Matrimônio: “Sacramento que não se improvisa”, afirma o Papa
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 02-12-2019, Gaudium Press) Ainda no sábado 30 de novembro, o Papa Francisco recebeu na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 400 participantes de um curso de formação para a tutela do matrimônio e o cuidado pastoral dos casais feridos, organizado pelo Tribunal Apostólico da Rota Romana.
O curso aconteceu em Roma durante cinco dias e reuniu párocos, diáconos permanentes, casais e agentes da Pastoral da Família.
O encontro no Vaticano marcou o término do curso de formação, com “conteúdos teológicos e processos canônicos importantes para os casais e para a vida da Igreja hoje”, além de direcionar para temáticas “cruciais”, recdorodu o Pontífice.
O cuidado pastoral dos casais feridos, disse o Papa, não pode ser tratado com uma abordagem “burocrática, quase mecânica”, é preciso entrar na vida das pessoas, “que sofrem e que têm sede de serenidade”.
As feridas do Matrimônio
Francisco descreveu as atuais feridas do matrimônio que podem sangrar muito.
Essas feridas provêm de várias causas psicológicas, físicas, ambientais e culturais, além de serem provocadas “pelo fechamento do coração humano ao amor”, disse Francisco aos participantes.
O Papa disse também que a Igreja “jamais vai conseguir ignorá-las, virando o rosto para o outro lado”.
Acrescentou o Pontífice, que Igreja precisa “buscar sempre e somente o bem das pessoas feridas e a verdade do amor delas”:
” É por isso que a Igreja, quando encontra essas realidades de casais feridos, antes de tudo chora e sofre com eles; se aproxima com o óleo da consolação para aliviar e curar; ela quer carregar para si a dor que encontra.
E se, então, se esforça para ser imparcial e se propõe em buscar a verdade de um matrimônio destruído, a Igreja não é jamais estranha, nem humanamente, nem espiritualmente àqueles que sofrem.
Não consegue nunca ser impessoal ou fria diante a essas tristes e tribuladas histórias de vida.”
Exortação: viver num caminho de Fé e Santidade
Francisco exortou os agentes, juízes, testemunhas e partes envolvidas de cada causa eclesiástica que enfrentam um matrimônio ferido que confiem, antes de tudo, no Espírito Santo: “guiados por ele, podem escutar com critério justo”, sabendo examinar, discernir e julgar.
O matrimônio cristão, lembrou Francisco, deve ser vivido num caminho de fé, como “colunas da Igreja doméstica”:
” Mesmo que o matrimônio possa preencher os cônjuges cristãos de alegria e de plenitude humana e espiritual, eles não devem jamais esquecer que são chamados, como pessoas e como casais, a caminhar sempre na fé, a caminhar na Igreja e com a Igreja, a caminhar na vida da santidade.”
No matrimônio não há improvisação, há preparação
Segundo as palavras de Francisco, desse caminho no Espírito é que nasce “aquele precioso e indispensável ministério dos casais na Igreja”, tão necessário hoje.
Esse ministério tem origem no Sacramento, enalteceu o Papa, “uma conquista apostólica e missionária” que precisa ser nutrida pelos noivos através “da oração, com a Eucaristia e a Reconciliação, com a bondade sincera de um com o outro, com a dedicação aos irmãos que encontram”.
” Esse Sacramento não se improvisa. É necessário se preparar já como noivos.
Não é suficiente que os noivos cristãos se preparem a serem marido e mulher com uma boa integração psicológica, afetiva, de relacionamento e projetos, que também é necessária para a estabilidade da sua futura união.
Eles devem inclusive nutrir e intensificar progressivamente neles próprios aquela chamada específica para se moldar como marido e mulher cristãos.
Isso significa cultura, dentro da vocação cristão, a vocação particular para serem discípulos missionários como casais, testemunhas do Evangelho na vida familiar, de trabalho, social, lá onde o Senhor os chama.”
Comunidade de famílias
A Igreja, na sua estrutura paroquial, finalizou o Papa, “é concretamente uma comunidade de famílias”:
“É o Espírito Santo que trabalha nessa sinergia, e, assim, o Espírito Santo é invocado, também para esse processo apostólico, que não é fácil, mas não é impossível. Encorajo os Pastores, bispos e sacerdotes a promover, sustentar e acompanhar esse processo para que a Igreja se renove se transformando sempre mais numa rede de cobertura de comunidades de famílias, testemunhas e missionárias do Evangelho.”
(ARM)
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