dinâmica, se não levarmos em conta os textos históricos descritos nos Evangelhos, poderia ter ocorrido em qualquer momento entre 18 e 30 horas após a morte, mas estando vivo”.
A autenticidade do Sudário
Os sinais de vida presentes no Sudário levariam a pensar, como uma teoria, que a tela tivesse envolvido uma pessoa viva que tivesse sofrido os tormentos da crucifixão, ou que se tratasse de uma fraude artística. Esta possibilidade contradiz os rastros de sangue “premortem e postmortem que impregnam o Sudário” e as notáveis evidências de veracidade do Sudário que teriam requerido “de uma verdadeira obra de arte realizada por alguém com conhecimentos médicos, conhecimentos forenses do processo cronotanatobiológico postmortem e de processamento de imagens em tecidos antigos, entre outros conhecimentos”, que ainda tivesse sido capaz de realizar a tarefa de um modo ainda não decifrado com técnicas do século XIV.
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“Uma segunda opção é, se temos em conta o relato evangélico, que se trata de um lenço que pertenceu a um rabino judeu (a coleta presente na face posterior da imagem o identifica como rabino) que foi enterrado segundo a tradição judaica após ter sido crucificado e flagelado segundo o costume romano e de forma coerente como se descreve nos Evangelhos”, propôs o Dr. Hontanilla. “E nós podemos acrescentar, a diferença de Schwortz e outros autores, que a imagem foi produzida quando estava vivo e não quando era cadáver já que contêm os sinais estáticos próprios de uma pessoa morta (flagelação, sangue premortem e postmortem) e que por sua vez apresenta sinais dinâmicos de vida (sulcos nasogenianos marcados, a posição das mãos sobre as genitálias, estão intencionalmente cobertos, e os sinais de levantamento) em contradição com a sequência natural da aparição dos sinais de rigidez cadavérica”.
O especialista reconhece nestes sinais a aparente vontade de Cristo de registrar o milagre. “Se o Sudário cobriu o corpo de Jesus, é razoável pensar que Ele estaria interessado não apenas em mostrar-nos os sinais da morte, mas também de ressurreição no mesmo objeto”, propôs o autor. “Assim, analisando os tempos transcorridos desde a morte até a ressurreição, e seguindo o relato evangélico, parece que Jesus Cristo queria morrer naquele momento, coincidindo com o sacrifício dos cordeiros no povo judeu, calculando o tempo suficiente do terceiro dia sem que seu cadáver suportasse a corrupção. Insistimos no verbo “ele queria”, pois até o próprio Pilatos se surpreendeu por ter morrido tão cedo”. (EPC)
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