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Muro de Berlim cai simbolicamente pela segunda vez na “Festa da Liberdade”

Berlim (Terça, 10-11-2009, Gaudium Press) Construído com enormes blocos coloridos de 2,5m, pintados para comemorar o evento que acarretou no fim do comunismo no mundo, caiu ontem, como um dominó, um “segundo” Muro de Berlim, montado especialmente para celebrar os 20 anos da queda da barreira original. Foi desta forma, com grande festa, que a capital alemã recordou ontem a queda do muro que dividia a cidade e era símbolo da divisão da Europa e do mundo entre os blocos soviético e ocidental e entre os sistemas capitalista e comunista.

Um dos tantos líderes mundiais presentes na cerimônia de ontem – havia representantes de 30 países – e que teve grande atuação no período que antecedeu e nos eventos que conduziram para a queda do Muro, era Lech Walesa, ex-líder do sindicato polonês Solidariedade (Solidarnosc) e posterior presidente da Polônia.

A atuação do Solidariedade, que deu início a intensas greves na Polônia comunista, é frequentemente citada pelos historiadores como fundamental para o início de uma onda de manifestações sindicais e populares pelo Leste Europeu contra a ocupação comunista e por mais liberdade e democracia. Na noite de ontem, foi justamente Walesa quem deu o empurrão inicial no “muro-dominó”.

Além de Walesa, estavam presentes na histórica cerimônia outras autoridades e chefes de estado europeus, como o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, o presidente fracês Nicolas Sarkozy, o presidente russo Dimitri Medvedev, além da secretária de Estado americana Hillary Clinton. Outra emblemática figura presente ao evento desta segunda era o ex-líder da União Soviética Mikhail Gorbachev, responsável por medidas de abertura política (glasnost) e econômica (perestroika) que culminaram com o enfraquecimento e a consequente derrocada do regime soviético.

“Hoje é um dia de festa, não apenas para a Alemanha, mas para toda a Europa”, disse a chanceler alemã Angela Merkel. Padre Federico Lombardi, porta-voz vaticano, declarou que o momento era vivido “com intensidade” pelo Papa Bento XVI.

A contribuição do Papa João Paulo II na queda do comunismo foi recordada por Walesa e Clinton. Outros líderes falaram sobre Ronald Reagan, então presidente americano à época, e Gorbachev.

Ainda ontem pela manhã, a chanceler alemã compareceu a um ato ecumênico celebrado na Igreja do Gethsemani, localizada na antiga Berlim Oriental, um dos redutos da dissidência e de manifestações que, em 1989, obrigaram a Alemanha comunista (extinta República Democrática da Alemanha) a abrir suas fronteiras.

A cerimônia foi celebrada pelo presidente da Conferência Episcopal Alemã, dom Robert Zollitsch, pelo bispo da Igreja Evangélica de Berlim-Bradenburgo, Wolfgang Huber, pelo cardeal arcebispo de Berlim, dom Georg Sterzinsky e outros representantes de confissões cristãs.

“A queda do muro convida os alemães à solidariedade”, disse dom Zollitsch, “a continuar construindo com paciência e constância pontes que liguem o leste e o oeste”.

O presidente do episcopado recordou, ainda, que “a lembrança do dia 9 de novembro de 1989, unida aos eventos da Noite dos Cristais Quebrados de 1938, nos ensinam de modo inequívoco que os muros, sejam eles reais ou nas mentes das pessoas, não resolvem os problemas mas, pelo contrário, os criam”.

Histórico

Símbolo da divisão do mundo durante a Guerra Fria, o Muro de Berlim, que separava a cidade em um lado comunista e outro capitalista, acabou oferecendo em 1989 as imagens que marcaram o ápice do longo processo de estagnação e decadência do bloco soviético no Leste Europeu.

Construído em 1961 para evitar a emigração em massa de alemães orientais, o Muro foi derrubado no dia em que as autoridades comunistas alemãs permitiram as viagens a Berlim Ocidental, depois que a já combalida União Soviética deu sinais de que não ficaria no caminho das mudanças políticas nos países que durante meio século ficaram sob seu controle.

Em 1989, a abertura do Muro aconteceu depois de um anúncio improvisado feito por um alto funcionário comunista. Ao final de uma entrevista coletiva, o porta-voz da Comissão Política, Guenter Schabowski, disse que a Alemanha Oriental ia suspender as restrições às viagens através da sua fronteira com a Alemanha Ocidental.

Pressionado sobre quando a nova regra entraria em vigor, ele olhou para suas anotações e balbuciou: “Até onde eu sei, isso entra em vigor […] isso é imediatamente, sem demora”.

Schabowski disse depois que não sabia que a mudança não deveria ser anunciada até a manhã seguinte. Por essa razão, cidadãos da Berlim Oriental foram para as passagens de fronteira. Enfrentando grandes multidões e sem instruções dos superiores, os guardas de fronteira abriram as portas.

 

 

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